Técnica do Sub-17 cobra uso da base no futebol feminino e vê Corinthians no caminho certo
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Por Vitor Chicarolli
O Corinthians não é referência no futebol feminino somente pelo trabalho exercido com o elenco profissional. Desde a temporada passada, o clube do Parque São Jorge administra o Sub-17 da modalidade e já começa a trilhar um caminho com as garotas nas categorias de base.
Em entrevista concedida ao Meu Timão, Dani Alves, ex-atleta e atual técnica do Corinthians, detalhou a importância da base para o feminino e relembrou a peneira realizada com mais de 800 jogadoras em 2019. Ela ainda reforçou que o Brasil não dá a devida atenção para as meninas e usou o Timão como exemplo.
"O Corinthians está fazendo do modo correto. Infelizmente no Brasil a pirâmide começou do lado inverso. Começou primeiro com as equipes adultas, para depois se pensar na base. O Corinthians fez a peneira para formar a equipe no ano passado. Esse ano é diferente, já temos uma base formada e para entrar é muito mais difícil. Estamos caminhando para frente e isso é importante. Querendo ou não a torcida exige o uso da base, pois o torcedor torce pelo clube e não por uma modalidade. O próprio sistema acaba forçando a qualidade de todo mundo", disse.
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"A resposta de priorizar o adulto antes da base está na Seleção Brasileira. Quando começou a surgir essa grande geração, que tinha uma equipe fortíssima nos anos 90... foi jogando até em 2012, que tínhamos uma equipe forte. Mas as atletas foram ficando velhas. E se você não tem atletas para reposição, essa qualidade acaba. A Seleção está um longo período sem ganhar e foi caindo no ranking mundial. Isso nunca foi assim. Essa é a grande importância para a base. Hoje é muito difícil uma menina já chegar pronta no profissional, a nível internacional. Lá fora a pirâmide é do lado certo, é trabalhado a base, para quando chegar no adulto já ter uma bagagem enorme, uma vivência. No Brasil, agora que está começando a se investir mais na base", completou.
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O Sub-17, é claro, já é uma conquista extremamente significativa para a modalidade. Para Dani Alves, no entanto, o uso da base precisa melhorar ainda mais no futebol brasileiro. Isso porque uma atleta que estoura a idade para atuar por essa categoria pode se ver obrigada a terminar a carreira com menos de 20 anos.
"Acho que a tendência é essa (ter mais categorias). Tem uma lacuna muito grande. Temos o Sub-17 e essa menina tem um prazo de validade, e aí ela não está pronta para uma equipe adulta. Então precisamos de uma categoria Sub-20 para que essa menina consiga se preparar mais para chegar no profissional. São raros os casos de jogadoras que já chegam prontas. Pensando para baixo, hoje tem Sub-18, 17 e 16, vai ser criado o Sub-15 e o 14 também. Então, pelo tamanho da lacuna, a atleta precisará passar por novas orientações para se adaptar. A base serve para isso, tirar todas as dúvidas, os vícios e aprender", concluiu.