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Conselheiro do Corinthians faz relatório e alerta: clube pode entrar em colapso financeiro em 2020

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Corinthians tem cerca de mil funcionários, incluindo atletas e todos os colaboradores do Parque São Jorge

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Meu Timão

Um relatório elaborado por um conselheiro do Corinthians, com base no balanço de 2019 e no orçamento deste ano, alerta para um possível colapso financeiro do clube em 2020. O Meu Timão teve acesso ao documento, que destrincha o quão difícil é o atual cenário alvinegro.

Elaborado pelo conselheiro José Carlos Passaretti, consultor financeiro especializado em gestão de riscos com experiência em diversas instituições financeiras, o documento explica como a situação financeira piorou nos últimos dois anos sob a gestão de Andrés Sanchez - no último dia 5, clube emitiu nota para falar sobre os números do último ano.

Entre os principais trechos do documento, destaca-se as seguintes observações:

  • Comparação dos números finais 2018 x 2019;
  • Projeção das metas de 2020 estipuladas em fevereiro;
  • Alerta sobre empréstimos, juros, financiamentos e impostos;
  • Advertência sobre as obrigações legais do Corinthians junto ao fundo da Arena;
  • Apontamento do risco operacional por não cumprimento do estatuto do clube e princípios legais (Profut e Lei Pelé);
  • Evidência dos riscos de liquidez imediata (capacidade de pagamento de compromissos de curtíssimo prazo);
  • Apresentação de ações a serem tomadas de forma urgente para iniciar a resolução do problema.

O Meu Timão traz abaixo detalhes do relatório com imagens ilustrativas e comentários do consultor financeiro especializado em gestão de riscos que ajudam a entender o tamanho do problema financeiro do clube. Acompanhe:

Comparação dos números finais 2018 x 2019

Relatório lembra que "o resultado líquido apurado foi um déficit 843% maior (R$ 177 milhões de 2019 x R$ 18,7 milhões de 2018). O déficit acumulado em 2019, segundo o relatório da auditoria é de R$ 468,5 milhões, contra R$ 291,5 mi em 2018. Ou seja, um aumento 61% em relação ao ano anterior".

Balanços de 2018 e 2019 foram comparados pelo conselheiro

Reprodução/Internet

Projeção das metas orçamentárias de 2020 estipuladas em fevereiro

Relatório deixa claro que a chance de repetir este ano um déficit alto como foi de 2019 é grande. O documento diz que "a simples analise do realizado de 2019 com o orçado de 2020 nos transmite a clara conclusão de que se não forem adotadas, pela diretoria, medidas drásticas de cortes de custos e despesas operacionais, certamente o clube terá novamente um déficit relevante, agravando ainda mais a situação atual das finanças do clube, com sérios riscos de insolvência".

Diz ainda que "é improvável que o clube consiga cumprir com as metas de receitas orçadas, e a redução de apenas 19% das despesas, certamente não será suficiente para reduzir o déficit acumulado. A redução drástica da folha salarial é imperativa!".

E por fim, lembra que "a venda de jogadores se faz necessária, pois, é o único ativo disponível para negociação nesse momento. Da mesma forma o clube deve rever sua política de investimento nas categorias de base, já que o valor agregado não é compatível com o benefício esperado".

Balanços de 2018 e 2019 foram comparados pelo conselheiro

Reprodução/Internet

Alerta sobre empréstimos, juros, financiamentos e impostos

Relatório diz que "as despesas com juros de empréstimos e financiamentos cresceram 73% em relação a 2018, mesmo com um cenário de redução da taxa de juros verificado em 2019, fato que nos permite inferir que houve significativo crescimento do endividamento do clube, que passou de R$ 40,1 mi em 2018 para R$ 97,1 mi em 2019, crescimento de 142%, ou R$ 57 mi".

Além disso, o relatório lembra que "o clube aparentemente não tem recolhido impostos conforme relatório da auditoria. O valor de impostos a recolher em 31/12/2019 atingiu o valor de R$ 129,9 mi, contra R$ 54,6 mi em 31/12/2018, um crescimento de R$ 75,3 mi ou 138%".

Balanços de 2018 e 2019 foram comparados pelo conselheiro

Reprodução/Internet

Advertência sobre obrigações legais do Corinthians junto ao fundo que administra a Arena

Em relação à Arena Corinthians, o relatório diz que "é preocupante o fato de clube passar a ser devedor da Arena, pois, pelo relatório da auditoria em 31/12/2019 o clube devia ao fundo R$ 10,8 milhões" - valor esse que é R$ 36 milhões mais alto no balanço de 2019 do próprio fundo. Documento lembra ainda que "aparentemente não está explicado no relatório da auditoria onde consta no balanço os repasses feitos pelo clube a Arena nos anos anteriores a título de adiantamento".

Relatório lembra um trecho da auditoria que diz "transferências de recursos financeiros regulares e pontuais pelo clube para o Arena Fundo de Investimento Imobiliário (FII), pagar seus financiamentos junto a bancos e demais fontes de financiamento...", reafirmando em cima disso que "manter o Fundo saudável econômica e financeiramente é também corresponsabilidade do clube, uma vez que como sócio quotista, deve manter
o mesmo adimplente com os bancos e demais financiadores de recursos financeiros". Ainda cita que "fica implícito no comentário do auditor que, a gestão e manutenção financeira saudável do fundo Arena Corinthians é uma obrigação do clube, o que convenhamos com o evento da Covid-19, se tornou uma missão extremamente difícil".

