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Apenas dois titulares com problemas médicos em 13 rodadas: preparador físico do Corinthians explica

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Walmir Cruz, preparador físico, com Fábio Carille no CT

Walmir Cruz, preparador físico, com Fábio Carille no CT

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Pablo sentiu dores por uma fibrose antiga na coxa direita na primeira rodada do Brasileirão, contra a Chapecoense. Sem lesão, ficou fora apenas um jogo e retornou à equipe. Na terceira rodada, contra o Vitória, Balbuena teve lesão no músculo posterior da coxa direita e ficou ausente por três jogos. Nesta sexta-feira, o clube divulga se Pablo teve algum tipo de lesão na coxa direita durante o segundo tempo do Dérbi ou se foi apenas um susto. Dois jogadores, três casos. E nada mais.

Um dos segredos da campanha histórica do Corinthians no Brasileiro deste ano é o entrosamento dos 11 titulares. Segredo esse que passa por duas situações: poucos cartões amarelos, que faz com que poucos jogadores tenham de cumprir suspensão e, principalmente, pela parte física dos atletas, que evita que a equipe tenha grandes desfalques.

Essa única lesão nas últimas sete semanas - ainda sem o diagnóstico de Pablo -, fez com que a reportagem do Meu Timão buscasse entender o processo e os cuidados da comissão técnica com o elenco. Para isso, conversou com o preparador físico Walmir Cruz, que explicou tudo que é feito nos bastidores do CT Joaquim Grava para que o número de lesões seja baixo neste Brasileirão.

Walmir Cruz e o grupo na parte interna do CT do Timão

Walmir Cruz e o grupo na parte interna do CT do Timão

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Confira a entrevista exclusiva com Walmir Cruz

Meu Timão - Por que tão poucas lesões nas últimas semanas?

Walmir Cruz - É muito pelo trabalho que fazemos dentro e fora de campo. É o trabalho no bastidor, aquele que torcida e jornalista não conseguem ver porque fazemos internamente, de força e potência. Aí, depois, fazemos em campo como se fosse uma transferência. Então, essa questão de o jogador adquirir força e potência, mais os trabalhos preventivos e corretivos, isso ajuda bastante. O jogador vai ter mais mobilidade, a musculatura vai estar muito preparada para o esforço nos jogos. O futebol hoje exige que a parte física seja apurada, então, a gente conseguiu achar um ponto de equilíbrio nas partes técnica, tática e física através dos resultados.

Para um leigo entender: como é o trabalho preventivo para que não seja necessário remediar depois?

Fazemos algumas avaliações e, por meio delas, a gente detecta a dificuldade do atleta. Às vezes, pouca mobilidade. Às vezes, falta de estabilidade na região do core (barriga). A gente sabe que não é fazendo musculação numa cadeira flexora que fortalecerá o posterior da coxa para não ter lesão. E, sim, trabalhar a cadeira muscular, inserindo o glúteo médio, onde a origem da lesão geralmente se dá. Com todos esses estudos a gente consegue desenvolver, fazendo exercícios antes dos atletas irem para o campo. Todos têm prescrito, isso serve como um pré-aquecimento. Nossos aquecimentos não são longos, têm dez, 15 minutos. Esses exercícios antes do treino servem de aditivo, dão confiança.

Além dos exercício, há exames também para a prevenção de lesões?

A gente utiliza, normalmente, o exame de CK (creatina-quinase) que é feito numa enzima do nosso organismo. A análise é pra ver se essa enzima está alta. Ou seja, quando o atleta joga, no dia seguinte o CK está alto. A gente compara o nível normal dele, sem esforço, com o CK após o esforço. Se tiver alto, a gente segura um pouco, não faz um treino com tanta intensidade. Mas ele continua treinando, não tiramos. Depois essa avaliação é repetida para ver se voltou ao nível normal para ele ir para o jogo. O Cifut (Centro de Inteligência do Futebol do Corinthians) nos passa a minutagem, as ações de média, alta e baixa que ele utilizou no campo... tudo é um estudo. Informações que vêm da fisiologia, do Cifut, tudo para a gente ter um denominador comum. A gente prefere tirar o atleta de um jogo do que perdê-lo por cinco. Isso é prevenção.

Contra o Patriotas, na Colômbia, alguns foram preservados devido à sequência de jogos. Como esse trabalho de prevenção é feito? É individual ou por grupos?

Em cima de todas essas informações que são passadas, a gente estuda caso a caso. Em junho tivemos mais jogos de domingo e domingo. Esse período nos serviu para fazermos vários ajustes. Ou deixa o atleta um tempo maior em recuperação ou aquele que está necessitando de trabalho de potência e força, ao invés de fazer uma sessão, fazemos duas. O Arana, o Maycon, o Gabriel, o Jô... por eles terem acumulado jogos em sequência, optamos por deixá-los no Brasil devido ao desgaste da viagem até a Colômbia.

