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Mathieu Anduze: 'A história do Casuals é grande, não existe nada igual no mundo'

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Por Vinícius Silva*

Com a missão de achar patrocinadores para o Corinthian-Casuals, Mathieu (ao centro) contou sua experiência no xará inglês do Timão

Com a missão de achar patrocinadores para o Corinthian-Casuals, Mathieu (ao centro) contou sua experiência no 'xará inglês' do Timão

Arquivo Pessoal

Realizar um sonho de infância requer muita dedicação, esforço e – porque não – sorte. De um e-mail despretensioso, surgiu a oportunidade do brasileiro Mathieu Anduze aliar a competência profissional ao seu amor pelo Corinthians. Aos 21 anos de idade, o jovem estudante de marketing acumula boas histórias e experiências de vida.

A maior dela, talvez, foi a chance de relacionar-se com o “xará inglês” do Timão, o Corinthian-Casuals. No ano passado, Mathieu decidiu aperfeiçoar sua carreira e se mudou para Londres, Inglaterra. Em entrevista exclusiva ao Meu Timão, o corinthiano relembra sua trajetória na comunicação da equipe inglesa, o tour realizado no Brasil no início da temporada e as dificuldades atuais do clube que já foi considerado o "maior do mundo".

Confira a entrevista na íntegra

Meu Timão: A partir de qual momento você decidiu aliar o amor pelo Corinthians à sua profissão?

Mathieu: Sempre fui muito corinthiano. Quando eu tinha mais tempo e não trabalhava, ia praticamente a todos os jogos. Sempre fui obcecado pelo Corinthians, só que eu não tinha habilidade para ser jogador de futebol. Então eu comecei a estudar marketing, um jeito de juntar duas coisas que eu gosto bastante. Comecei a querer saber mais sobre futebol e decidi que iria para Londres fazer um curso sobre marketing esportivo. Acabei fechando também um estágio em uma agência que faz eventos esportivos para combater a obesidade no Reino Unido.

Como foi sua adaptação na Inglaterra?

Antes de ir para Londres, acabei passando na França porque minha família é de lá. Eu acabei nascendo aqui no Brasil, mas minhas raízes são todas francesas, meu nome é francês. E lá, visitava todos os estádios possíveis, meu objetivo sempre era ver se havia um estádio para conhecer. Então comecei a me envolver com futebol e fui para Londres. Lá eu já tinha na minha cabeça que, por ser corinthiano e gostar de futebol, iria visitar o Corinthian-Casuals.

De que maneira você conseguiu a chance de trabalhar com o Casuals?

Eu estava no ônibus, voltando para minha casa do trabalho e pensei: “Porque que eu vou visitar? Vou tentar trabalhar, fazer um terceiro projeto ao mesmo tempo”. No ônibus mesmo, achei um e-mail no site deles e acabei mandando uma mensagem contando um pouco da minha história, explicando o que eu estava fazendo em Londres e deixei meu telefone pra contato. Esperei um, dois dias e nada... Aí no terceiro dia recebo uma mensagem me convidando para assistir um jogo lá. “Sensacional”, pensei. Os caras vão estar lá para me acompanhar, não estava esperando nada demais. Chegando lá, metade das pessoas sabia quem eu era e eu não entendia o porquê. Isso é uma coisa incrível, o jeito que a gente é acolhido. Corinthiano lá é irmão, todos da mesma família. Brasileiro que está lá, corinthiano que mora na Europa, quer sentir um pouquinho daquela coisa que você sente quando é corinthiano? Visitem lá. Você sente que as pessoas vão te proteger, é muito legal. Eu cheguei lá, repeti um pouquinho da minha história e eles falaram: "Beleza, trabalha com a gente então”. É fácil você falar “eu quero trabalhar”. Mas tinha que fazer para mostrar que você quer mesmo.

Você comentou que tinha outros projetos além do Casuals. Como conciliá-los?

Isso foi uma parte difícil pra mim, achar tempo. Eu estava fazendo duas coisas que consumiam dois terços do meu dia, então usava o outro terço para dormir. Usava... (risos). Tinha dia que eu acordava às 5h, pegava o ônibus para o sul de Londres, em Chelsea, para encontrar o Jay (Barrymore, representante do Casuals) e vender camisas do Corinthian-Casuals, isso das 6h até as 9h. Das 9h às 10h tomava um ônibus até o meu trabalho em Londres. De lá, seguia para a faculdade, que acabava umas 18h, e em diante trabalhava com o Casuals. Chegava em casa às 23h, mas era para isso que eu estava lá.

Quais os projetos que um estudante de marketing pôde acrescentar em clube como o Casuals?

Essa experiência foi incrível... Durante cinco meses, eu tentava trabalhar todos os dias com o Casuals, nem que fosse no meio do meu trabalho. Com isso, fui ganhando um pouco do meu espaço, a confiança e os resultados começaram a ser bons. A gente fez o site, começamos a vender camisas online, inclusive com tradução para o português. Antes deles virem ao Brasil, tive a ideia de fazer um evento brasileiro, mais ou menos no Natal. Um evento para brasileiros e, principalmente, corinthianos se sentirem em casa no Natal. Fizemos uma feijoada e não gastamos um centavo. Por exemplo, tudo que a mulher que fez a feijoada arrecadasse, era dela. Teve feijoada, uma banda de música brasileira e um iPod com som do Brasil. Mas o mais importante era ter corinthiano, porque assim teria o sentimento de estar em casa.

E qual foi o resultado? Outra invasão corinthiana?

