De ‘humilhação’ à falta de apoio: ex-Corinthians expõe relação conturbada com Alessandro e Fagner
21 mil visualizações 115 comentários Reportar erro
Por Meu Timão
Daniel Marcos em treinamentos na época em que ainda atuava pelo Corinthians
Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Daniel Marcos, lateral-direito e cria do Terrão que se aposentou com apenas 23 anos, expôs sua relação com antigos companheiros do Corinthians. O ex-atleta elogiou a grandiosidade de Alessandro e Fagner como jogadores, mas revelou incômodo com os ídolos durante sua trajetória.
“Como diretor, o Alessandro foi um dos pilares para que minha história não desse mais continuidade no Corinthians. Infelizmente, eu volto de lesão e acabo sendo totalmente tachado, aí começa uma história de humilhação, não tem outra palavra. Se o elenco treinava de manhã, eu treinava de tarde. Se o elenco se troca no vestiário, eu me troco no vestiário do jardineiro ou do pessoal da limpeza… Tudo que o elenco fazia, eu tinha que fazer ao contrário, tipo água não se misturava com vinho”, iniciou Daniel em entrevista à Central do Timão.
“Totalmente escolhas do Alessandro, até porque o Duilio (Monteiro Alves), que era o presidente da época, gostava de mim. Não sei por que ele (Alessandro) não gostava de mim, essa é a palavra certa. Em relação a conversar, ele era muito bom, conseguia me convencer, mas na hora de ajudar e estender a mão para eu voltar com minha carreira, muito pelo contrário. Ao invés de ele me ajudar ao lugar que eu parei, ele me empurrou para onde eu nunca estava, que era um jogador largado, sem pretensão de virar profissional”, expôs o ex-jogador.
O jogador chegou a ganhar chances no profissional com Fábio Carille, em 2019, quando atuou por dois amistosos diante de Vila Nova e Londrina. Porém, depois desse período, não teve mais oportunidades no clube. Tiago Nunes chegou a integrar Daniel nos treinos do profissional em 2020, mas as diversas lesões atrapalharam uma ascensão no Corinthians.
Se os problemas físicos foram essenciais para a desistência do futebol, a falta de apoio no clube do Parque São Jorge também mexeu com o jogador. Daniel também afirmou que se sente decepcionado com seu tempo ao lado de Fagner. Ele conta que a maneira do lateral-direito lidar com os jovens da base era muito diferente em relação aos outros líderes do elenco.
“Só ponto positivo para, principalmente, Fábio Santos, Gil e Cássio. Esses caras traziam para perto, tentavam ajudar na questão em campo, cada um na sua posição. O Fábio Santos eu via chegar no (Lucas) Piton. O Gil vi com Tchoca, com Caetano, com o Robert (Renan), chegar e dar um toque, falta isso, falta aquilo. E o 'Cassião' com todo mundo. Agora, falando da minha posição, por exemplo, o Fagner nunca chegou para me ajudar. Era uma questão mesmo de disputa, então se eu errasse um cruzamento e ele acertasse, ele não estava nem aí”, revelou Daniel sobre a relação com Fagner.
“Mesmo eu subindo da base, eu era um concorrente direto na carreira dele. Foi decepcionante. Em março de 2021, ele (Fagner) senta lá no DM e eu ligo para tirar uma foto com ele. Não podia nem usar o celular no DM e eu peço para tirar uma foto com ele. Aí quando eu volto para treinar, o tratamento não foi recíproco. Isso me chateou bastante, fiz de tudo para ter pelo menos uma foto com ele e na hora de dividir o campo… Não precisava me estender o tapete vermelho para eu tomar a posição dele, mas pelo menos ajudar em alguma coisa”, completou.
Daniel teve uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito e precisou passar por cirurgia em 2021. Ele tinha contrato com o clube alvinegro até 2024, mas depois do período lesionado, foi emprestado ao Cianorte e, posteriormente, ao Ferroviário. Sem sequência no Timão, ele rodou o futebol brasileiro e se aposentou este ano, após uma passagem no Resende, do Rio de Janeiro.
Apesar das rusgas com os ídolos alvinegros da mesma posição, Daniel deixou claro que enxerga ambos como inspirações de carreira para os jovens das categorias de base do Corinthians. Segundo o próprio lateral, a relação com o Timão ainda é de carinho, já que é torcedor do clube.
“Hoje, quem chega no Corinthians e pensa em ser lateral-direito desde a base tem que se inspirar, principalmente, nos dois (Alessandro e Fagner), que são mais recentes. Um campeão mundial e o Fagner, uma linda história também. Então, como lateral-direito são dois jogadores que você tem que se inspirar”, finalizou.