Tiago Nunes conta como trabalho não funcionou no Corinthians e nega arrependimento por vinda
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Por Meu Timão

Tiago Nunes em seu último jogo pelo Corinthians, em setembro de 2020
Danilo Fernandes / Meu Timão
84 dias. Esse é o tempo que Tiago Nunes deixou o cargo de treinador do Corinthians após uma derrota para o Palmeiras, na Neo Química Arena. O técnico chegou à final do Paulista, mas não resistiu aos resultados negativos no Brasileirão.
Em entrevista à ESPN Brasil, o treinador, hoje sem clube, explicou o motivo pelo qual não conseguiu implementar seu trabalho no CT Joaquim Grava. O técnico avaliou as mudanças que precisou fazer em sua curta passagem pela equipe, mas lamentou o processo de continuidade.
"Eu trabalhei três meses. Teve o Paulista e a Florida Cup, onde eu fiz a preparação. Aí paramos para a quarentena, quase 4 meses, mais de 100 dias. Voltamos, e eu fiquei mais dois meses e meio. Se você pegar um processo de continuidade, ele não existiu. Foram 28 jogos, e se você consegue mudar um time em 28 jogos, temos maneiras diferentes de avaliar. A continuidade não existiu. Eu não consigo enxergar uma mudança (em uma cultura) tão impregnada e tão enraizada como havia. Tanto que tenho que tentar mudar muito as características do jogadores", explicou Tiago.
"Quando a gente vai pra quarentena, fiz mudanças pontuais. Coloquei o Carlos Augusto na lateral esquerda, a gente passa a jogar praticamente com três zagueiros: Carlos, Avelar e Gil, liberando mais o Fagner. Eu coloco Gabriel e Ederson, jogadores que não têm o potencial de construção técnico de Camacho e Cantillo, mas tem mais potencial físico e atlético para competir e ser mais agressivos na disputa. E tiro um jogador de velocidade, porque a gente não estava conseguindo achar esse jogador. E coloco o Mateus Vital para jogar. primeiro com o Boselli, depois com o Jô, para tentar criar uma equipe mais consistente defensivamente, mas que tivesse o mínimo potencial técnico para não perder as ideias construídas", seguiu.
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Demitido após um revés para o Palmeiras em casa, o técnico reconheceu que não conseguiu engatar uma sequência com a equipe, mas que fatores extracampo também foram determinantes para sua saída do Timão.
"Antes da parada, era uma equipe que criava muito e sofria muito. Depois, sofria menos mas não criava muito, e a gente não conseguiu encontrar, precisava mais tempo, mais jogos. O equilíbrio foi o desafio até a minha saída. A gente não conseguiu encontrar uma sequência. Eu havia subido alguns da base como Xavier, Roni, Gabriel Pereira, Ruan Oliveira, o processo fica naquilo de tentativa, erro e acerto. E você começa a ser avaliado externamente. E começam a dizer que o treinador está perdido. Isso numa realidade que tem o corona, eleição e os salários atrasados", contou Tiago Nunes.
Mesmo com um trabalho questionável, o treinador, que chegou com a grande expectativa de mudar a filosofia do clube, negou qualquer arrependimento em ter aceitado o convite para treinar a equipe do Parque São Jorge e que não descarta uma volta ao CT Joaquim Grava.
"Não, de maneira alguma, zero arrependimento, até porque foi uma decisão muito pensada. Eu, quando vou mudar meu rumo profissional, penso no melhor e no pior cenário. Eu dimensionei que, se desse certo, abriria portas no Brasil e fora. E, se desse errado, sofreria críticas e geraria uma interrogação sobre mim. A gente ainda tem no Brasil, e em outros lugares, o ‘melhor treinador da semana’. Você tá sendo julgado semanalmente, e isso não é o que interfere na minha carreira. Eu precisava dessa experiência de dirigir um clube com essa representatividade e cobrança e exposição para entender o que é estar na alça de mira de opinião pública. (O Corinthians) me trouxe aprendizado e confiança para lidar nos próximos trabalhos, para não voltar a cometer erros que tive lá, de gestão e de ideias", afirmou o treinador.
"Não tenho nenhuma restrição em relação ao Corinthians. E, sobre o Athletico, tenho certeza que vou voltar. Não tenho a mínima noção de quando. No Corinthians, não sei, porque o clube se transforma. Não foi como eu gostaria, e isso me provoca para tentar conquistar um caminho. Mas isso é incontrolável. É deixar na mão de Deus e merecer ser convidado, se não no Corinthians, num outro clube desse tamanho", completou.
No comando do Corinthians, Tiago Nunes disputou 27 partidas, sendo nove vitórias, dez empates e oito derrotas. O treinador, que levou o time à final do Paulistão, teve aproveitamento de 45,68% em sua passagem pelo CT Joaquim Grava.