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Torcida organizada do Corinthians vai a Brasília na MP do futebol

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Por Meu Timão

Gaviões da Fiel esteve presente na MP do futebol realizada no Distrito Federal

Gaviões da Fiel esteve presente na MP do futebol realizada no Distrito Federal

Reprodução Facebook

A Gaviões da Fiel, uma das principais torcidas organizadas do Corinthians, participou de uma audiência pública em Brasília que discute a atual gestão do futebol brasileiro. O objetivo do encontro foi promover o debate sobre a MP 671, também chamada de Medida Provisória do Futebol, que propõe o refinanciamento das dívidas dos clubes com o Governo Federal.

Um dos pontos mais criticados pela torcida organizada foi a "modernização" do esporte no Brasil. "Consideramos perigosa a confusão que se dá entre a modernização de gestão e responsabilidade fiscal, com a exclusão efetiva e definitiva do povo desfavorecido socialmente", diz a nota, que apresenta uma divisão para o preço dos ingressos em partidas de futebol.

"O ideal que propomos são estádios com setores populares que equivalham aos 50% da capacidade total. Esta seria uma forma certeira e precisa de garantir, por jogo, no mínimo metade da capacidade preenchida. E isso pode ser afirmado, fazendo uma rápida análise nos estádios do brasileirão. Os setores que inevitavelmente se esgotam, são justamente os de valores mais baixos", acrescenta o comunicado.

Além disso, o texto defende uma relação direta entre o preço dos ingressos e o salário mínimo no país. "Analisando friamente a situação dos trabalhadores, consideramos que o valor popular tem que estar ligado diretamente com o salário mínimo, e propomos o equivalente a 4% deste. É um valor que permitiria que um torcedor de baixa renda pudesse acompanhar seu time em seu estádio, junto à sua família".

Entre outros assuntos, a Gaviões da Fiel se opõe à venda de novos jogadores, a exemplo do que ocorreu com Matheus Cassini. Segundo a nota, "permitir o assédio de empresários à jovens ainda em formação, muitas vezes explorando a ignorância negociativa de seus familiares, é um aspecto que não traz benefícios nenhum aos clubes, torcedores e, até mesmo, jogadores", defende o comunicado.

Confira a nota emitida pela torcida

A diretoria dos Gaviões da Fiel, representada pelo presidente Diguinho , diretores e Anatorg, participaram nesta terça-feira (26) em Brasília, da audiência pública da MP 671 do futebol. Levamos nossas ideias e pautas que julgamos pertinentes para o futebol e a torcida como um todo.

Em tempos onde se discute os rumos e novos meios para o futebol brasileiro, os Gaviões da Fiel Torcida, entendendo seu papel de importante militante dentro do assunto, se mostra preocupado com a falta de comprometimento e conhecimento de alguns para debater a questão.

Embora entendamos que avanços sejam inevitáveis, consideramos perigosa a confusão que se dá entre a modernização de gestão e responsabilidade fiscal, com a exclusão efetiva e definitiva do povo desfavorecido socialmente.

Especialmente no Brasil, o futebol sempre teve um caráter além do esportivo, mostrando como sua essência real, um sentimento acolhedor que abraçava as grandes massas, tão desprovidas de cultura e lazer.

Prezando por essa essência, lamentamos que há anos ela tenha se perdido. No atual momento de debates, nos colocamos a disposição para discutirmos o que de fato pode ser sadio ou nocivo para o esporte bretão que tanto amamos, na opinião de representantes de torcedores.

Consideramos importante flertarmos, sempre que possível, com o meio termo entre o que pode ser benéfico para o clube e interessante para sua torcida.

Partindo desse princípio, aliado ao caráter inclusivo do futebol no Brasil, temos como ponto de partida a crítica às incansáveis, e por vezes infundadas, comparações do futebol brasileiro com o o europeu, por exemplo.

Não se deve comparar literalmente, sem uma análise mais cultural e lógica, duas situações tão opostas. Isso inclui não apenas os valores culturais de cada lugar, mas como também os impactos sociais e econômicos dos mesmos.

Portanto, antes de qualquer comparação do tipo, propomos comparações dentro do nosso próprio contexto. É importante analisarmos, acima de tudo, o fato das médias de público caírem na mesma proporção que sobem os valores médios dos ingressos.

Neste aspecto, podemos notar quantos estádios mais antigos tinham lotações mais expressivas do que os de hoje, em estádios muitas vezes maiores, e de uma modernidade ímpar.

E ainda neste cenário comparativo, é clara a diferença entre o perfil de torcedor que frequenta os estádios nos dias atuais e o que frequentava outrora.

Não achamos vantajosa a política de encarecimento dos ingressos, por mais que ela possa apresentar números de arrecadação que os dirigentes considerem satisfatórios.

A realidade dos novos estádios, chamados por arenas, é claramente trágica. Embora alguns apresentem valores de arrecadação gordos, as médias de públicos vão se firmando cada vez mais magros, refletindo um futebol caríssimo e pouco atraente.

Dentro do que acreditamos e defendemos, o ideal seriam estádios cheios, e que talvez mantivessem uma arrecadação próxima a estas que os clubes parecem buscar.
Posto isso, levantamos um primeiro ponto:

1) Até que ponto é realmente eficaz a lógica de estádios que priorizam setores mais caros?

Não concordamos com tal lógica, muito pelo contrário. Dentro do que acompanhamos do futebol, aliado ao que defendemos como verdade, o ideal que propomos são estádios com setores populares que equivalham aos 50% da capacidade total.

Esta seria uma forma certeira e precisa de garantir, por jogo, no mínimo metade da capacidade preenchida.

