Um dos principais nomes revelados nas categorias de base do Corinthians, Willian, atualmente no Chelsea, sempre mexe com o imaginário do torcedor alvinegro. Toda vez que o meia-atacante de 31 anos vem ao Brasil, o sonho do corinthiano de vê-lo novamente no clube reacende.

Durante as férias de meio de ano, após a conquista da Copa América, o atleta esteve no Brasil e no clube. Visitou o Parque São Jorge, a Arena Corinthians e até mandou mensagens de apoio para as equipes femininas e de base. Essas não foram nem as primeiras e, certamente, não serão as últimas oportunidades em que o meia-atacante reforça o seu amor pelo Timão.

"Sempre falo que o Corinthians foi quem me abriu as portas, onde fui criado, tenho enorme carinho pelo clube. Além disso, bem antes de jogar futebol profissionalmente, eu torcia para o Corinthians, minha família idem", ressaltou Willian, em entrevista exclusiva com Meu Timão.

"É uma coisa que eu não tenho em mente hoje, de voltar nos próximos anos, acredito que ainda tenho muita lenha pra queimar aqui na Europa", ponderou, já respondendo sobre o recorrente desejo da Fiel.

Esse foi apenas um dos assuntos abordados nos cerca de 20 minutos de conversa da reportagem com o jogador do Chelsea. Willian também falou sobre sua vida em Londres, sobre o Campeonato Brasileiro e, claro, do movimento de retorno de alguns atletas da Europa para o Brasil.

Por fim, o meia-atacante também contou mais sobre seu novo projeto, que será lançado no próximo dia 16 de setembro. Trata-se de um curso online para jovens que desejam se tornar atleta profissional, com dicas e sugestões de como administrar tudo que cerca a passagem pelas categorias de base.

Acompanhe agora um pouco mais sobre a vida de Willian, que foi revelado pelo Corinthians, atuou em 41 jogos entre os anos de 2005 e 2007 e fez dois gols em sua rápida passagem pelo profissional do Timão.

Confira a entrevista exclusiva do Meu Timão com o jogador Willian

Meu Timão: Você lançará um curso online para orientação a jovens que sonham em ser jogador profissional. Como surgiu essa ideia?

Willian: Sempre tive esse sonho de ajudar crianças e jovens que estão começando e querem ser alguém na vida. A ideia veio da minha esposa (Vanessa Martins), conversando e ajustando as coisas. Graças a Deus está tudo pronto para o lançamento oficial no próximo dia 16 de setembro, no estádio do Chelsea. Espero que de fato possa ajudar esses jovens a terem uma direção. São muitos fatores, muitas frustrações, mas não se pode desistir, é preciso ser mentalmente forte, ter relações e companhias corretas. Surgem muitas coisas que nem sempre sabemos lidar com essa idade. Não vou chutar uma bola (no curso), e sim, instruindo a pessoa a iniciar um propósito, outras pessoas (que participarão do curso) irão ajudar.

Divulgação

E como foi seu começo? Surgiram esses problemas e obstáculos que você falou?

Meu começo foi complicado, mas meu pai (Severino) nunca desistiu dos meus sonhos. É esse tipo de situação que vamos ressaltar, do pai, da mãe, das pessoas próximas não desistirem do atleta. Meu pai teve isso comigo, sempre batalhou comigo porque viu que poderia dar certo. Foi ele quem me ajudou a atingir meu sonho.

Você atuou em apenas quatro clubes na carreira, sendo três de forma mais longeva (Corinthians, desde base; Shakhtar Donetsk-UCR, de 2007 a 2012; e o Chelsea-ING, de 2012 até agora) e apenas um de forma rápida (Anzhi-RUS, 2013). Isso foi algo que colocou como objetivo ou aconteceu?