A organização foi demais, a gente entrou em quatro jornais brasileiros na Inglaterra. A gente teve um sistema de compra de ingressos, veio bastante gente apesar do frio. O Corinthian-Casuals tem isso em mente, fazer esse evento para juntar mais corinthiano. No fim, a Band (emissora de televisão) cobriu o evento para passar no “Os Donos da Bola”. O Casuals é isso, é uma oportunidade de exposição que as pessoas sentem que é arriscado, mas não deveriam. A gente trouxe uma mulher para fazer uma feijoada, uma banda para tocar um pagode e um iPod para tocar música, vieram 100 corinthianos, a Band para cobrir e saímos em quatro jornais. Essa é a dimensão, é isso que as pessoas têm que saber. Se, de fato, a gente acabar fazendo algo bem estruturado, que é o que temos em mente, dá para chamar muita gente.

O que um patrocinador pode esperar de retorno ao investir no Casuals?

Uma exposição de marca altíssima, uma oportunidade incrível em um lugar inesperado, em Londres. O pessoal acha que a gente vai impactar só londrinos, mas não. Nosso público é estritamente brasileiro, nós nos importamos muito com nossos fãs britânicos, só que a nossa base de fãs realmente é brasileira. Só olhar para o nosso Facebook: de 150 mil likes, 147 mil são brasileiros, não tem como ignorar isso. Estamos procurando patrocinadores brasileiros que estejam interessados em aparecer no Brasil, só que estando em Londres.

Como foi retornar ao seu país e participar da organização do amistoso na Arena Corinthians?

Quando viemos para o Brasil, a cobertura que a gente recebeu foi impressionante. Aparecemos mais nos jornais naquela semana do que o Corinthians, saímos na capa do “O Estado de S.Paulo”. A gente ajudou a colocar 25 mil pessoas na Arena, é muita gente... O Casuals é grande, a história é muito grande. É isso que a gente sempre tenta valorizar, não existe nada igual no mundo.

Porque o clube não se manteve entre os principais da Inglaterra?

O Corinthian-Casuals já foi, literalmente, o melhor clube do mundo ao longo da história. Em 1910, quando vieram para o Brasil e inspiraram o Corinthians, eles ganhavam de todo mundo. Mas o futebol mudou muito. Os jogadores que estão lá jogam por amor, eles não ganham nada por opção porque o Casuals tem essa filosofia. Futebol não é um motivo de remuneração, futebol é uma arte. Isso não se vê mais.

Você tem algum projeto em curto prazo no clube?

Ainda não, a gente está procurando patrocinadores na verdade. Meu sonho, de realização no momento, é construir um estádio legal para eles. Não precisa ser grande, capacidade para duas mil pessoas, não precisa mais do que isso. Eles merecem, são pedaços da história do futebol. Hoje a estrutura não é tão legal. Há também um documentário que o Chris (Watney, diretor comercial) está fazendo sobre a história do Casuals e do Corinthians. Nesse próprio documentário conta como aconteceu (a temporada no Brasil), a organização. Só que também tem entrevistas com astros, como Joseph Blatter (presidente da FIFA) e Martin Tyler (narrador da série de games FIFA), o maior comentarista da história do país.

Atualmente você mora em Londres? Qual seu papel dentro do Casuals?

Voltei para o Brasil, ainda estou estudando. Concilio o Casuals junto com meu trabalho, um pouco como Londres. Sempre quando consigo e tenho tempo, vou atrás de oportunidades de patrocínio. Temos clientes, temos pessoas interessadas só que está difícil, o Brasil está numa situação complicada. Mas o importante é mostrar o valor que nós temos que é gigantesco. É uma oportunidade incrível, a empatia que o corinthiano tem com o Corinthian-Casuals é inigualável. Houve uma votação no Meu Timão para saber quem deveria fazer o primeiro jogo da Arena com o Corinthians. Tinha Barcelona (ESP), Real Madrid (ESP), Chelsea (ING), e o Casuals ganhou com 52% da votação, é incrível.

Com o sucesso da última vinda, vocês pretendem retornar?

A gente quer voltar para o Brasil, uma das nossas propostas envolve isso, a volta do Casuals ao Brasil. Só que para isso acontecer precisamos de apoio.

A exposição de possíveis patrocinadores aconteceria de qual forma?

A gente sabe muito bem o que eles estão pedindo. A transmissão de jogos ao vivo é uma delas, estamos tentando achar patrocinadores que transmitam alguns jogos, seria uma oportunidade incrível de colocar sua marca lá, uma pessoa que está patrocinando a transmissão do jogo Corinthian-Casuals teria uma audiência incrível. A gente fez pesquisas, a gente sabe o que elas querem. O investimento no Casuals volta em exposição de mídia, simples assim. Eu garanto, a pessoa faz um clipping (análise de mídia) depois para ver se valeu a pena. Quando viemos para o Brasil, o resultado foi incrível.

Por fim, qual o momento mais marcante de sua experiência profissional no Casuals?

A melhor parte foi quando viemos ao Brasil. Estávamos sem patrocinador e, dois dias antes do jogo, fomos no programa do Neto e eu tive que traduzir para os caras ao vivo (risos). Foi incrível, isso está no documentário. É só uma prévia, o que aconteceu depois vocês vão ver no documentário. O Chris ainda quer fechar algumas entrevistas com pessoas importantes e influentes no futebol. Quando você pensa que alguém que já falou com Blatter quer falar com mais gente influente... (risos). E está aí mais uma oportunidade de expor a marca dos patrocinadores, investir na história do futebol, nessa relíquia que é o Casuals e se envolver com a massa corinthiana de um jeito super diferente e de um jeito super pertinente ao mesmo tempo. É uma grande oportunidade e estamos abertos a conversas com todos.

*Colaborou sob supervisão de Mayara Munhoz

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