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Corinthians é condenado e pode ter de pagar R$ 2 milhões para ex-fisioterapeuta; entenda o caso

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Por Tomás Rosolino e Rodrigo Vessoni

Julio Suman, em pé, foi um dos fisioterapeutas do Corinthians por quase dois anos

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

O Corinthians vem passando por uma série de processos e tenta se organizar para arcar com os custos de tantos problemas na Justiça. Um dos mais antigos, por sinal, já condenou o clube a pagar R$ 2.200.000,00, se arrasta desde 2010 e é movido pelo ex-fisioterapeuta alvinegro, Julio Suman. A causa já foi vencida em duas instâncias pelo profissional e está desde 2019 com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde aguarda julgamento de um recurso do clube.

Suman trabalhou no clube entre março de 2008 e dezembro de 2009. Ele pediu ressarcimento por uma série de direitos trabalhistas não respeitados, já que foi contratado como pessoa jurídica enquanto os outros dois fisioterapeutas do clube, que exerciam a mesma função, recebiam pela CLT.

O fisioterapeuta perdeu na primeira instância a parte que falava do vínculo empregatício, em 2014, mas recorreu e ganhou a causa no TRT. Com isso, o processo voltou para o juiz de primeira instância e, lá, Suman teve ganho de causa para todas as verbas trabalhistas não pagas neste período.

Foi a vez, então, de o Corinthians recorrer à causa, em 2017, mas o TRT manteve a decisão favorável a Suman. O clube, então, levou o tema ao TST, onde aguarda julgamento desde o ano passado.

Paralelamente a isso, o perito judicial calculou o valor milionário de indenização, corrigido pela inflação. O juiz da Vara do Trabalho aceitou e o processo teve uma execução provisória. Caso a decisão seja mantida no TST, a execução provisória se torna definitiva e o Timão vai ter de buscar recursos para fazer o pagamento.

Alegações: reconhecimento de vínculo empregatício (registro na CTPS), pagamento de verbas trabalhistas (férias + 1/3, 13º salário, aviso prévio, FGTS + 40% da multa, seguro desemprego), horas extras e reflexos das premiações.

"Nós éramos em três fisioterapeutas, eu era o único com contrato, os outros dois eram CLT. Como eu tava na Coreia um ano antes, o salário era maior do que o dos que estavam lá, talvez por isso optaram pelo contrato", disse Suman ao Meu Timão.

Além da questão trabalhista, porém, ele admitiu que a maneira como foi tratado na saída pesou na decisão de processar.

"Quando terminou o contrato, em dezembro de 2009, eu renovei por mais dois anos, informalmente, em conversa com o Joaquim Grava e com ciência do Mário Gobbi, que era diretor na época. Perguntei: 'quando nós vamos assinar?'. Falaram que ia assinar quando voltasse, em 2010", começou Suman.

"Mas aí, um dia antes da reapresentação, me ligaram e falaram para eu não me apresentar. Eu liguei para o clube e o Saulo (Magalhães, supervisor de futebol) não sabia o que tinha acontecido. O que chegou para mim foi que o Mário Gobbi disse que era para me agradecer e que, se eu não estivesse satisfeito, para eu procurar os meus direitos", disse.

Incomodado com a frieza na dispensa, Julio afirma que havia declinado outras ofertas durante as férias por causa do acerto verbal no fim de 2009. A ideia de estar no clube no ano do Centenário o seduziu mais do que o dinheiro de outros lugares.

Ele conseguiu seguir em frente e acertou com o Palmeiras em fevereiro de 2010, por indicação do ex-zagueiro Antonio Carlos Zago, que havia virado técnico do clube alviverde. Seis meses depois, com a saída de Zago do arquirrival corinthiano, decidiu também sair em solidariedade.

Àquela altura, porém, já havia concluído que deveria processar o Corinthians pelo tempo em que não foi registrado no clube.

"Fiquei muito chateado com a forma pela qual fui tratado, sem respeito. Era um direito deles, mas era só me avisar antes, foi uma decepção grande. Como eu tinha tudo, documento de concentração, viagem, hotel, juntei tudo, procurei um advogado e entrei com essa ação", recordou.

Julio agora aguarda uma resolução processual para receber o dinheiro que lhe é devido. Os advogados tentaram até bloquear a conta do clube, mas encontraram apenas R$ 6 mil. Ele já não trabalha mais em clubes de futebol e costuma ajudar alguns jogadores que o procuram individualmente.

O outro lado

Procurados pela reportagem, o consultor médico do clube, Joaquim Grava, e o diretor de futebol corinthiano à época, Mário Gobbi, não corroboram com a versão apresentada por Júlio sobre a saída.

Em contato com a reportagem, Grava disse: "Eu nunca tomei conduta nenhuma desse tipo com um funcionário. Renovação de contrato eu nunca me envolvi". Ele ainda contou como conheceu Suman e a maneira que costuma coordenar as suas equipes no Corinthians.

"Quando eu fui para o Santos eu levei o Julio para lá e ele foi bem. Aí, quando eu vim para o Corinthians, eu levei o Julio para ajudar a trabalhar lá e ele ficaria full time. Mas eu não trato de salário nem contrato, só falo com quem eu gostaria de trabalhar. Provavelmente não houve acordo pessoal ou financeiro com a diretoria, e a diretoria resolveu dispensá-lo", concluiu.

Já Mário Gobbi, também citado por Suman, enviou uma resposta via assessoria de imprensa dizendo que não teve influência na decisão de demitir o fisioterapeuta naquela época.

"Na passagem do Mário como diretor de futebol (dezembro de 2007 a dezembro de 2010), o departamento médico do Corinthians sempre foi comandado pelo Dr. Joaquim Grava. Nunca houve interferência ou ingerência nas decisões tomadas por ele", informou.

Veja mais em: Processos do Corinthians.

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