Balanços de 2018 e 2019 foram comparados pelo conselheiro

Reprodução/Internet

Alerta para o risco de liquidez imediata (capacidade de pagamento de compromissos de curtíssimo prazo)

Relatório cita claramente a possibilidade de risco de liquidez que "conceitualmente é a possibilidade da instituição não ser capaz de honrar eficientemente suas obrigações esperadas e inesperadas, correntes e futuras, inclusive as decorrentes de vinculação de garantias, sem afetar suas operações diárias e sem incorrer em perdas significativas".

Documento lembra que "a liquidez imediata da empresa está relacionada a capacidade de pagamento do clube de compromissos de curtíssimo prazo, já a liquidez corrente e seca representam a capacidade de pagamento a curto prazo, enquanto a liquidez geral indica a capacidade de pagamento de obrigações de longo prazo". E que "como é esperado os indicadores de liquidez corrente, imediata e seca, que estão relacionados a capacidade de pagamento no curto prazo, indicam que o clube terá serias dificuldades para pagar suas dívidas, e o mais grave indicam uma tendência de insolvência no curto prazo".

Relatório diz ainda que "considerando o grave desequilíbrio entre o orçado e o realizado, o enorme déficit acumulado e o descumprimento das regras do Profut entendemos que deveria ser considerado, na avaliação do auditor, a probabilidade de significativa expectativa de insolvência ou descontinuidade operacional em decorrência da incapacidade da instituição de cumprir com suas obrigações, considerando principalmente a expectativa do caixa gerado pelas atividades operacionais, capacidade de obtenção de empréstimos de instituições financeiras brasileiras e financiamento próprio, considerando os graves efeitos da crise econômica que certamente irá afetar o mercado do futebol em 2020".

E, por fim, pondera que "é importante ressaltar que a análise das contas pela empresa de auditoria, e constatar sua regularidade observando critérios essencialmente técnicos, não constitui certificação de regularidade de uma empresa".

Balanços de 2018 e 2019 foram comparados pelo conselheiro

Reprodução/Internet

Apontamento de risco operacional (não cumprimento do estatuto do clube e aos princípios legais, como Profut e Lei Pelé)

Documento diz que "dentre alguns eventos que estão associados ao risco operacional está o descumprimento e não observância – compliance - das normas internas (estatuto) e externas (leis especificas) que regulam as associações esportivas e os clubes de futebol" e que "considerando a abordagem de sensibilidade de risco, para esse aspecto, não vimos no relatório nenhuma menção do auditor ao descumprimento da normas estatutárias relativas à gestão financeira do clube".

Relatória aponta ainda que "outro aspecto não mencionado no relatório da auditoria, relacionado a risco operacional, é a constatação, ou não, de que foram atendidas as disposições do artigo 117 do estatuto, que permite a antecipação de 30% das receitas do ano de mandato subsequente, portanto realizáveis em 2020, e caso descumprida a regra, se houve justificativa da diretoria para o Cori com aprovação do Conselho".

Diz ainda o documento que "não identificamos no parecer a constatação pelo auditor da aderência da despesas contratadas pela diretoria em 2019 aos preceitos do artigo 119, parágrafo 3º do estatuto social, pois, aparentemente, operações de endividamento bancário acima de 10 mil salários mínimos (aproximadamente R$ 10 milhões) foram contratadas sem a necessária aprovação previa do Cori".

Documento lembra ainda que "o aumento relevante do endividamento do clube em 2019... é preocupante evento de risco operacional, pelo descumprimento do orçamento e do estatuto e deveria, caso haver constatação pelo auditor do descumprimento, ser relatado".

Relatório ainda aponta "descumprimento das regras do Profut, pois a lei que estabeleceu o programa determina que após a adesão o clube deve reduzir o seu déficit acumulado, que em 2019, deveria ser de R$ 21,9 mi, porém o que se concretizou foi um extraordinário aumento do déficit de R$ 177 mi".

E não para por aí. Documento diz que "o clube não está regular com as suas obrigações trabalhistas e tributarias federais, o que se constitui em outro grave evento de risco operacional, pois, o clube pode ser desqualificado para manutenção do programa, exigindo o recolhimento dos tributos parcelados no Profut que em 31/12/2019 representava R$ 203,2 milhões".

Apresentação de ações a serem tomadas de forma urgente para iniciar a resolução do problema

O relatório do conselheiro finaliza com uma conclusão final, lembrando que "com base nos números apresentados e na abordagem de avaliação de sensibilidade de risco, nossa conclusão é que as contas e resultados financeiros de 2019, apresentados pela auditoria não atendem as normas internas vigentes (estatuto) os princípios legais que regem as entidades e associações esportivas, expondo a instituição e seus dirigentes a graves sanções administrativas e legais previstas na lei".

Diz ainda que "considerando e respeitando eventuais discordâncias da conclusão desse estudo, recomendamos que o presidente da diretoria, com conjunto com o presidente do Conselho e do Cori, adotem medidas urgentes para mitigar os graves riscos operacionais e de liquidez que se vislumbram para o ano de 2020".

O documento, por fim, lista as ações a serem tomadas:

  1. Nomear uma comissão composta por profissionais que atuem na área financeira e de planejamento financeiro;
  2. Avaliar a atual situação financeira do clube face os efeitos da crise do Covid-19;
  3. Estabelecer um plano de ação para os próximos seis meses, para reduzir significativamente as despesas operacionais;
  4. Identificação de novas fontes de receitas e venda de ativos (jogadores);
  5. Revisar o orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo para 2020 e submetê-lo a nova apreciação do órgão estatutário.

Veja o que o presidente Andrés Sanchez respondeu sobre a crise do Corinthians

Veja mais em: Diretoria do Corinthians, Andrés Sanchez e Arena Corinthians.

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