Conselho Deliberativo do Corinthians vota as contas de 2019; déficit é de quase R$ 200 milhões
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Por Rodrigo Vessoni
O Conselho Deliberativo do Corinthians, enfim, votará as contas de 2019. O encontro dos conselheiros será na noite desta terça-feira no auditório da Neo Química Arena. A reprovação pode iniciar o processo de impeachment do presidente Andrés Sanchez - veja mais abaixo.
Entre vitalícios e trienais, cerca de 320 conselheiros darão parecer sobre o exercício fiscal do ano passado, que fechou num déficit de quase R$ 200 milhões. Foi a primeira vez na história que o clube fechou uma temporada com três dígitos negativos.
O primeiro documento apontou um déficit de R$ 177 milhões, chamado pela diretoria em nota como "completamente administrável". Porém, após o Meu Timão revelar derrotas na Justiça do Trabalho não contabilizadas com precisão pelo clube - J. Malucelli e o fisioloterapeuta Julio Suman -, o documento foi refeito, fazendo o déficit passar dos R$ 195 milhões.
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A votação deveria acontecer no fim de abril, porém, devido à pandemia, houve a postergação da mesma em quase seis meses. Houve muita pressão da oposição para que a votação fosse realizada de forma remota, algo que sempre foi rechaçado por Antonio Goulart, presidente do Conselho Deliberativo.
Além do atraso para a votação, houve demora também na publicação do balanço. De acordo com a legislação nacional, todos os clubes precisam publicar seus números do ano fiscal anterior até 30 de abril. O documento corinthiano foi publicado no site oficial quase um mês depois.
Na ocasião, a diretoria se apoiou na Medida Provisória 931, que estendeu o prazo de prestação de contas para empresas devido ao coronavírus. Por outro lado, a oposição contestou que o clube não se encaixava na MP por não ter fins lucrativos.
Impacto na eleição presidencial
A expectativa é grande pela reunião, já que seu resultado poderá ter um grande impacto na eleição presidencial marcada para o fim de novembro.
A oposição acredita que, devido ao déficit de quase R$ 200 milhões no exercício fiscal de 2019, as contas serão reprovadas pelo Conselho Deliberativo, confirmando assim uma das maiores derrotas políticas de Andrés Sanchez no Parque São Jorge.
O atual presidente, porém, acredita que terá maioria no Conselho para a aprovação das contas do ano passado, apesar do déficit.
O que acontece se reprovar?
Se as contas forem reprovadas no Conselho Deliberativo, abre-se a possibilidade de impeachment do presidente Andrés Sanchez. Isso, porém, passaria por um rito processual.
O primeiro passo teria de ser dado pelo presidente do CD, Antonio Goulart, que autorizaria a abertura do processo junto à Comissão de Ética e Disciplina do clube que, por sua vez, abriria espaço para uma ampla defesa de Andrés.
Após essas etapas, então, poderia ser marcada uma Assembleia Geral para votação do impedimento ou não. Se Goulart não iniciar o processo, um conselheiro da oposição ou mesmo um dos grupos oposicionistas poderia acionar a Justiça comum.
Em tempo: como a eleição presidencial acontecerá em pouco mais de um mês - 28 de novembro -, é bem provável que todo esse rito processual não seja nem iniciado.