Como trabalhar no dia a dia com titulares, reservas e aqueles que nem sequer são relacionados?

É um trabalho minucioso. Temos o G1, quem joga. O G2, quem vai para o banco. E o G3, que não é relacionado. Há uma diferença, principalmente no segundo grupo. Você precisa preservar o atleta, ele vai no banco, precisa entrar e dar conta do recado. Se ele não entra, perde o dia (do jogo). Temos um mapeamento com GPS, que é feito pelo Fedatto (fisiologista). Em nossas reuniões, estudamos os três grupos, tudo que foi feito para eles, o que pode ser melhorado. Temos atenção especial ao G2 e G3, que ficam por aqui. Para que eles aumentem a distância percorrida durante a semana, como a intensidade do jogo. O Fábio (Carille) sempre fala que treinamos todos com a mesma ideia de jogo. Os atletas que estão entrando têm correspondido. Não adianta deixar alguém de lado porque, quando precisar, ele não estará pronto. Essa é a nossa preocupação.

Walmir Cruz, Fábio Carille e o auxiliar-técnico Leandro da Silva

Walmir Cruz, Fábio Carille e o auxiliar-técnico Leandro da Silva

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Dos 43 jogos no ano, Jô foi titular em 37. Dos últimos 20, foi titular em 19 (fora contra o Patriotas). Questionado se aguentaria tantos jogos se não tivesse se cuidando fora de campo, ele respondeu: "Com certeza, não". O que esse extracampo do atleta ajuda ou atrapalha o trabalho de vocês?

O Jô é um exemplo vivo. Ele passou para o outro lado (de não se cuidar) e viu que, agora, ele se cuidando, com a idade que ele está (29 anos) está rendendo bem. Ele chegou ao Corinthians com um tempo de inatividade, acima do peso, ele se conscientizou que precisaria se cuidar na parte física porque já tinha abusado quando era mais jovem, quando o organismo responde de outra maneira. O Jô ganhou força, potência, é um dos atletas mais rápidos que temos no elenco... é bom porque esse exemplo de vida pode ser mostrado aos outros. Ele se cuidando lá fora, o rendimento é alto. E a garotada está seguindo isso.

E os jovens do elenco? Como segurar o ímpeto daqueles que subiram recentemente da base?

A gente tem os líderes, que seriam Jô, Jadson, Fagner, Cássio... que são centrados e ajudam essa garotada. Jogar num time grande, com a dimensão do Corinthians, estar na mídia, tem convite para sair a todo mundo... é difícil. Uma hora ou outra você dá uma escapada. A gente sempre fala: tudo que é excesso não é o ideal. A pessoa que come muito, que bebe muito, que não dorme ou que faz estripulia na rua, depois, sofre as consequências. O garoto quando tem 20, 21, 22 anos, ele não sente tanto. O metabolismo está acelerado. Aí a gente orienta os exemplos que temos no próprio elenco, mostrando que é preciso ter a cabeça no lugar, que a vida de um atleta profissional é muito curto. A qualidade que temos aqui, centrado, certamente terá um grande futuro.

Como preparador físico, dentro dos 90 minutos, o que dá satisfação durante um jogo?

Primeiro é quando a gente ganha. Depois, o time está correndo até o final, o tempo todo. Tem declarações de profissionais de outros clubes - Jair Ventura, do Botafogo, foi um deles -, que nos deixam muito felizes. Isso valoriza. O Corinthians recuperou aquele D.N.A dele de correr os 90 minutos, de não desistir até o fim. As equipes sabem que somos fortes, organizados e compactos.

Elenco do Corinthians na parte interna do CT

Elenco do Corinthians na parte interna do CT

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Quantos trabalham no CT? Daqueles que ajudam a colocar a bola para dentro, mas ninguém vê...

Pelo menos 20 pessoas. Na parte física somos em quatro, são quatro fisioterapeutas, três massagistas, dois médicos, fisiologistas, a nutricionista, que é muito importante. Todo mundo fazendo sua parte bem feita, os resultados vêm. Essas reuniões periódicas dão um planejamento antes de os atletas irem para o campo treinar. As outras equipes podem seguir nosso trabalho, não escondemos nada de ninguém. O crescimento se dá pela abertura que ele tem, do conhecimento que adquire de novas tendências, se atualizando. Nós só temos a evoluir. A gente não esconde, ao contrário. Estamos de peito aberto para ajudar quem for.

Veja mais em: Departamento Médico, Fábio Carille e Elenco do Corinthians.

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