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Léo Príncipe: 'Sou um menino que saiu da favela, cresceu longe da família e venceu no futebol'

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Nas últimas semanas, Léo Príncipe ficou sob os cuidados de médicos, fisioterapeutas e fisiologistas do Corinthians . O lateral-direito tem roupeiro, nutricionista, podólogo, massagista, segurança, psicólogo e treinador à sua disposição. Ele treina num CT moderno e joga no estádio que foi abertura de Copa do Mundo. Uma realidade que o jovem jamais imaginou quando jogava bola na favela do Vidigal.

Nascido e criado no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro do Vidigal, localizado entre dois dos bairros mais nobres da cidade (Leblon e São Conrado), Leonardo Peixoto Príncipe curte o presente sem esquecer do que viveu no passado. Aos 20 anos, reserva imediato do selecionável Fagner, Léo Príncipe terá a chance de vestir a camisa do Timão neste sábado, diante da Ponte Preta, pela 17ª vez.

E o fará com o mesmo orgulho que crianças e adolescentes que moram na favela do Vidigal sentem daquele garoto que aos 13 anos treinava no CFZ (clube de Zico), deixou pais e familiares para morar em São Paulo, e chegou à equipe profissional do clube mais popular do estado.

Léo Príncipe concedeu entrevista ao Meu Timão na tarde de quinta

Léo Príncipe concedeu entrevista ao Meu Timão na tarde de quinta

Meu Timão

Promovido após a saída de Edilson para o Grêmio, o lateral-direito iniciou sua trajetória na equipe principal do Corinthians durante o Brasileirão do ano passado, tendo no currículo um título de Copinha (2015), além da experiência de passar alguns meses no Oeste, na Série B, onde conheceu uma realidade diferente da atual. "Passei dificuldade, às vezes não tinha nem comida. Você faz uma boa partida em time pequeno e ninguém fala nada. A diferença de visibilidade é absurda".

Durante cerca de 20 minutos, Léo Príncipe revelou detalhes de sua passagem pela equipe de Itápolis, demonstrou não ter nenhum tipo de ambição de sair do Corinthians, falou das perspectivas da equipe no Brasileirão, contou sobre a relação com jogadores e membros da comissão técnica e, principalmente, da alegria de ter sido criado na favela de Vidigal e ser exemplo a tantas crianças e adolescentes da comunidade, onde pretende permanecer com seus pais para sempre.

Entrevista de Léo Príncipe ao Meu Timão

Como foi deixar o Rio de Janeiro para jogar no Corinthians?

Foi um baque essa mudança, sem dúvida. Sempre fui muito colado com minha família, fiz a base no Rio de Janeiro. Quando eu soube que viria para o Corinthians, eu me assustei um pouco: outro estado, longe dos meus pais. Mas eu consegui me adaptar bem, vivo tranquilo aqui (em São Paulo) e, nos profissionais, eu consigo trazer meus pais com mais frequência. Foi bem vantajoso vir.

Eles vêm a São Paulo com qual frequência?

Minha família vem umas duas vezes por mês, mas eles não largam o Rio de Janeiro por nada. Mas aqui em São Paulo tenho meus amigos, tenho toda a estrutura do clube, mas eles sempre vêm me ver. Eles moram no Vidigal. Meus pais moram lá, sempre que eu tenho uma folga eu procuro ir também. É lá que eu pretendo ficar o resto da minha vida, porque sempre fui muito feliz.

Acredita que as crianças e adolescente do Vidigal olham você como um espelho de vida?

Tenho certeza que sim. É difícil um menino da comunidade chegar aonde cheguei. Então, sempre que vou lá, me tratam bem, olham para você com um olhar diferente, querendo ser igual a mim. Eu procuro sempre ser um bom exemplo para eles. Eles me tratam com bastante parceria, a molecada mais nova me trata como ídolo. Sou um menino que saiu da favela, cresceu longe da família e venceu no futebol. Eu sempre espero estar junto deles. Contra o Fluminense (pela Copa do Brasil-16), mesmo sendo longe (Vidigal até Mesquita), alguns foram me ver no estádio mesmo com a chuva. Eles sempre me apoiaram, desde que quando eu treinava no CFZ (clube do Zico) com 13 anos, sempre disseram: 'Vai lá moleque, corre atrás porque você é bom'. Eu continuo com a amizade com todos eles, sempre me tratam igual. Toda criança tem de acreditar no sonho, independentemente de onde nasceu, tudo é no tempo de Deus. Basta ter muita fé.

Você veio ao Corinthians para atuar na base. E foi campeão da Copinha, em 2015. Como foi aquela decisão contra o Botafogo-SP?

Eu falo que foi um dos jogos mais emocionantes da minha vida, eu nunca tinha jogado com tanta gente. E ainda poder ser campeão, comemorar com a torcida, que cantou nosso nome... emocionante.

Léo Príncipe na Copinha de 2015. Sagrou-se campeão

Léo Príncipe na Copinha de 2015. Sagrou-se campeão

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Na sequência acabou sendo emprestado ao Oeste para a Série B. Como foi a experiência?

Ali é a realidade do futebol. Acho que 1% é o Corinthians, com essa estrutura toda. Eu sempre dei valor, mas ao sair eu pude ter certeza que aqui é o lugar que eu tenho que ficar, que eu tenho que almejar no futebol. Aqui temos nutricionista, CT, estádio, roupeiro... no Oeste passei dificuldade, às vezes não tinha nem comida. Mas sou muito grato ao Oeste, porque aprendi muito lá. Agora que estou no Corinthians é seguir a carreira.

