Preparador de goleiras do Corinthians detalha treino durante pandemia e ressalta qualidade do elenco
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Por Meu Timão
A goleira Lelê começou o ano de 2020 como titular do Corinthans
Bruno Teixeira/Ag. Corinthians
A CBF já definiu quando o calendário do futebol feminino será retomado. Pensando nisso, a equipe feminina do Corinthians segue treinando em casa com o auxílio da comissão técnica. E o preparador de goleiras Edson Junior detalhou como tem sido o trabalho das arqueiras.
Há mais de três meses afastadas dos gramados, as jogadoras do Timão lidam com a dificuldade de treinar em casa para não perder a forma durante a paralisação do futebol. Mas essa tarefa é ainda mais difícil para as goleiras, que dependem da presença dos preparadores. Pensando nisso, Edson Junior, preparador e goleiras do Timão, contou como tem sido os treinos das atletas durante a paralisação do futebol.
"É difícil, não é tão simples a tarefa, tentamos nos preocupar com o físico e movimentos específicos. Então, por exemplo, no chute de cobertura, tentamos trabalhar o físico. Elas não vão ter a bola, mas têm o físico. Ai de bola, tem o paredão, ou se elas têm alguém que pode ajudar, elaboramos exercícios. Eu gosto muito da parte cognitiva também, tem muitas cores e contas dentro dos treinos, e ai elaboramos exercícios para trabalhar essa parte delas também", contou em live no perfil oficial do Corinthians Feminino no Instagram.
As atividades cognitivas, citadas pelo preparador, são destaque constante nos treinos presenciais do Timão. De acordo com ele, as goleiras têm função importante e precisam estar inseridas no modelo de jogo do time. Ele ainda explicou quais os objetivos e a importância das atividades.
"A posição do goleiro mudou muito de anos para cá, antes era só defender o gol. Nem jogar com o pé direito, era o básico. Hoje em dia, a goleira está inserida no modelo de jogo, precisa pensar, tomar decisões, quando joga por dentro, quando mantém posse, quando tem bola mais esticada... A vida é mais complexa para goleiros hoje. E os treinos cognitivos, de uma maneira geral, fazem elas terem várias atenções. Que precisa no jogo. Precisa defender e pensar na cor, na conta... em tudo. No jogo ela tem que pensar no todo, não só fazer a defesa, tem que estar pensando no macro. E é isso que a gente estimula", explicou.
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A última temporada da equipe feminina do Corinthians foi de destaque. As meninas quebraram recordes e venceram 43 dos 47 jogos disputados, além de terem empatado três jogos e perdido apenas um. Além disso, a equipe foi vazada em apenas 19 oportunidades, fruto do bom trabalho das atletas.
Mas diferente do que acontece normalmente, apesar da defesa sólida, a equipe alvinegra não teve uma única atleta na meta. As quatro goleiras alvinegras se revezaram ao longo da temporada e tiveram boas atuações. Para Edson, o clube só tem a ganhar com isso.
"É muito difícil isso acontecer, sou privilegiado. Em vários sentidos. As quatro são excelentes, temos relações muito boas e elas sabem a importância delas. E nossa comissão é muito boa também. Existe a resposta delas, e nós temos espaço para trabalho. Elas deram respostas positivas em todas as oportunidades e hoje tenho muita tranquilidade de saber que qualquer uma vai nos servir muito bem. Isso é mérito delas e do trabalho com Artur também. Por exemplo a Lele, jogou 22 jogos ano passado, e a Tainá 20. É praticamente o mesmo número. Elas revezaram partidas muito importantes. Dividimos bem nesse sentido. Foi muito bacana, conseguimos contar com todas, sou grato pela comissão abraçar a ideia e pela resposta delas. E ai nada mais justo do que dar oportunidades para elas", pontuou o preparador.
Por fim, Edson ainda explicou a diferença da realidade das atletas nessa posição em relação ao time masculino. Segundo ele, a trajetória nas duas modalidades é diferente e influencia diretamente na atuação das atletas.
"É diferente trabalhar com mulheres, precisamos entender o contexto delas. E a vivência delas. Um menino começa a ter jogos decisivos já com oito anos, quando ele está no profissional ele já teve muitas situações, de altos e baixo diferentes, venceu campeonato com defesa boa, perdeu com falha dele... no futebol feminino, muitas vezes as goleiras já iniciam no profissional, ou muito próximo. Então as primeiras partidas importantes já são final, semifinal, então é normal ter essa oscilação e você tem que entender isso e fazer elas entenderem que isso é normal, porque isso traz confiança para elas. Nós já temos quatro, cinco anos, de trabalho, então já passamos por isso. Hoje é mais tranquilo cobrar uma regularidade delas, e elas sabem disso e que elas têm que ser regular, elas sabem a importância disso. Mas no início eu tive mais cuidado nesse sentido, na cobrança do erro, do acerto. Fez parte do processo, e hoje temos um nível muito bom por conta disso", concluiu.
