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Ao Meu Timão, Carille analisa jogadores, novos cartolas e dificuldades com elenco do Corinthians

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Por Lucas Faraldo e Rodrigo Vessoni, no CT Joaquim Grava

Carille recebeu reportagem do Meu Timão em sua sala no CT Joaquim Grava

Carille recebeu reportagem do Meu Timão em sua sala no CT Joaquim Grava

Otávio Ariano / Meu Timão

"Se a gente não fosse campeão paulista imagina como estava o Corinthians hoje, com o desempenho ruim e sem o título".

A fala acima foi pronunciada pelo técnico Fábio Carille, semana passada, ao abrir a porta de sua sala no CT Joaquim Grava para conceder entrevista exclusiva ao Meu Timão. Trata-se de uma frase que resume bem o Corinthians do primeiro semestre, conforme explicado em diversas respostas com maiores detalhes pelo próprio treinador: é uma equipe que vem trabalhando pelos resultados ciente de que precisa mesmo é melhorar o desempenho.

Mas então por que não melhorar o desempenho? Falta tempo, alega Carille, que aposta no período de paralisação do calendário por causa da Copa América, agora em junho e julho. Será nesta intertemporada, por exemplo, que ele testará novo posicionamento para Pedrinho. Haverá mais de duas semanas exclusivas para o técnico treinar seus jogadores.

Jogadores esses, aliás, que integram "o elenco mais equilibrado" com o qual Carille já trabalhou nestes três anos de Corinthians. Mesmo assim ele admite estar enfrentando dificuldades para trabalhar com o grupo, vide liberações de Díaz e Araos e outros que já até saíram e foram citados nesta entrevista – não que emprestar seja sempre a solução, como também argumentado pelo treinador ao explicar sua relação com a diretoria nas negociações.

É preocupação à beça, né? Acrescente aí uma viagem à Venezuela para confronto decisivo pela Sul-Americana, necessidade de virada no Rio contra o Flamengo para seguir vivo na Copa do Brasil e ainda a disputa mais acirrada dos últimos tempos no Brasileirão.

Entrevista de Fábio Carille ao Meu Timão

COMO REENCONTROU O CENÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO NA VOLTA

"Vou falar da minha realidade, não do futebol brasileiro porque estou vendo pouco, estou muito envolvido aqui, mas a mudança maior que eu senti foi a do elenco. Com a chegada do Matheus Jesus agora são 24 jogadores que não tinham trabalhado com essa comissão, então estamos tendo dificuldade para que eles tenham entendimento principalmente das triangulações, com a bola no pé, que foi algo que deu muito certo no Corinthians durante muitos anos, em 2012/13 e 15 principalmente, que pra mim foi o melhor time do Corinthians no meu período aqui. Então a minha maior dificuldade interna foi essa mudança interna do elenco."

IMPACTO NA VOLTA

"É esse (impacto) que a gente tem batido, não só com a comissão, junto com a diretoria, todos os departamentos bastante integrados para que a gente volte o quanto antes a ter um entendimento e poder jogar melhor."

Carille durante entrevista ao Meu Timão

Carille durante entrevista ao Meu Timão

Otávio Ariano / Meu Timão

DIFERENÇA DE TRABALHO NOS TRÊS ANOS

"Quando você tem uma mudança muito grande, o tempo é fundamental. Além de não ter a pré-temporada, porque a gente não pode dizer que 10, 12 dias é uma pré-temporada, muitos jogadores foram chegando no decorrer. Júnior Urso, Vagner Love, o próprio Manoel, que pegou uma catapora lá em janeiro e não fez a pré-temporada lá, veio fazer aqui. E foram chegando os jogadores, a gente conhecendo, muitas vezes você imaginava que um jogador ia melhor em uma posição, aí você vê nos treinos ou no jogo e vê que não é assim, tem que mudar ele de posição. Então é fundamental demais o tempo. Eu tenho trabalhado agora em 2019 muito mais que em 17 e 18. Muito mais a questão de organização. Em 2017 já teve uma base do ano anterior e eu tive 32 dias de pré-temporada, o campeonato começou no dia 4 de fevereiro, contra o São Bento, em Sorocaba. Depois já veio uma base no ano passado, com uma ideia de jogo, com Rodriguinho, Jadson, Balbuena. Nós perdemos três titulares, que foram Pablo, Arana e Jô, mas demos uma resposta rápida com Sidcley, Henrique e Maycon e, enfim, foi muito mais rápido. Agora estou tendo dificuldade, é algo que tenho que me preocupar sim, faz parte da comissão, mas está dentro do processo natural de conhecer as peças e tenho que agradecer o Corinthians porque não esperava tantos jogadores assim. Não dá para falar que esse elenco é melhor que o de 2017, que foi campeão, mas que é mais equilibrado, com mais disputa nas posições, eu não tenho dúvida disso."

