Depoimentos de Augusto Melo e ex-diretores do Corinthians marcam semana decisiva do 'caso VaideBet'
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Por Victor Godoy
Augusto Melo vai prestar depoimento como "investigado" pela polícia, assim como Marcelo Mariano e Sérgio Moura, ex-diretor administrativo e ex-superintendente de marketing do Corinthians, respectivamente
Jhony Inacio/Meu Timão
Nesta semana, a Polícia Civil vai colher os depoimentos de Augusto Melo, presidente do Corinthians, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo - mas que ainda atua no dia a dia do clube -, e Sérgio Moura, antigo superintendente de marketing, nas que tendem a ser as últimas oitivas do inquérito do "caso VaideBet", que vem sendo apurado há quase um ano.
O primeiro a ser ouvido vai ser Marcelo Mariano, aguardado na delegacia às 14h desta segunda-feira. No mesmo horário, Sérgio Moura deve se apresentar na terça e Augusto Melo na quarta. O trio, vale lembrar, vai ser ouvido como "investigado", não como "testemunha", qualificação que vinha sendo utilizada para funcionários do Corinthians.
Pela intitulação, dá para se dizer que o "caso VaideBet" está em reta final de investigação. O caso já vem sendo apurado há 11 meses e a expectativa é que entre o fim de abril e o início de maio a polícia conclua se há indícios de crime. Se sim, os indivíduos serão indiciados ao Ministério Público, que vai avaliar as provas colhidas. Depois, um promotor pode fazer a denúncia ou optar pelo arquivamento do inquérito.
O delegado responsável pelo caso é Tiago Fernando Correia, do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) e da terceira delegacia responsável por casos de lavagem de dinheiro. Juliano Carvalho Atoji, promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), também participa das investigações.
O que a Polícia Civil está investigando no "caso VaideBet"?

Augusto Melo (esq.) e Sérgio Moura (dir.) durante coletiva de anúncio da VaideBet como patrocinadora máster do Corinthians, em janeiro de 2024
Jozzu/Agência Corinthians
O acordo envolvendo o Corinthians e a casa de apostas VaideBet chamou a atenção da Polícia Civil em maio de 2024, quando veio a público uma notícia do jornalista Juca Kfouri sobre um possível esquema de um "laranja" na intermediação do acordo de patrocínio máster.
A Rede Social Media Design LTDA, empresa apontada inicialmente como intermediadora do negócio e pertencente a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que trabalhou na campanha presidencial de Augusto Melo, teria direito a 7% dos R$ 360 milhões do negócio - cerca de R$ 25 milhões. Em seu depoimento, Cassundé disse que descobriu a casa de apostas por meio da inteligência artificial ChatGPT e que a comissão foi oferecida pelo clube do Parque São Jorge.
Contudo, a VaideBet não reconhecia a Rede Social Media Design LTDA como intermediadora e, em meio às polêmicas do caso, decidiu rescindir com o Corinthians em julho.
Em dezembro, Toninho Duettos, empresário e sócio de Gusttavo Lima, cantor sertanejo embaixador da VaideBet, veio a público reivindicar a intermediação do patrocínio milionário. Em seu depoimento à Polícia Civil, prestado em janeiro de 2025, o comerciante disse que Marcelo Mariano tirou seu nome do contrato de última hora e inseriu a Rede Social Media Design LTDA.
Em fevereiro de 2025, a polícia decidiu prorrogar o inquérito policial por 90 dias - até maio, portanto. No início de abril, vieram a público os chamados a Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura.
Sérgio Moura atuou na campanha presidencial de Augusto Melo - inclusive, foi quem apresentou Alex Cassundé ao então candidato - e recebeu o cargo remunerado de superintendente de marketing. Em meio à denúncia envolvendo a VaideBet e outras polêmicas, decidiu se afastar do posto em maio de 2024 para se defender judicialmente de acusações que vinha recebendo. A priori, a licença seria provisória, mas o funcionário nunca mais retornou ao Parque São Jorge.
Marcelo Mariano, por sua vez, é o personagem mais importante do "caso VaideBet". O ex-diretor administrativo teria participado das negociações com a casa de apostas e, em maio de 2024, autorizado ao departamento financeiro transferir R$ 1,4 milhão à Rede Social Media Design LTDA - inclusive, passando por cima de Rozallah Santoro, diretor financeiro do Corinthians até então. Em janeiro de 2025, foi retirado do cargo, mas segue atuando no dia a dia do Parque São Jorge.
Além do desdobramento judicial, o "caso VaideBet" pode custar o cargo de presidente do Corinthians a Augusto Melo. O mandatário vem enfrentando processo de impeachment devido aos impactos que a polêmica tem gerado ao Timão. O Conselho Deliberativo já aprovou o pedido, mas aguarda uma data para votar pelo afastamento do cartola.