E isso pode ser afirmado, fazendo uma rápida análise nos estádios do brasileirão. Os setores que inevitavelmente se esgotam, são justamente os de valores mais baixos.

Na contra mão deste setores, estão os de valores mais elevados, que no geral são preenchidos apenas por torcedores agraciados com ingressos cortesias, devido a procura praticamente nula.

Assim dito, levantamos o segundo ponto:

2) Qual é a definição correta de preço popular?

Hoje, o termo tem sido usado para designar os setores mais baratos, porém discordamos completamente da forma como ele é usado gratuitamente.

Para nós, ingressos populares não são apenas os mais baratos, mas aqueles que se enquadrem dentro da realidade do trabalhador brasileiro.

Lembrando novamente o caráter de inclusão que o futebol historicamente desempenhou, acreditamos ser de suma importância que isto não se perca de vez.

Analisando friamente a situação dos trabalhadores, consideramos que o valor popular tem que estar ligado diretamente com o salário mínimo, e propomos o equivalente a 4% deste.

É um valor que permitiria que um torcedor de baixa renda pudesse acompanhar seu time em seu estádio, junto à sua família.

Qualquer coisa diferente disto, tem um papel completamente segregador, que acreditamos não caber em tempos em que se busca minimizar os impactos negativos do abismo social.

E, entendendo o aspecto emocional entre o futebol e seus torcedores, chegamos a um terceiro ponto:

3) A mercantilização irrestrita do futebol, trouxe benefícios para o mesmo?

Vemos sendo debatidos alguns aspectos interessantes, como responsabilizar dirigentes por dívidas assumidas em suas gestões, mas ao mesmo tempo, vemos com muita insegurança algumas outras medidas propostas.

O modelo de clube-empresa, adotado no exterior, não caberia dentro da realidade do futebol brasileiro. Acreditamos que o valor sentimental que permeia a relação entre os torcedores e seus clubes, cria um folclore cultural, que não cabe nas lógicas mercadológicas que têm sido impostas ao futebol.

Privatizar um clube, resultaria na busca insecável por resultados financeiros, e estes poderiam ultrapassar o respeito para com as tradições dos respectivos clubes.

Esta é uma proposta que, embora pareça interessante no âmbito financeiro, é extremamente perigosa no âmbito cultural.

Se hoje o futebol brasileiro já culmina num desinteresse lamentável, por parte da torcida, colocar um clube nas mãos de um investidor, poderia funcionar como o ato final.

Especialmente no Brasil, torcedores levam muito a sério suas tradições e histórias. Qualquer coisa que fugisse das mesmas, visando apenas a lucratividade, enfraqueceria ainda mais a relação de afeto e fidelidade entre os torcedores e seus clubes.

O mesmo já é notado no clamor por maiores chances para jogadores vindos das bases dos clubes. Com uma mercantilização que começa já na adolescência dos atletas, os jogadores que antes se formavam nos clubes para se tornarem ídolos dos mesmos, hoje tem uma identidade extremamente baixa com suas torcidas.

Isso porque, infelizmente, jogadores saem da base sem que o clube seja o principal detentor de seus direitos. O resultados são prodígios despontando como grandes jogadores, porém em clubes do exterior, pulando uma importante etapa de formação, que é a passagem pelo profissional de seus clubes e a construção da identidade com os torcedores brasileiros (o que culminaria em benefícios para a própria seleção, por exemplo).

Esta é uma crítica que envolve não apenas o lado emocional do torcedor, mas até mesmo o lado mecadológico do clube. Um jogador vindo da base, tem um poder de identificação com a torcida muito maior, que poderia resultar em boas ações de marketing, resultados positivos dentro de campo e, mais tarde, a valorização do mesmo.

Permitir o assédio de empresários à jovens ainda em formação, muitas vezes explorando a ignorância negociativa de seus familiares, é um aspecto que não traz benefícios nenhum aos clubes, torcedores e, até mesmo, jogadores. Ninguém, além dos empresários, se beneficia desta lógica, e somos completamente avessos a isso.

Sendo assim, concluímos que o debate se faz importante, inclusive, emergencial. Mas deixamos claro que o risco que o futebol brasileiro corre, está diretamente ligado a forma como este debate será conduzido, e as conclusões que eles podem levar.

Não se pode tratar o futebol apenas pelo seu lado financeiro, e ignorar que seu universo inclui pessoas apaixonadas por tudo que o envolve.

O Brasil tem um clubes ricos em tradições, culturas e importância mundial, e aspectos como estes não devem jamais ser colocados fora de pauta, para se levantar apenas um lado da problemática.

Nós, dos Gaviões da Fiel Torcida, acreditamos que há um caminho possível, que permita uma saúde econômica para os clubes, ao mesmo tempo que garanta o acesso de torcedores de diferentes classes sociais, mantendo viva a essência que sempre fez do Brasil, o país do futebol.

Este é o lado sentimental da questão, que nós, como grandes e apaixonados torcedores, entendemos tão bem. Mas pelo se for para traduzir para o lado mercadológico, vivemos um momento onde claramente há uma quebra entre a oferta e a procura.

Os estádios podem arrecadar milhões por partida, mas a energia das arquibancadas, a relação dos torcedores, e a emoção vivida entre as gerais e o gramado, de longe já não é a mesma dos tempos áureos do futebol brasileiro.

Que discutamos os diferentes aspectos que este debate proporciona, mas sem esquecermos jamais, que o Brasil sempre foi o país do futebol, bem antes dos cifrões tomarem conta dos noticiários.

Agradecemos o espaço, e reforçamos nossa total disposição para debatermos ampla e abertamente o futuro que aguarda nosso esporte bretão.

Gaviões da Fiel Torcida - Diretoria

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