SHEIK E VILSON

"Está sendo uma troca. Eu sempre fui muito próximo desse departamento, desde a época de auxiliar, mas está sendo uma surpresa muito grande. Quem conheceu o Emerson totalmente louco, independente, fazendo as coisas que vinham à cabeça dele, hoje chegando cedo, sem hora para sair, totalmente envolvido, está sendo uma surpresa. O Vilson já é um cara mais ponderado, observava esse lado e infelizmente pelo joelho teve que parar muito antes, mas estão dando uma resposta muito legal. O Alessandro foi muito importante no meu início, mas aqui eles estão se esforçando e aprendendo a cada dia."

DEZ MATA-MATAS EM QUATRO MESES

"Tem que ser no atropelo mesmo, porque não dá para ficar programando tudo. Antes eu vinha em 2017 e fazia reuniões para deixar determinado para 20 dias, um mês, e aí acontecia alguma coisa e você perdia tudo. Então hoje a gente foca o nosso trabalho em outras situações e o dia a dia vai mostrando. Eu faço reuniões cedo para decidir para onde vamos. Não acreditava que fosse passar o Racing, por tudo. Liderando o argentino, jogando muito bem, com muito conjunto e mostrou ser melhor do que nós aqui e lá. Mas coisas do futebol, a gente acabou passando e tem que ser ciente disso. Agora vamos ter um sorteio que a gente não sabe para onde vai* e que vai entrar nesses nove jogos até a parada do dia 12, então vamos no dia a dia, com a preparação, para saber o que é melhor para o Corinthians."

PERSPECTIVAS DE MAIS TÍTULOS ESSE ANO

"Sempre falei do jogo a jogo, dia a dia. Estamos nesse processo de melhorar, principalmente jogos fora de casa, temos de ser mais, deixar as coisas mais determinadas, não sofrer tanto. Claro que o mata-mata te dá chance maior que os pontos corridos. Pode também dar tudo errado, um jogo mal não te dá chance de recuperar. Mas o título da Copa do Brasil está a oito jogos*. O Brasileiro tem um tamanho muito grande. Mas hoje nossa ideia é melhorar o desempenho."

* Após a entrevista, o Corinthians já disputou (e perdeu por 1 a 0) o jogo de ida das oitavas de Copa do Brasil, contra o Flamengo, em Itaquera

TIME NÃO CONSEGUE SUSTENTAR APÓS SAIR NA FRENTE NO PLACAR

"Nós temos esses números, mas eu acho que está dentro de uma normalidade, por tudo que aconteceu. Você pega o jogo contra o Guarani, que foi o segundo no Campeonato Paulista, onde não tinha Ralf, Gabriel, Jadson estava procurando uma melhor forma, na dupla de zaga coloquei o Léo Santos para jogar esse dia e acho que é normal. A bola aérea era um problema muito sério e eu nem sei quanto tempo faz que a gente não toma um gol de bola aérea. Você pega o jogo contra o São Paulo: o Pablo desloca o Urso no primeiro pau e a gente treina para ficar espertos nessa situação. A gente treina e o jogo a cada dia vai te mostrando. Estamos procurando um desempenho melhor, porque com o desempenho você fica mais perto do resultado, mas o mais importante acaba sendo o resultado. Se a gente não fosse campeão paulista imagina como estava o Corinthians hoje, com o desempenho ruim e sem o título. Na dificuldade isso deu uma moral maior para os jogadores, que pensam 'eu fui campeão com o Corinthians', então isso foi importante e é um processo de tempo. Eu acho que a gente vai ter muita dificuldade até a parada, e aí sim teremos uma pré-temporada."

EXALTA A PARADA PARA MELHORAR A EQUIPE

"Vou conseguir fazer todos os setores trabalharem. Vão ser 17 dias de treino com a bola, sendo que na pré-temporada eu tive sete dias, então é muito pouco, ainda mais quando você tem um grupo novo."

Carille - entrevista

Otávio Ariano / Meu Timão

CRIAÇÃO DAS JOGADAS É A MAIOR DIFICULDADE

"É isso. Destruir é muito mais fácil do que construir. Então fazer o sistema defensivo para mim é muito mais fácil. Hoje o nosso grande desafio, e para isso voltar a falar do tempo, achei que ia ter isso na semana passada (retrasada, antes do jogo contra o Grêmio), mas tive que trabalhar muito a recuperação física dos jogadores. Mas a minha perspectiva é de que depois da Copa América a gente consiga jogar melhor."

