Universitário está preso no Rio apesar de provas de inocência; advogada sugere 'complô'
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Por Vinícius Souza
O universitário Leandro da Silva Coelho, de 23 anos, um dos torcedores do Corinthians acusados de participar da briga com policiais militares no estádio do Maracanã, no dia 23 de outubro, é o sexto a estar - comprovadamente - detido de forma injusta na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Bangu, no Rio de Janeiro.
Natural de Guarulhos-SP, Leandro estava na arquibancada destinada à Fiel naquela tarde de domingo. Entretanto, assim como ao menos outros cinco corinthianos cujas histórias foram contadas pelo Meu Timão, não teve envolvimento na confusão que marcou o empate por 2 a 2 entre Timão e Flamengo. Entre os seis detidos que apresentaram provas de inocência, apenas um, o jovem P.A., 16 anos, conseguiu ser solto na última semana.
O vídeo, enviado pela família, mostra Coelho (indicado pela seta amarela), de regata preta e careca, do lado oposto ao tumulto entre flamenguistas, corinthianos e policiais. As imagens, que têm duração de mais de quatro minutos e absolvem o estudante em relação à acusação, são usadas pela família no inquérito policial. O processo, contudo, permanece travado na Vara do Juizado Especial.
Em conversa com o Meu Timão por telefone, o pai de Leandro, Paulo Rogério Coelho, lamentou a situação do filho e criticou a forma como a questão é tratada pela Justiça do Rio de Janeiro. “Não dá pra descrever o que a gente sente aqui, não tem como, não consigo transformar em palavras o que sentimos. É um absurdo, um rapaz novo, com tudo pela frente, está estudando, terminando a faculdade, está caminhando aí na vida e acontece uma coisa dessas que, de repente, pode atrapalhar o resto da vida dele”, declarou.
Paulo pôde ver o filho na cadeia pela primeira vez só na semana passada. Para a advogada Luciana Telles, responsável pela defesa de Leandro, a inocência do estudante está comprovada desde a audiência de custódia, realizada dois dias após a briga, mas a Vara do Juizado Especial não tem “competência” para solucionar o problema.
“Se o Colégio Recursal não aceita meu recurso, é porque o Juizado Especial é incompetente, correto? Se, com a incompetência, meu cliente está preso, então ele está preso por conta de um juiz que não tem competência para decretar a prisão. Essa é a primeira embargação”, disparou.
“Eu já impetrei o habeas corpus logo após a audiência de custódia contra a decisão da juíza (Marcela Tavares). Isso foi há 30 dias. Até hoje o despacho liminar ainda não saiu”, questionou Telles. “Eu queria saber por que ela não deferiu ou indeferiu a liminar do meu cliente, considerando que eu já passei todos os vídeos para todos os juízes e promotores verem que ele está completamente destacado (fora da briga). Não é que o estou procurando e não acho, eu o acho longe da situação. Eu não entendo o complô que está acontecendo contra ele e contra outras pessoas que estão lá”.
A advogada também denuncia as circunstâncias a que Leandro está submetido em Bangu. “Todo mundo já tem ciência da situação do meu cliente, só que ninguém tem peito para soltá-lo. O meu cliente está em condição sub-humana. Todo e qualquer preso tem direito a visitação da família, kit básico de higiene, e ele não está tendo esse direito”, afirmou.
Vale destacar que, dos 30 torcedores ainda detidos, somente quatro foram identificados por reconhecimento de imagens. São eles: Kauã Gentil, Rogério Aparecido dos Santos, Anderson Zanqueta da Silva e Tiago de Lima. Os demais, acusados sob depoimento de quatro agentes do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), jamais tiveram o envolvimento comprovado.
Desde o episódio no Maracanã, o Meu Timão já divulgou provas que inocentam cinco corinthianos: Fabio Barbosa Tomé, de 39 anos, André Luis Tavares da Silva, 39, Gustavo Inocêncio Meira Rosário, 24, P.A., 16, e Victor Hugo Souza de Oliveira.