O Meu Timão chamou e Ricardo Taves topou o desafio de escrever um texto antes do jogo contra o Once Caldas, amanhã, na Arena Corinthians. O ex-blogueiro alvinegro no globoesporte.com deixa o recado e celebra a oportunidade que a vida lhe deu de torcer para o Corinthians.

Salve o Corinthians

Não é um retorno. Aliás, tal qual um jogador quando fica afastado, demorei para recuperar o ritmo e ter, ao menos, as primeiras palavras desse texto. É um dia duro, de muita ansiedade. Não faço parte do grupo de radicais que desvaloriza a Libertadores como se fosse um campeonatinho qualquer, e também não me desespero por achar que é a única coisa que presta. Penso em todos os jogos como se fosse o último, e agora não é diferente. Contra o Once Caldas, na nossa nova casa, temos a oportunidade de sermos o que a vida nos proporcionou de melhor. A chance de com um grito, um abraço, uma lágrima ou um suspiro celebrar a maior das nossas paixões. Aqui é Corinthians, mano. E é isso que precisamos nos lembrar do começo ao fim.

Em dia que nasceu Basílio, qualquer homenagem é pouco. Em dia de Libertadores, sabemos que jogo é guerra. Contra os colombianos temos que dividir bem os papéis e saber que o que menos importa é o antes e o depois. Precisamos entregar tudo de nós nos 90 minutos.

Nenhuma novidade, mas de vez em quando é preciso chover no molhado.

Enquanto dentro de campo nossos jogadores precisarão de paciência para furar o bloqueio adversário, fora dele a torcida transformará a Arena Corinthians em um inferno. Ao mesmo tempo que Cássio, Fagner, Gil, Felipe, Fabio Santos, Ralf, Elias, Jadson, Renato Augusto, Sheik e Guerrero olharem ao redor e sentirem que são apenas onze privilegiados representando o amor de 30 milhões, os jogadores de Once Caldas têm que desejar fervorosamente que o pesadelo acabe e pensar, talvez, em nunca mais voltar ali. Em Itaquera quem manda é o Corinthians. É preto no branco, pau dentro e pra cima deles.

Tive o privilégio de acompanhar a preparação desde o dia 16 de dezembro, data da chegada de Tite, até os últimos ajustes nas jogadas de bola parada, a pintura do gramado e alguns outros mínimos detalhes que envolvem o Corinthians e a engrenagem que trabalha para colocá-lo para jogar. Existe vontade, garra, paixão e profissionalismo. Temos raça, coração, técnica e tática. Não importa se estaremos levantando a segunda taça no dia 05 de agosto, essa preocupação tem que ser deixada para adiante. A atitude é de vitória, o pensamento é desejo puro, o comprometimento está em todos aqueles que estarão nos representando. Desde o goleiro que de vez em quando parece ter 20 metros de altura até o centroavante que deixa de lado qualquer assunto que envolva dinheiro e não tira o pé em nenhuma dividida. É Corinthians em estado puro.

Jamais, aconteça o que acontecer, perderei a fé e a ilusão que uma energia diferente, uma mágica alheia aos nossos olhos envolve o Corinthians em campo. É impossível acreditar em algo diferente. Quando a bola rolar, eu, você e os 40 mil na Arena e os milhões fora formarão uma corrente única e esse pensamento se juntará aos outros tantos milhões de "antis" que estão tão ou mais ansiosos que nós. Querem um novo Tolima.

E isso nos torna diferentes. Nós sempre desejamos apenas um novo dia de Corinthians. Um time que, não importa o momento que o futebol atravesse, não foge da origem. Do tombo do Tolima vieram Brasileiro, Libertadores, Mundial, Recopa e Libertadores. Cada um que riu sentiu na pele o que é a dura realidade de co-existir à sombra alvinegra.

Obrigado, Corinthians. Por mais essa chance de ser você.