MELHORA DO MEIO DE CAMPO COM A CHEGADA DE JÚNIOR URSO

"Em 2015 tinha Elias e Renato Augusto. Sei que são jogadores diferentes, sustentou melhor por dentro com o Urso ali porque eu sabia que ele podia fazer isso muito bem. Não imaginava que a resposta seria tão rápida. Mas ele é esse segundo volante que chega, faz gol, tem presença na área, igual Paulinho, Maycon, Elias... Na hora que apareceu no mercado, briguei muito para que diretoria tentasse trazer esse jogador. Com isso cresceu o setor. O Sornoza cresceu com isso também e as coisas ficaram mais definidas no meio de campo."

HENRIQUE E MANOEL SE ACERTANDO TAMBÉM

"É claro que as notícias chegam e não tem como não chegarem. Quando se falou dos gols tomados, muitos não foram em cima deles. O gol do Racing lá foi em cima do Fagner. O gol do São Bento foi em cima do Mauro (Boselli), e quem estava jogando na zaga era Marllon e Pedro Henrique. O gol contra o São Paulo foi no triângulo que não tinha zagueiro. 'Ah, tomou o gol foi culpa dos zagueiros?' Tem que analisar bem... Não lembro de termos tomado gol de bola parada no setor deles (Henrique e Manoel). Então por isso que a gente tem de estar muito atentos ao que sai (na imprensa) para não trazer para dentro. E acreditar demais nas pessoas que estão ao meu lado. O gol do Racing que tomamos em casa, muito se culpou o Henrique. Ele fez o movimento de corpo que tinha de ser feito, mas a bola bate nele. É uma infelicidade, não uma falha. Então tem de ter cabeça boa para não trazer isso para dentro e não perder o elenco."

PROJEÇÃO DE MELHORA NO PASSE (CRIAÇÃO DE JOGADAS) DE HENRIQUE E MANOEL, COMO ERA COM BALBUENA, POR EXEMPLO

"É possível. Você citou o Balbuena, mas 2016 não foi bom do Balbuena. Por isso que falo do tempo de clube. Ele ficou um ano aqui, houve aquelas mudanças em 2016, ele sofreu muito aqui. Tudo é tempo. A saída melhor dos zagueiros é uma construção, passa por uma melhor movimentação dos caras da frente para que se abra uma linha de passe para eles. É tudo espaço, tempo, entendimento. Estou tentando fazer com o pouco tempo de trabalho que tenho. Mas sei que preciso de muito mais."

Carille - Meu

Otávio Ariano / Meu Timão

EMPRÉSTIMO ESPECÍFICOS PARA ALGUNS CLUBES, COMO JÁ FOI COM BRAGANTINO E HOJE É COM OESTE

"Existem algumas parcerias e tenho de entender isso também. Independente do time. Vai ser parceria legal para o Corinthians mas tecnicamente pode não ser tão legal. Mas temos de entender (a diretoria). Passo minha opinião. Já teve parceria legal com o Bragantino, colocamos bastantes jogadores para rodar. Teve também com o Paraná uma pequena parceria. Isso faz parte do futebol. Mas claro que é sempre discutido entre nós. E tudo aquilo que vi no Campeonato Paulista sobre o Oeste, é um time bem armado, fez um jogo legal contra os grandes, contra o Santos, Matheus Jesus tem uma ideia de jogo, por isso o Thiaguinho está ali, vai jogar uma Série B. Thiaguinho veio do Nacional para o Corinthians. Às vezes é importante ir para esse lugar. Gustavo Silva ficou um ano sem jogar por causa dos problemas com o Coritiba e veio para o profissional do Corinthians, agora vai para o Vila Nova para jogar na Série B também."

BRUNO XAVIER, QUE REENCONTRA THIAGUINHO NO OESTE, ACUMULA DOIS REEMPRÉSTIMOS E NÃO TEVE CHANCE NO CORINTHIANS

"O que aconteceu com esses dois jogadores (Thiaguinho e Bruno Xavier): vieram emprestados de graça com salário muito baixo. Uns dão certo, outros não. Foi o caso do Thiaguinho, num momento difícil do Corinthians colocou a camisa e jogou naquela fase final do Brasileiro. O Xavier já não teve oportunidade, não estava aqui naquele momento. Mas são dois que não vi jogarem (no Nacional) mas tinha informações de que estavam fazendo um bom campeonato. Um dia jantando com o Andrés, veio o empréstimo de graça com salário bem baixo. Casos de Romarinho, de Jucilei, de Edenílson... Acho legal, são situações melhores do que você ir, comprar um jogador do Nacional... É muito normal não dar certo e aí é um investimento que não vinga. Hoje não sei precisamente a situação de Xavier com o Corinthians, mas foi legal o Thiaguinho pôr a cara, já é um jogador que podemos contar na frente. Xavier naquele momento não deu certo, não sei se terá outras oportunidades. Mas acho legal o Corinthians trabalhar assim, como já fez em outros momentos."

Veja mais em: Fábio Carille, Elenco do Corinthians, Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Títulos do Corinthians.

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