Jornalista chileno divulga momento de sua prisão na Arena Corinthians
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Por Meu Timão
A vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre a Universidad de Chile, na última quarta-feira, na Arena, ficou marcada por um episódio de violência na arquibancada. Uma pequena parte dos mais de mil torcedores chilenos presentes no estádio danificou assentos do setor visitante e foi repreendida pela Polícia Militar com golpes de cassetete. Um fato, em especial, chama atenção: a prisão autoritária de um jornalista que registrava o conflito.
Cristopher Antúnez, de 26 anos, foi à Arena Corinthians para trabalhar na cobertura da partida, válida pela abertura da primeira fase da Copa Sul-Americana. Vinculado à emissora Radio Universidad de Chile, o profissional assistia ao jogo do décimo andar do estádio, no qual estão situadas as cabines de imprensa.
O confronto entre torcedores e policiais na arquibancada visitante teve início antes de a bola rolar e prosseguiu durante o intervalo, quando a PM decidiu retirar os envolvidos do local. Cristopher, então, ao tomar conhecimento de que pessoas haviam sido feridas, deixou a área destinada à imprensa e deslocou-se à arquibancada Sul da Arena Corinthians. Foi quando o pesadelo começou.
Ao se aproximar do setor onde estava a torcida da Universidad de Chile, Antúnez foi abordado por agentes militares. O próprio profissional filmou a ação truculenta da PM e divulgou o conteúdo em suas redes sociais. Pelo vídeo (assista abaixo), é possível notar o exato momento em que o jornalista é intimidado e detido.
Gracias por tantos saludos y preocupación. 14 horas de terror que no se las doy a nadie. Sólo estaba haciendo mi trabajo.
— Cristopher Antúnez S (@AntunezSilva) 6 de abril de 2017
“Vamo (sic) junto! Você vai junto, você é testemunha, então vai comigo!”, bradou um policial a Cristopher. “Você vai na boa ou vai na porrada?! Você vai na boa? Então fica na manha!”, ordenou o PM.
Para Cristopher, que detalhou o ocorrido ao jornal Lance!, houve, de fato, abuso de autoridade por parte da polícia. “Todos os outros foram tratados como lixo, o pior do pior, as escórias. Como sabiam que eu era jornalista, não me pegaram tanto, mas os torcedores de La U, massacraram, realmente”, revelou.
O repórter e outras 25 pessoas foram encaminhados ao 24º DP, na Ponte Rasa, próximo do estádio. Do grupo, apenas dois foram liberados – Cristopher e uma mulher –, no início da tarde de quinta-feira. O restante, que responde por crimes de lesão corporal, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa, terá de pagar fiança e permanecer no Brasil até o término do processo.
A torcida do Corinthians passou por situação semelhante recentemente. Antes do jogo contra o Flamengo no Maracanã pelo Brasileirão 2016, torcedores do Timão entraram em confronto com a PM. 26 corinthianos, escolhidos por características físicas (barba, careca e excesso de peso), permaneceram detidos por quase três meses. O Meu Timão, vale lembrar, cobriu o caso e divulgou provas que inocentavam ao menos cinco pessoas, todas liberadas antes do veredito do juiz Marcello Rubioli, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos da Ilha do Governador.