Bi mundial é sonho possível
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O Mundial de Clubes começou, de fato, para os corintianos na manhã de ontem. E começou bem, pelo menos na teoria. O sorteio de grupos trouxe boas novas para a Fiel. O Monterrey, bom time mexicano, ficou do lado da chave em que estão os ingleses do Chelsea. Ao Timão, caberá enfrentar, reafirmo, na teoria, equipes mais fracas. Isso porque, pelo regulamento, Corinthians e Chelsea entram diretamente na semifinal.
O sorteio já apontou os possíveis rivais corintianos. Um deles é a chamada baba. O Auckland City, da Nova Zelândia, veterano turista no Mundial. Equipe quase amadora, fraquinha. Enfrentará, nas oitavas de final, o campeão japonês, que ainda não foi definido. Quem passar desse confronto terá pela frente o campeão africano, que será conhecido apenas em novembro. Quem passar por isso tudo enfrentará o Corinthians.
Na outra chave, a do Chelsea, além do Monterrey, está o campeão asiático, cujo torneio ainda está em fase de quartas de final. Quem passar por esse confronto será o adversário dos ingleses.
O normal é esperar mais um confronto entre sul-americanos e europeus na final. Apesar de o Mazembe, do Congo, estar entre os postulantes ao título africano e trazer em seu currículo a surpreendente eliminação do Internacional em Abu Dhabi, no Mundial de 2010.
Desta vez, se der a lógica, não haverá uma diferença abismal entre o melhor da Europa e o melhor das Américas. O Chelsea está longe de ser o Barcelona. É uma boa equipe, mais forte agora do que quando venceu a Liga Europeia, mas não é um esquadrão galáctico. O Corinthians, mesmo sem contar com um craque do calibre de Neymar, como time funciona muito melhor do que funcionava o Santos em 2011.
A grande arma corintiana chama-se conjunto. Tite comanda a equipe mais bem treinada do país na atualidade. O Corinthians — jogue bem ou mal — tem um padrão, sabe o que quer, todos os jogadores conhecem exatamente suas funções táticas e compreendem o sistema de jogo. Há um núcleo de excelência formado por Ralf e Paulinho, uma excelente dupla de volantes, um meia taticamente fundamental, Danilo, e um atacante que foge do comum, Emerson.
Nas demais posições, se não há brilho, sobram consciência, confiança e determinação. Ao ponto de o Corinthians ser um time que acredita que, se fizer um gol, dificilmente será batido, pois se fecha como poucos. Falta, ainda, uma pitada de ousadia. A equipe, ciente do potencial defensivo, muitas vezes recua em demasia e chama o adversário para o sufoco. O que pode ser fatal num torneio sem jogo de volta.
O Chelsea consagrou a retranca na última Liga dos Campeões. Ciente de que só jogar na defesa nem sempre dá certo, a equipe foi buscar o brasileiro Oscar para dar o toque de criatividade que faltava. Perdeu Drogba e acredita, agora, numa recuperação do espanhol Fernando Torres. Tem uma dupla de zaga na qual a referência técnica é o brasileiro David Luiz. A liderança é do inglês John Terry, que, tecnicamente, está longe de ser uma unanimidade. Outro brasileiro fundamental é Ramires, volante na seleção brasileira, mas com função muito mais ofensiva na equipe inglesa.
O Corinthians é o mais europeu dos times brasileiros, quando analisado taticamente. Não há outra equipe por aqui que execute tão bem as famosas duas linhas de quatro. Os laterais são bons marcadores e não expõem desnecessariamente a zaga. Paulinho é um volante de nível internacional, com boa saída de bola e excelente chegada à frente. Enfim, não há nada do outro lado do oceano que assuste. Tampouco é o caso de afirmar que o favoritismo é corintiano.
O Mundial de Clubes tem a semifinal como o jogo mais traiçoeiro. Para torcida e mídia, é cumprimento de tabela. Tanto que só se fala, como neste texto, em Corinthians e Chelsea. Mas um vacilo pode ser fatal. O São Paulo quase caiu nessa fase, em 2005, e o Inter dançou exatamente nela. É a primeira medida que o Corinthians precisa tomar. Dentro do vestiário, a final só pode ser trabalhada após a semifinal. Se fizer isso direitinho, não cair na soberba de achar que vai ao Japão com jogo marcado contra o Chelsea, o Timão chegará com força, em condição de transformar o bicampeonato mundial em algo palpável, não apenas um sonho.
Por; Maurício Noriega
Fonte: Bom Dia