Análise: Corinthians faz grande primeiro tempo, mas sente cansaço na etapa final contra o América-MG
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Por João Pedro Izzo
Após grande classificação para a final da Copa do Brasil, Jair Ventura e Corinthians tiveram embate neste sábado diante do América-MG, pelo Brasileirão. Com o desgaste de alguns atletas, o treinador poupou jogadores e, apesar de bom primeiro tempo, o time teve queda na etapa final e amargou empate sem gols. O Meu Timão explica os motivos do resultado.
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Sem Jadson, Danilo Avelar, Douglas e Fagner (lesionado), Jair Ventura promoveu a entrada de vários jogadores, dando oportunidade de rodar o elenco. O Timão entrou em campo com: Cássio; Gabriel, Léo Santos, Henrique e Carlos Augusto; Ralf e Araos; Romero, Pedrinho, Mateus Vital e Clayson. Apesar do desenho tático de 4-2-4 em boa parte da partida, a equipe possuiu variações, o que confundiu o adversário, sobretudo nos 45 minutos iniciais.
Primeiro tempo
A formação do Timão trouxe jogadores muito leves. Com uma média de menos de 25 anos de idade entre os titulares alvinegros, a equipe possuiu muita mobilidade, troca de posições e o mais importante: finalizações. Foram nove apenas no primeiro tempo - seis corretas e três erradas. Em caso de melhor pontaria, o Corinthians teria, facilmente, aberto uma vantagem no placar.
Para isso tudo ocorrer, a saída de bola foi muito bem executada. Carlos foi ótima válvula de escape pela esquerda, ativando Clayson ao seu lado. Gabriel também teve tranquilidade para subir e Romero se movimentou no ataque. Mateus Vital e Pedrinho, amigos fora de campo, se entenderam muito bem no gramado do Independência. Ambos recuaram bastante para construir e pisaram na área adversária com frequência, concluindo a gol em diversas oportunidades.
Araos, outro corinthiano fortemente pedido pela Fiel, não teve o mesmo sucesso. Apagado e pouco voluntarioso, o meia não foi capaz de iniciar muitas transições e tampouco iniciar jogadas. Além disso, mostrou certa afobação em alguns "botes". O chileno ainda não engrenou com a camisa alvinegra.
Apesar de grandes chances criadas, nenhum dos quatro principais homens de ataque que estiveram em campo é conhecido por marcar gols. Sem um centroavante nos últimos duelos na formação usada por Jair e, além disso, sem um jogador desta posição que transmita confiança, muitas vezes o Corinthians não conseguiu concluir bem ao gol adversário.
Outro fator a ser ressaltado (e comemorado) é a melhora nítida da defesa corinthiana. Contra o América-MG, outra mostra disso: mesmo com a rodagem de peças no time titular, a compactação e organização do sistema defensivo foram muito bem executadas. Cássio foi um espectador de luxo na partida deste sábado.
Segundo tempo
Na etapa final, sem alterações, o Corinthians manteve um controle ainda maior, mas sem a mesma intensidade e volume apresentados nos primeiros 45 minutos. Como dito por Mateus Vital após a partida, a equipe sentiu o desgaste do último embate. O próprio meia, inclusive, foi substituído diante do Flamengo por conta de cãibras e, contra o América-MG, terminou o jogo demonstrando nítido cansaço.
Com o sistema ofensivo desgastado e sem apresentar a mesma variação e movimentos de ruptura do primeiro tempo, a produção corinthiana secou. Nem com a estreia do paraguaio Sergio Díaz, muito incisivo, diga-se, no lugar de Clayson, o Corinthians foi capaz de levar mais perigo para a meta de João Ricardo, herói do primeiro tempo.
Thiaguinho entrou no lugar de Araos e até infiltrou mais, porém, o jogador ainda é tímido em campo, se limitando ao básico em boa parte das ações. Com o Corinthians não conseguindo concluir a gol, Jair Ventura abriu mão de Romero para a entrada do centroavante Roger. A válida tentativa até colocou o Corinthians mais próximo da área, incomodando mais o América-MG.
Foi aí que, aos 43 minutos do segundo tempo, o próprio Roger serviu Gabriel, que foi calçado por Gérson Magrão. O árbitro da partida não anotou o pênalti claro a favor do Timão. O volante explicou o derradeiro lance no término do jogo.
Sem assinalar o lance, o juiz deu dois minutos de acréscimos e não havia mais tempo. Com uma postura reativa adotada pelo oponente deste sábado, o Timão foi bem em furar o bloqueio em grande parte do primeiro tempo, mas o desgaste foi visivelmente sentido no segundo tempo.
Apesar do empate fora de casa - agora são duas vitórias, duas igualdades e nove derrotas no Brasileiro como visitante -, o Corinthians fez uma das melhores atuações (senão a melhor) sob o comando de Jair Ventura. O próprio treinador elogiou a postura dos jovens e se mostrou satisfeito com o desempenho.
Jair não está errado: o Corinthians vai, mais rápido do que o prognóstico, ganhando um modelo de jogo com o seu novo treinador. O modelo 4-2-4, com algumas variações e movimentações, sem o uso de centroavante, parece ser o sistema que o técnico adotará, ao menos neste ano.
A produção ofensiva ainda precisa de aprimoramentos e dificilmente alcançará o nível que a Fiel e Jair Ventura esperam. Entretanto, o famoso DNA defensivo, tão forte e ressaltado nos últimos dez anos do Timão, vem sendo resgatado por Jair. E um grande time começa pela defesa.
Com o jogo diante do Flamengo pelo Brasileiro antecedendo a partida de ida da Copa do Brasil, o treinador tem mais alguns dias de treino para aperfeiçoar as mudanças que pensa em fazer, mas os sinais de melhora vêm sendo percebidos, sem dúvidas.