Com a camisa do Oeste, na Arena Corinthians, pelo Paulistão-16

Com a camisa do Oeste, na Arena Corinthians, pelo Paulistão-16

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O que mais marcou durante sua passagem pelo Oeste?

Eu tive a chance de jogar contra um time grande, no caso o Corinthians. Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira, fiz uma boa partida, foi na Arena, e eu percebi uma coisa: você faz uma boa partida no time pequeno e ninguém fala nada. No Corinthians, você faz uma grande partida e já vira um grande jogador. Eu lembro de um lance no ataque, fiz um belo lance em cima do Lucca, mas o time jogava defensivamente e não deu em nada. Mas é um lance que eu sempre vou levar comigo como exemplo, porque fui pra cima do adversário. É o que mais marcou. Mas a diferença de visibilidade é absurda. Quero estar visível no futebol.

De volta ao Corinthians, após a saída do Edilson para o Grêmio, você teve chance de jogar no time profissional (em julho do ano passado). Mas o momento não era dos melhores...

A gente aprende muito com os erros dos outros. Eu passei pelo Oeste antes de vir ao profissional do Corinthians, sofri lá, fui rebaixado, cheguei num mau momento do clube. Mas eu tive tranquilidade, fiz minha parte. Sei que essa fase me ajudou a voltar, tive a chance de jogar no profissional.

E fez até um gol contra o Sport, dentro da Arena Corinthians...

Ali foi o auge da minha carreira. Fazer um gol com a camisa do Corinthians tão novo... quando eu penso numa coisa boa no futebol, eu penso nesse gol.

Festa após o gol contra o Sport, no BR-16. O único no profissional

Festa após o gol contra o Sport, no BR-16. O único no profissional

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

É muito diferente o dia a dia da base com o que você passou a viver no profissional?

Eu acredito que o jogo em si muda muito. A parte tática, com o Osmar Loss, já ajudava bastante a gente na base. Mas é totalmente diferente, muda muito. Base é diferente, passei pelo Oeste (emprestado), que é Série B, e também é diferente. No profissional do Corinthians também é outra coisa. Jogar num Corinthians a vida muda, é outra visibilidade. A experiência conta muita, saber a hora certa de agir, a força física. Isso diferencia os craques com os meninos que estão começando.

Acredita que a presença do Osmar Loss, que foi seu treinador na base, pode ajudá-lo? Como?

Ele (Loss) já conhece os jogadores, sabe os defeitos, as qualidades, então, com isso, ajuda muito a gente. Ele sabe ajudar a gente nessa transição. Mesmo o Fábio e toda sua comissão técnica sendo bastante abertos ao diálogo, tanto para dar conselho quanto esporro, o Loss pode ajudar muito mais por conhecer nós há tanto tempo.

São muitos jovens da base no elenco atual...

Isso prova que os meninos da base podem chegar ao profissional, só ter paciência. Não é fácil essa transição, mas é bom ter tantos amigos juntos, a gente consegue conversar sobre várias coisas, espero que possam vir mais e mais da base.

Como está sendo a convivência com os mais velhos?

Nosso time está leve, a gente vê isso no dia a dia. A confiança que passam para gente, poder entrar em campo nesse momento bom do clube é importante para quem está subindo da base. Esse grupo está muito unido, está todo mundo tranquilo. Não há nada que possa abalar essa relação. A gente chegar para falar com mais velhos, como Jô, é normal. Não pega nada para gente. Os dois (Balbuena e Pablo) são experientes e sempre orientam os laterais, é uma linha de quatro (defensores), que precisa ser sempre certa. Qualquer erro ali pode causar algo.

Léo Príncipe em seu último jogo, no Chile

No último jogo, no Chile, antes de sofrer lesão muscular


Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Você voltará a jogar neste sábado após um longo período. Como foi ficar esse tempo todo parado devido à lesão muscular na coxa?

Foi um momento muito difícil, até porque nunca tive uma lesão tão séria assim. Estava fazendo uma boa partida (no Chile), fiquei bem chateado, mas jogador é assim: tem de passar por cima. Terei agora uma nova oportunidade. Nós que somos mais novos temos poucas chances de atuar, quando tem uma brecha a gente se prepara bem. Mas, com a lesão, fiquei fora e bastante chateado.

A Europa está nos seus planos?

Eu sou um menino que não tenho pressa para nada na vida. Nunca tive pressa para chegar ao profissional, para nada. Eu gosto de ter o Fagner como titular, posso aprender. Já faz um ano e pouco que estou aqui (nos profissionais), eu só tenho aprendido. Quem sabe, um dia, posso ser titular.

Léo Príncipe e Fagner, os dois laterais direitos do Timão

Léo Príncipe e Fagner, os dois laterais direitos do Timão

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Qual recado você daria aos torcedores do Corinthians, que vêem a equipe na liderança do Brasileiro?

Para nação corintiana, que saiba que será um ano maravilhoso para gente. Em relação ao Léo Príncipe, o que eu posso prometer é muita raça, é o que me fez chegar ao profissional. Espero dar muita alegria à torcida do Corinthians.

Veja mais em: Léo Príncipe e Campeonato Brasileiro.

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