Aconteceu mesmo, acredito que pelo fato de conseguir me adaptar aos lugares e aos clubes. Foram cinco anos e meio na Ucrânia, agora estou há seis anos no Chelsea, além de ter iniciado no Corinthians. Apenas na Rússia fiquei cerca de seis meses. Aqui na Inglaterra, por exemplo, me adaptei bem, gostei muito do clube, todos me receberam e me tratam super bem. É um baita clube, um dos maiores do mundo, além de viver numa cidade maravilhosa. Minha família está adaptada, é um dos fatores que me fazem não querer sair. Pretendo continuar mais alguns anos aqui. Meu contrato termina no meio do ano que vem.

Apesar do desejo de permanecer na Inglaterra por mais alguns anos, como vê esse movimento de jogadores deixarem a Europa para atuar no Brasil? Aqui, aliás, já se paga salários acima de um milhão de reais, por exemplo...

Sem dúvida acho bem legal, as coisas estão acontecendo no Brasil, essa parte financeira é importante para trazer os jogadores. Assim, o campeonato fica mais forte, melhora a organização, os estádios, os gramados... quanto melhor, além da parte financeira, ajuda nessa situação. Aqui (Inglaterra) muitos clubes que não tem tanta expressão possui dinheiro para investir e pagar salários bons e em dia, com estrutura legal. O Brasil tem tudo para ser uma potência, pela história dos clubes, pelos jogadores de história, pelas torcidas incríveis...espero que continue assim.

Por falar em Brasileirão, você consegue ver os jogos dos clubes brasileiros?

Sim, quando os jogos são à tarde no Brasil, como de final de semana, eu consigo. Até aqueles de 19h30 eu consigo. Mas depois, pelo fuso horário, fica mais complicado.

Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

A torcida do Corinthians segue o sonho de vê-lo novamente com a camisa 10 alvinegra. O que pode dizer sobre isso?

É uma coisa que eu não tenho em mente, de voltar nos próximos anos, acredito que ainda tenho muita lenha pra queimar aqui na Europa. Mas sempre falo que o Corinthians foi quem me abriu as portas, onde fui criado, tenho enorme carinho pelo clube. Além disso, bem antes de jogar futebol profissionalmente, eu torcia para o Corinthians, minha família idem. Voltar ao Brasil e ao Corinthians não fazem parte do meu pensamento, é como eu penso hoje em dia. Mas quem sabe um dia posso voltar a acontecer. Não sabemos os planos de Deus. Seguirei meu trabalho forte aqui, quero continuar na Europa, ganhar mais títulos. Mas do futuro eu não sei, vamos ver.

Seu pai, Severino, sempre posta imagens nos jogos do Corinthians, no Parque São Jorge, com os amigos corintianos dele. Não deve ser fácil para ele ficar ouvindo pedidos para você voltar...

(risos) Acho que sim. Ele não me fala muita coisa, as pessoas perguntam para ele, falam pra ele que eu tenho de voltar. Mas ele não é de ficar falando isso pra mim, não.

Ricardo Nogueira

E Seleção Brasileira? Você foi chamado às pressas para a Copa América, foi bem quando entrou e terminou campeão...

Sim, foi uma situação diferente, que eu não tinha passado na minha carreira. Eu estava de férias com minha família, em Israel. Recebi uma mensagem do Edu (Gaspar, ex-coordenador de seleções da CBF) quando eu estava na piscina (risos). Eu, na hora, já pensei que estaria me ligando para me chamar na vaga do Neymar. Falei com ele e com o Tite em videoconferência, queriam que eu tivesse com eles. Eu até brinquei na hora: "Eu queria estar com vocês desde a primeira convocação" (risos). Seleção foi bem, fez uma grande Copa América, conseguimos o título.

A Copa 2022 é um objetivo na carreira?

Tenho como meta, sim. Estarei com 34 anos, mas sem dúvida disputar mais uma Copa do Mundo é uma meta que eu tenho. Para mim, servir a Seleção Brasileira é sempre uma honra, um grande privilégio.

Para terminar, o que pode falar sobre o recém iniciado Campeonato Inglês? Dá pra ser campeão mesmo com City e Liverpool tão fortes?

Os dois são grandes times, sem dúvida. Mas dá para disputar, sim. Temos grandes desafios pela frente, mas vamos brigar até o final.

Veja mais em: Ex-jogadores do Corinthians e Corinthianos na Seleção.