No fim do mandato, Mário Gobbi abre o jogo sobre temas polêmicos no Corinthians
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Por Meu Timão
Mário Gobbi, atual presidente da Corinthians é constantemente alvo de críticas duras pela torcida, despede-se do mandato como o grande "vilão" da temporada 2014.
Embora na sua gestão o clube tenha vencido o Mundial e a Copa Libertadores, além de finalmente estreado sua nova Arena, Gobbi não leva os méritos. Para muitos torcedores, os bons resultados só foram conseguidos devido à gestão anterior de Sanches, e o presidente atual não foi perdoado pela queda de rendimento.
Com um 2013 abaixo do esperado, o dirigente optou por trazer de volta ao clube o treinador e amigo Mano Menezes. O técnico voltou ao Corinthians comprometido com uma renovação do elenco, mas teve pouco sucesso e fez uma temporada sem títulos.
De saída, porém, Gobbi se torna um pouco mais aberto, e em entrevista ao ex-corinthiano Zé Elias, e ao jornaista Gustavo Hoffman, ambos da ESPN, o presidente comentou os assuntos mais polêmicos de sua gestão.
Mano Menezes
O treinador sem dúvida é uma dos assuntos que mais aparecem na pauta do presidente. A volta de Mano foi bancada por Gobbi, que além de admirar o trabalho do treinador é amigo íntimo do gaúcho. As polêmicas já começaram na contratação, já que Mano acordou a volta ao Corinthians antes mesmo que o time informasse a não renovação de Tite.
Apesar disso, o presidente comentou que ainda acredita - e muito - no trabalho do treinador. E falou que vê seus elogios como um problema para Mano Menezes: "Cada vez que eu falo sobre o Mano, crio um problema para ele", afirmou, dando a entender que há ciúmes e intrigas sobre o tema no Parque São Jorge.
Política no clube
O presidente comentou os problemas políticos que rondam o Parque São Jorge, e falou especificamente da reforma estatutária que tentou orquestrar, mas que acabou barrada pelo conselho do clube.
Um dos itens da reforma era especialmente a respeito da data de eleições - Gobbi planejava antecipar o pleito para que o novo presidente pudesse assumir antes do início da temporada. Saiu derrotado e criticou a politicagem dentro do clube: "O Conselho do Corinthians jogou contra o Corinthians".
Mundial
A grande conquista do mandato Gobbi, o Mundial de clubes no Japão, também foi tema da entrevista. O presidente comentou a alegria de ganhar e falou sobre seu contato com Blatter e Platini na ocasião.
"Blatter deve ter me achado um louco. Fui petulante e irreverente, como se fossemos amigos - pus a mão no ombro dele e falei: o mundo ficou preto e branco". Sobrou também para Platini, e Gobbi em êxtase comentou: "Está olhando bem o estádio? Pode reencarnar 100mil vezes e nunca vai na sua vida um time assim trazer 50mil pra encher um estádio do outro lado do mundo".
Temporada 2015
Apesar dos rumores sobre a volta de Tite - por ser um nome praticamente unâmime entre todas as chapas, Gobbi confirmou que o Corinthians começa 2015 sem treinador. Gaspar, Sylvinho e Carille vão cuidar do time na pré-temporada, até que um novo presidente decida sobre o novo técnico.
Gobbi ainda deixou claro que - fosse sua gestão - manteria Mano Menezes no comando. Para ele, "não adianta mudar de técnico sem mudar a postura do clube", onde novamente deu entender insatisfação com a política no Corinthians.
Organizadas
Sobre as organizadas, Gobbi desviou da polêmica e distribuiu a culpa. Para ele, os cartolas são os mais culpados pela existência das torcidas uniformadas, que para ele são fruto de uma conjunção de fatores.
Perguntado pelo jornalista Gustavo Hoffman se a aproximação com os líderes e o diálogo com as organizadas não fortalece as agremiações, Gobbi foi categórico: "Não. Eles vieram aqui nesta sala e pediram a cabeça do treinador - e eu disse não. Sou eu quem conhece o time, o trabalho do treinador, a força do grupo. Temos que educar o torcedor: que critiquem, sou a favor da liberdade, mas temos que pensar na segurança - a forma como se faz é que ajuda a acirrar os ânimos".
Renovação de Guerrero
Sobre o maior ídolo do Corinthians atualmente, Gobbi prometeu a renovação. Ele reconhece a dificuldade no acordo já que o jogador se valorizou e atingiu um "patamar mais alto". O jogador vem sendo observado por times no Brasil e na Europa, que torcem para que não haja acordo.
Apesar disso, Gobbi prometeu: "Quero sair daqui com o contrato do Paolo resolvido. Vamos fazer todos os esforços. Paolo é meu xodó".
Pato por Jadson
Sobre o acordo com Pato com o São Paulo, o dirigente falou sem titubear: "Foi um bom negócio. Pato precisa jogar para que nós possamos vendê-lo - quero que ele jogue bem e marque gols no São Paulo, não posso perder dinheiro".
Sobre Jadson, ele ainda completou: "Foi uma boa contratação, e quero muito que Jadson marque gols aqui: o Jadson é do Corinthians e o Pato também é do Corinthians - quero valorizar o que é nosso".
STJD
Quando o tema foi o STJD, o dirigente não escapou de soltar um "vixe". Apesar disso, seu tom foi ponderado e garantiu não acreditar em "má fé" da entidade. Para ele, um dos problemas é o poder de mídia do Corinthians - segundo Gobbi o clube tem 60% da audiência do futebol brasileiro, e por isso está sempre em evidência.
Por outro lado, criticou a não profissionalização do órgão: "Essas pessoas não são funcionárias do Tribunal, e nem os procuradores são - eles tem a carreira deles e nas horas vagas eles vão trabalhar pro futebol. Eu acho que deveria se profissionalizar isso, abrir concurso e deixar de ter torcedor lá dentro - isso eu posso dizer que existe".
Calendário do Futebol
O calendário do futebol brasileiro é um dos temas de debate mais calorosos. Perguntados sobre o poder dos cartolas para pressionar a CBF, o dirigente fez a mea culpa.
Para ele, os dirigentes também não sabem o que fazer uma vez que a redução no calendário significa um problema de receita para os clubes. Para Gobbi, não há mágica: algum dos campeonatos deve sair: "As mudanças esbarram no regional, os times precisam jogar - é importante financeiramente. Eu defendo a tese que os grandes deviam entrar depois das oitavas. Mas em contraponto, você quebra o regional se o time grande não foi ao interior jogar".
Bom Senso F.C.
Apesar das desavenças com o ex-jogador Paulo André, Gobbi elogiou o movimento: "Eu apoiei o Bom Senso FC, apoiei o Paulo André e o Alessandro que eram do Bom Senso. O Paulo André me procurou pra dar satisfação - eu não deixei ele falar. Isso era um exercício de cidadania e era um direito dele. Mas o que eu disse à época foi pra ele ir com calma: "não se muda 30 anos em 30 dias".