Perigo, perigo!
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Enquanto acompanhava o Corinthians esbaforido no empate com o Noroeste, uma expressão cutucava minha cabeça. "Perigo! perigo!", eu repetia, mentalmente, à medida que o tempo passava e a apreensão se expandia pelo Pacaembu, no abafado final de tarde de domingo. O alerta do robô de Perdidos no Espaço, seriado que encantou a moçada nos anos 1960 e ainda hoje tem repeteco em algum canal a cabo, é atual e se aplica ao time de Tite. Senão para o Campeonato Paulista - afinal, oito terão vaga na próxima fase -, pelo menos para os duelos com o Deportes Tolima, pela pré-Libertadores. O primeiro será depois de amanhã, em São Paulo, e o jogo de volta está marcado para o dia 2, no campo rival.
A equipe colombiana é de botar medo? Claro que não. Mas o futebol que o Corinthians mostrou, nas últimas duas partidas pelo torneio doméstico, parece pouco confiável. A preocupação vem daí e não da Colômbia. Depois da estreia muito boa diante da Lusa, no domingo (2 a 0), a turma de Ronaldo e Roberto Carlos emperrou contra o Bragantino e o Noroeste, no duplo 1 a 1.
A atenuante do pessoal alvinegro faz sentido - é começo de temporada, o fôlego falta, o preparo físico continua aquém do ideal. Isso a gente sabe de outros temporais. No Paulistão o regulamento compensa as derrapadas e os corintianos só ficarão fora das quartas de final se tiverem incompetência histórica. O mesmo não se aplica à Libertadores. São dois joguinhos, e fim de conversa. Vaciladas semelhantes às destes dias podem comprometer o ano desde a largada. Seria um golpe para quem espera as alegrias que faltaram no centenário.
O bom tira-gosto da semana passada faltou em Bragança e esteve ausente também ontem. O Corinthians apenas ensaiou dominar o Noroeste, sobretudo no primeiro tempo, quando contou com movimentação intensa de Jorge Henrique e Dentinho, além de arrancadas de Roberto Carlos, Moacir e às vezes Jucilei. Dessa forma, ficou em vantagem e deu a impressão de que se livraria do sparring sem muita dificuldade.
O roteiro mudou de figura na etapa final, em que mais uma vez a queda de desempenho prevaleceu. Bruno César, discreto no começou, sumiu. Ronaldo de novo não jogou nada. Jorge Henrique e Dentinho cansaram, a defesa ficou exposta e vulnerável. Para complicar, até Roberto Carlos entrou na dança - por falha sua, no meio do campo, nasceu a jogada do gol de empate.
Epa, nem por isso o lateral deixa de ter méritos! Muito menos deve ser sacrificado. Grandes jogadores também cometem enormes bobagens. Ainda assim, não diminuem o valor de suas biografias. No sábado, o goleiro Rogério Ceni, símbolo do São Paulo, espalmou errado um chute e entregou a bola de bandeja para o gol da vitória da Ponte Preta. E não é menos ídolo dos tricolores.
O Corinthians não viu mais dois pontos irem para o ralo por um lance desastroso. Não venceu porque lhe faltaram concentração, pulmões, pernas. E porque está a vacilar também do ponto de vista tático. A redenção, espero, deve começar a partir de quarta.
Enviado por: Gabriel Silva