Ex-diretor do Corinthians fala em 'armadilha' e acusa Augusto Melo sobre suposto rombo financeiro
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Por Meu Timão

Wesley Melo (esq.) foi o diretor financeiro do Corinthians durante a gestão de Duilio Monteiro Alves (dir.)
Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Ao longo da agitada semana do Corinthians, veio a público a notícia de que a diretoria apura um possível rombo de pelo menos R$ 150 milhões não contabilizado no balanço financeiro de 2023, o último da gestão presidida por Duilio Monteiro Alves. Wesley Melo, ex-diretor financeiro alvinegro, falou pela primeira vez sobre o caso neste sábado.
Por meio de nota oficial, o ex-diretor disse que se encontrou com Augusto Melo, atual presidente do Corinthians, no início de abril e na última semana para tratar do caso, mas que "hoje entendo que tentaram me colocar numa armadilha". "O atual Diretor Financeiro concordou em fazer uma reunião comigo na quinta-feira desta semana. Claro que, não por coincidência, um dia antes, fui abordado pela reportagem do GE e avisado de que uma matéria seria publicada na manhã de quinta (justamente o dia da reunião no clube) informando que o clube estaria apurando um possível ajuste milionário nas contas anteriores a 2024", comentou Wesley Melo.
"Finalmente, na reunião de quinta-feira, na presença do Presidente Augusto Melo, do Diretor Pedro Silveira, de dois membros da Alvarez & Marsal, do Superintendente Financeiro, Seedorf, do atual contador do clube, de um membro do Conselho Fiscal e de um consultor financeiro, me mostraram alguns temas de contingências passadas, mas sem detalhes. Somente depois de insistir em obter mais informações — já que estava justamente no clube para isso — me disseram que no dia seguinte (sexta-feira, ontem) poderiam apresentar os detalhes. Eu não tinha disponibilidade para voltar ao clube, mas o Roberto Gavioli, Superintendente Financeiro da minha gestão, gentilmente se prontificou a ir no meu lugar", completou o ex-diretor.
"Infelizmente, a reunião feita ontem, sexta, por Gavioli também não pôde ser em nada conclusiva. Apesar de terem exigido que ele assinasse um NDA (Non-Disclosure Agreement), foram apresentados apenas relatórios não oficiais (!!!!), planilhas supostamente demonstrando os alegados ajustes e análises paralelas, insuficientes para qualquer entendimento completo. Não houve contestação efetiva, diagnósticos objetivos, documentos oficiais comprobatórios ou apresentação dos argumentos citados, apesar da nossa insistência a este acesso", concluiu.
No decorrer da nota, o ex-diretor concluiu que a ação de Augusto Melo é política para "tentar encobrir o aumento astronômico do endividamento" da atual gestão, que, vale lembrar, enviou um rascunho do balanço financeiro de 2024 ao Conselho de Orientação (Cori) que indica um aumento de R$ 700 milhões da dívida do Corinthians. Em nota oficial, a gestão alega que é responsável apenas por R$ 400 milhões desse total.
Wesley Melo ainda destacou que as contas de 2023 foram aprovadas pela RSM (empresa de auditoria externa), pelo Conselho Fiscal e pelo Conselho Deliberativo em 2024. Sobre a votação, aliás, a minoria dos que aprovaram votaram com ressalvas - 23 contra 110. Todos os órgãos internos do Corinthians, vale destacar, já contavam com membros da atual gestão eleitos no final de 2023.
"Pensei que ainda pudesse ajudar a esclarecer dúvidas e colaborar no fechamento do balanço de 2024, mas a agenda da atual diretoria é outra. Que, a partir de agora, fechem as demonstrações financeiras e tentem as aprovações da auditoria externa, do Conselho Fiscal, do CORI e do Conselho Deliberativo", encerrou Wesley Melo - leia a nota na íntegra abaixo.
A alegação da atual diretoria do Corinthians é que esse rombo milionário se dá por dívidas tributárias que ainda estariam em discussão na Justiça. A gestão entende que esse montante deveria ter sido lançado no balanço de 2023 como "provisão de contingência", uma reserva para disputas nos tribunais que o clube entende ter chance de derrota.
O balanço financeiro de 2023 fechou com superávit de R$ 1,2 milhão, além de indicar que a dívida do Corinthians estava avaliada em R$ 1,96 bilhão. Caso os R$ 700 milhões se comprovem, o valor subirá para R$ 2,69 bilhões.
A gestão presidida por Augusto Melo tem até a próxima segunda-feira, dia 14, para apresentar ao Cori o balanço financeiro de 2024. O órgão, então, tem que apresentar um parecer ao Conselho Deliberativo, que vai aprovar ou rejeitar as contas no dia 28.
Leia na íntegra a nota emitida por Wesley Melo, ex-diretor financeiro do Corinthians
Infelizmente, me sinto obrigado a esclarecer e relatar mais um ato de irresponsabilidade e leviandade do presidente do Corinthians, Augusto Melo.
