Talento para sumir: jovem atacante deve deixar Corinthians após confusões
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Revelação do Corinthians na Copa São Paulo de 2011, o atacante Jô, de 19 anos, leva consigo um histórico de gols e problemas. Apesar do destaque dentro das quatro linhas, que lhe rendeu a promoção ao time profissional, complicações fora de campo podem decretar o fim de sua curta passagem pelo clube.
Desde sua chegada à base do Timão, Jô apresenta problemas de insubordinação e não consegue se adaptar à vida de jogador. Enquanto despontava como um dos melhores jogadores da base corintiana nos últimos anos, destacava-se também pelos desaparecimentos de concentrações e recorrentes ausências às sessões de treino.
Coincidência ou não, Jô é irmão mais novo do zagueiro e lateral Mário Fernandes, que ficou famoso no início de 2009 também por um sumiço. Na ocasião, o defensor ficou cinco dias desaparecido logo após se transferir do São Caetano para o Grêmio. A polícia foi acionada e o caso ganhou repercussão. Cinco dias depois, Mário foi encontrado em Jundiaí, a 60 quilômetros de São Paulo, e foi descoberto que o sumiço havia sido proposital, desencadeado por fatores emocionais. Depois disso, o Grêmio e o empresário do jogador, Jorge Machado, dedicaram atenção especial ao jogador, para prevenir que um novo caso como o do sumiço voltasse a acontecer e para que o jovem se sentisse bem em seu novo lar.
Recentemente, já no profissional, um novo problema fez com que a diretoria corintiana perdesse as esperanças no bom valor revelado no clube: um desentendimento com Joaquim Grava, consultor médico do clube e um dos idealizadores do centro de treinamento do clube, na Rodovia Ayrton Senna.
Contrariado por ser impedido de participar da partida contra o São Bernardo, em 30 de janeiro, pelo Paulistão, por conta de uma lesão no menisco do joelho direito - que passou por uma cirurgia há cerca de seis meses -, Jô, sem saber por quem estava sendo consultado, desentendeu-se com Grava. O jovem jogador não concordou com a avaliação médica, e insistiu para que fosse liberado para a partida. A discussão, no entanto, acabou sendo ríspida. Agora, o jovem diz ter perdido a vontade de jogar pelo Timão.
– Estou esperando meu empresário resolver a minha situação. Não tenho vontade de voltar – revelou o atacante, em entrevista ao LANCENET!.
Desde então, Jô está de férias, e passou os últimos dias em Porto Alegre, com o irmão. O clube havia imposto um prazo de retorno para após o Carnaval, mas acabou prolongando o recesso. O jogador voltou ontem para São Paulo, mas acredita que não será bem recebido de volta no Corinthians. Jô afirma já ter recebido propostas para disputar a Série B deste ano. Nos próximos dias, a diretoria do Corinthians decidirá se tenta mantê-lo até o fim de seu contrato, em outubro, ou se facilita o desligamento do atacante.
As idas e vindas do garoto
Sumiços
Desde que chegou às categorias de base do Timão, há dois anos, Jô tem problemas para se adaptar à rotina de atleta profis-sional. Funcionários do clube contam que, em quase dez ocasiões, o atacante sumiu da concentração e ficou sem dar notícias durante alguns dias, até ser con-vencido a voltar ao clube. Algumas vezes, chegou a desaparecer em vésperas de jogos, mas voltou, jogou bem e fez gols.
Falta de motivação
Cabisbaixo durante alguns treinos, ele costuma sofrer com a falta de motivação. Tem de ser elogiado frequentemente para continuar jogando futebol em bom nível. Para quem o acompanha, um dos problemas é sua autocrítica. O atacante se culpa por erros durante as partidas e precisa ter atenção especial para conseguir manter a atenção e a motivação no decorrer das partidas.
Arrependimento
Após os desaparecimentos, o sentimento de Jô é sempre o mesmo na volta: culpa pelo erro e vergonha por ter de encarar os colegas de clube no dia seguinte à fuga da concentração e às ausências nas sessões de treino. A diretoria do clube já cogitou rescindir o contrato, mas mantém a aposta porque o garoto tem talento e porque reconhece que ele precisa de cuidados especiais.
Bate-Bola
Jô, atacante do Corinthians
LANCENET!: Por que você não se reapresentou na data marcada? O clube liberou?
JÔ: Estou esperando meu empresário resolver. Eu não voltei, não tive comunicação alguma com o clube depois, meu empresário ficou de conversar com o presidente (do Corinthians, Andrés Sanchez) e disse que já teria a definição. Ainda não sei se vão liberar.
L!: Se o clube liberar, você já tem destino definido?
J: Sim. Aqui mesmo no Brasil, para jogar a Série B.
L!: E se o Corinthians não liberar neste momento? Voltaria para a base?
J: Voltar para a base eu não quero, não. Não sei se vão me mandar para a base ou para o profissional, mas lá tem bastante atacante também, né? Tem Liedson.
L!: Mas com a aposentadoria do Ronaldo não tem ninguém de área. Não é uma boa oportunidade?
J: É, eu poderia até batalhar, mas teriam de mudar algumas coisas lá.
Fonte: Lancenet
Enviado por: Matheus Vieira