Em entrevista, Martínez explica sua escolha em jogar no Corinthians
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Ao acertar o contrato com o Corinthians, Juan Manuel ‘El Burrito’ Martínez pegou referências com um companheiro de Vélez Sarsfield, o zagueiro Sebastián Dominguez, que atuou no Timão ao lado de Tevez e Mascherano em 2005. “Ele me disse que é a maior equipe do Brasil”, falou Martínez, em entrevista exclusiva ao Estado.
E agora o atacante quer brilhar com a camisa alvinegra. Ele evita comparações com Tevez e também o lugar-comum de que brasileiro gosta de jogador argentino porque é mais aguerrido. “De nada serve ser aguerrido se não jogar bem. Futebol se joga dentro do campo.” Leia a entrevista com o jogador, que espera chance no time titular de Tite domingo, contra o São Paulo:
Você é muito identificado com o Vélez Sarsfield e já disse que um dia gostaria de voltar ao clube. Como está sendo essa fase de adaptação no Corinthians?
Estou muito feliz aqui e creio que dia após dia vou me sentir mais cômodo, tanto dentro quanto fora do campo.
Quais foram suas primeiras impressões do Corinthians?
Eu já conhecia o Corinthians porque é uma grande equipe, em que jogaram vários argentinos e um deles é meu amigo, o Sebastián Domingues. Ele me falou como é o Corinthians. Aqui jogaram Tevez e Mascherano e o clube é conhecido em grande parte por isso.
O que o Sebá lhe disse sobre o Corinthians?
Ele me disse que é a maior equipe do Brasil, que São Paulo é uma cidade grande, que o time tem muita torcida, e que quando eu chegasse aqui iria me dar conta do que é jogar na maior equipe do Brasil.
Muitas pessoas comparam o Corinthians com o Boca Juniors. O que acha disso?
Creio que são clubes distintos. O Corinthians é a maior equipe, uma das maiores do Brasil. Na Argentina, o Boca tem o River. Em quantidade de torcedores também são diferentes, por causa do tamanho do Brasil. Nos torneios internacionais o Boca tem uma diferença em relação ao Corinthians pela quantidade de títulos, como nas Copas Libertadores. Nisso também se diferencia do River, que é uma equipe grande da Argentina, que ganha mais torneios locais. São duas histórias distintas.
E em relação ao Vélez, seu antigo clube, há alguma comparação com o Corinthians?
Não, são totalmente distintos quanto à torcida. O que se parece muito é o complexo de treinamento, nisso o Corinthians se parece muito com o Vélez.
Mas o modo como as equipes estão jogando, do ponto de vista tático, é similar, não?
A maneira de jogar é similar, não igual, mas tem uma ideia muito parecida com a do técnico Tite, que é o 4-2-3-1. Jogamos igual, mas, claro, os companheiros são outros. Então tudo vai mudando de acordo com os companheiros.
Você interessava ao Santos, ao Flamengo e a times da Europa , como Valencia e Genoa. Por que optou pelo Corinthians?
Sim, havia várias equipes e de diferentes mercados. Mas optei pelo Corinthians pela proximidade da Argentina, pelo momento do clube, campeão da Libertadores. Estar numa grande equipe e perto da família me influenciou.
O Santos chegou perto...
Falamos com o vice-presidente do Santos, mas eu disse que estava falando com gente do Corinthians e que depois lhe dava uma
resposta. E dei: disse que não, que ia para o Corinthians.
Você teme comparações com Tevez?
Não temo, cada um faz seu caminho, sua história. Quero fazer o meu caminho aqui e que as coisas saiam da melhor maneira para o Corinthians e para mim e também com a torcida.
Tevez ganhou a torcida pela maneira aguerrida de jogar, que é uma característica do jogador argentino. Concorda com isso?
É uma característica do argentino ser aguerrido, mas o mais importante é jogar. De nada serve ser aguerrido se não jogar bem. Futebol é dentro de campo.
Quais são as principais diferenças entre o futebol argentino e o brasileiro?
Os estádios são maiores aqui. O contato físico na Argentina é maior, aqui marcam muito jogo de corpo. Na Argentina, para que te marquem uma falta tem de ser forte, lá se marca menos falta. Para mim aqui é melhor (risos).
Gostou de jogar no Pacaembu e ver a torcida do Corinthians?
É muito lindo e é sempre melhor começar como titular, como foi contra o Inter. Senti muito o carinho da torcida, e isso é muito importante para o jogador.
Você marcou um gol contra o Santos, mas o Corinthians perdeu o clássico. Não deve ter sido tão bom assim o primeiro gol...
Do lado pessoal foi bom, porque pude fazer meu primeiro gol pelo Corinthians. Mas não serviu muito, porque perdemos. Mas a equipe jogou bem e mereceu ganhar, mas por uma série de erros da arbitragem acabamos perdendo. Mas é do futebol: um dia se equivocam contra você, outro dia a seu favor.
Qual sua opinião sobre Neymar?
É um grande jogador. Quando jogou contra mim no Vélez nós o neutralizamos muito bem, mas é um jogador que faz a diferença.
Vai a campo contra o São Paulo?
Não sei, tenho de trabalhar esta semana para ser titular ou para ficar no banco. Penso em fazer o melhor para a equipe.
Quando crê que será titular?
Tem de perguntar a ele (Tite) (risos).
A posição na qual você vem jogando é parecida com a que jogava no Vélez?
É muito similar, mas creio que o meu rendimento ainda será melhor e vou me adaptar mais rápido.
Quando começaram a chamar você de Burrito, em alusão ao ex-jogador Ortega?
Começou quando eu jogava na base do Vélez, com 13 anos, faz muito tempo. Que te comparem com um jogador tão importante quanto Ortega é lindo.
O que pensa de disputar o Mundial de Clubes?
Estamos nos preparando para ganhar todas as partidas do Brasileirão e, quando chegar o Mundial, em ganhar a primeira partida para passar à outra fase, sabendo que é muito difícil. O time mostrou isso na Libertadores, sendo campeão invicto.
Sonha em voltar a defender a seleção argentina?
Essa é minha ideia, jogar bem no Corinthians para voltar à seleção.
Na Copa do Mundo?
Como disse, é essa a minha ideia, mas primeiro preciso jogar bem no Corinthians para voltar à seleção, depois veremos, mas falta muito.
Fonte: Jornal O Estado De SP