Tive conhecimento de que ontem, em reunião com torcedores e sócios, Augusto afirmou que eu saí do clube na quinta-feira (10), após reunião com ele e demais membros da sua diretoria, com medo de ser preso por conta de rombos nas contas da gestão passada.
Augusto, além de um grande mentiroso, deveria ao menos se envergonhar perante sua equipe, que presenciou a reunião.
Hoje entendo que tentaram me colocar numa armadilha.
Na sexta-feira, 04 de abril, o atual Diretor Financeiro, Pedro Silveira, em um café solicitado no dia anterior, me informou que haviam identificado contingências passadas que poderiam afetar as demonstrações financeiras de 2023 e que estavam estudando a possibilidade de reabrir essas demonstrações. De toda forma, as contingências ainda estavam em análise.
Afirmei que achava muito pouco provável haver algo que tecnicamente pudesse afetar as contas de 2023, uma vez que já tinham passado pela auditoria da RSM e pelo Conselho Fiscal, mas que estaria disponível para analisar em conjunto, caso fosse do interesse da atual diretoria.
Depois da nota oficial do clube contra o CORI, publicada na última sexta-feira à noite — em que também mencionaram a possibilidade de ajustes por contingências —, mais uma vez me coloquei à disposição (e praticamente pedi) para colaborar e revisar os temas relacionados.
O atual Diretor Financeiro concordou em fazer uma reunião comigo na quinta-feira desta semana. Claro que, não por coincidência, um dia antes, fui abordado pela reportagem do GE e avisado de que uma matéria seria publicada na manhã de quinta (justamente o dia da reunião no clube) informando que o clube estaria apurando um possível ajuste milionário nas contas anteriores a 2024. E assim foi feito. Na ocasião, respondi ao jornalista que eu não possuía detalhes para comentar e cheguei a pedir, em vão, que a matéria não fosse publicada antes de termos acesso aos fatos.
Finalmente, na reunião de quinta-feira, na presença do Presidente Augusto Melo, do Diretor Pedro Silveira, de dois membros da Alvarez & Marsal, do Superintendente Financeiro, Seedorf, do atual contador do clube, de um membro do Conselho Fiscal e de um consultor financeiro, me mostraram alguns temas de contingências passadas, mas sem detalhes. Somente depois de insistir em obter mais informações — já que estava justamente no clube para isso — me disseram que no dia seguinte (sexta-feira, ontem) poderiam apresentar os detalhes. Eu não tinha disponibilidade para voltar ao clube, mas o Roberto Gavioli, Superintendente Financeiro da minha gestão, gentilmente se prontificou a ir no meu lugar.
Infelizmente, a reunião feita ontem, sexta, por Gavioli também não pôde ser em nada conclusiva. Apesar de terem exigido que ele assinasse um NDA (Non-Disclosure Agreement), foram apresentados apenas relatórios não oficiais (!!!!), planilhas supostamente demonstrando os alegados ajustes e análises paralelas, insuficientes para qualquer entendimento completo. Não houve contestação efetiva, diagnósticos objetivos, documentos oficiais comprobatórios ou apresentação dos argumentos citados, apesar da nossa insistência a este acesso.
É lamentável perceber que o objetivo da atual diretoria, nesses episódios comigo, era apenas se proteger politicamente e justificar uma provável reprovação das contas de 2024.
Não vou admitir, e irei até as últimas consequências possíveis, se esta diretoria, de forma arbitrária, tentar reabrir as demonstrações financeiras de 2023 — que foram auditadas pela RSM (empresa séria e de grande porte), validadas pelo Conselho Fiscal atual, aprovadas por unanimidade pelo CORI e por ampla maioria no Conselho Deliberativo.
É claro que as contas de 2023 estavam sob minha gestão, mas muito importante deixar registrado e de forma transparente que o fechamento desse balanço se deu em abril de 2024, quando a gestão já era de Augusto Melo. Ou seja, se algo de fato estivesse errado no balanço de 2023, já teria sido detectado pela atual administração, até porque os profissionais que estavam à frente da Diretoria Financeira, ao menos até o mês de maio de 2024 e pediram desligamento posteriormente por motivos que todos nós sabemos, tinham capacidade para detectar qualquer erro passado.
Claramente, depois de descumprir prazos acordados com Conselho Fiscal e CORI para apresentação das demonstrações auditadas de 2024, a atual gestão tenta criar factoides para tentar encobrir o aumento astronômico do endividamento e seu completo descontrole das contas e de sua demonstração.
É decepcionante ver o Corinthians sendo administrado por incompetentes, irresponsáveis e levianos.
Pensei que ainda pudesse ajudar a esclarecer dúvidas e colaborar no fechamento do balanço de 2024, mas a agenda da atual diretoria é outra. Que, a partir de agora, fechem as demonstrações financeiras e tentem as aprovações da auditoria externa, do Conselho Fiscal, do CORI e do Conselho Deliberativo.
Sem mais,
Wesley Melo