Arrancada histórica, fim de jejum e inconstância: relembre a passagem de Ramón Díaz no Corinthians
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Por Matheus Fiuza
Ramón Díaz conduziu o Corinthians ao título do Paulistão de 2025
Danilo Fernandes / Meu Timão
Na tarde desta quinta-feira, o Corinthians oficializou a saída do técnico Ramón Díaz. O treinador não resistiu à sequência de uma vitória em seis jogos após o título do Paulistão, com a derrota mais recente para o Fluminense, em Itaquera, por 2 a 0, na quarta-feira.
O técnico argentino esteve à frente do comando técnico desde julho de 2024, ocupando o posto deixado por António Oliveira. A equipe alvinegra conseguiu escapar da fuga do rebaixamento no Brasileirão e quebrar o jejum de seis anos sem título com a conquista do Paulistão.
Atualmente, o Corinthians se encontra na 13ª posição do Brasileirão, com quatro pontos em quatro rodadas. Além disso, enfrenta o Novorizontino na terceira fase da Copa do Brasil e soma um ponto em dois embates na fase de grupos da Sul-Americana. Orlando Ribeiro, do Sub-20, será o treinador interino.
Abaixo, o Meu Timão traz um balanço sobre toda a passagem de Ramón Díaz no clube.
Fuga do Z4 e arrancada histórica
Ramón Díaz chegou ao Parque São Jorge com uma missão ingrata, embora recorrente na sua carreira: livrar a equipe do rebaixamento para a Série B do Brasileirão. Naquele momento, a equipe tinha apenas duas vitórias em 16 jogos, ocupando a 17ª colocação, com 12 pontos.
A estreia no comando do Corinthians ocorreu no dia 16 de julho, em vitória sobre o Criciúma, por 2 a 1, na Neo Química Arena. Após uma vitória fora de casa contra o Bahia, a equipe parecia embalar, mas ficou sete jogos sem vencer no Brasileiro, até superar o Flamengo em Itaquera, no 114º aniversário do clube.

Romero garantiu a vitória do Corinthians na estreia de Ramón Díaz
Danilo Fernandes / Meu Timão
Com o fantasma do rebaixamento cada vez mais firme, as coisas começaram a mudar a partir de outubro. O empate em casa contra o Internacional, por 2 a 2, poderia diminuir, mas aumentou o ímpeto e a conexão da Fiel com o time, que embalou uma sequência histórica, liderada pelo trio Rodrigo Garro, Memphis Depay e Yuri Alberto.
Nas nove rodadas finais, o Corinthians venceu Athletico-PR (5 a 2), Cuiabá (1 a 0), Palmeiras (2 a 0), Vitória (2 a 1), Cruzeiro (2 a 1), Vasco da Gama (3 a 1), Criciúma (4 a 2), Bahia (3 a 0) e Grêmio (3 a 0), igualando o recorde de triunfos consecutivos na história dos pontos corridos. Com essa sequência, a equipe saiu da zona de rebaixamento e terminou na sétima colocação, com 56 pontos, classificado para a fase preliminar da Libertadores.

Rodrigo Garro marcou o primeiro gol no Dérbi da arrancada do Brasileirão
Rodrigo Coca / Agência Corinthians
Gosto amargo nas copas
Em meio à fuga do rebaixamento, o Corinthians apresentava resultados diferentes nos torneios eliminatórios. A comissão técnica conduziu o Timão para as semifinais da Copa do Brasil e da Sul-Americana.
Na competição nacional, o elenco alvinegro chegou pela terceira vez consecutiva às semifinais, tendo pelo caminho disputa de pênaltis contra o Grêmio e gol no último minuto contra o Juventude, em Itaquera, para seguir vivo. No entanto, a equipe foi superada pelo Flamengo, perdendo por 1 a 0 fora de casa e empatando sem gols em casa, mesmo com um jogador a mais por mais de 45 minutos.

Corinthians empatou sem gols em Itaquera no jogo de volta
Danilo Fernandes / Meu Timão
Já no campeonato sul-americano, o Corinthians se mostrava um dos favoritos desde a fase de grupos, tendo a segunda melhor campanha geral. Após classificação emocionante sobre o Red Bull Bragantino, com três pênaltis decisivos defendidos por Hugo Souza, o Timão passou pelo Fortaleza, mas sucumbiu ao Racing, da Argentina, que seria o campeão daquela edição.

Corinthians empatou por 2 a 2 e perdeu o segundo jogo por 2 a 1, de virada
Rodrigo Coca / Agência Corinthians
Fim do jejum e fantasma da Pré-Libertadores
Embalado pelo fim de ano, o Corinthians entrou como um dos favoritos para a conquista do Paulistão. Mesmo alternando titulares e reservas ao longo da primeira fase, o Timão finalizou na primeira colocação do Grupo A, com 27 pontos em 12 rodadas.
No mata-mata, a equipe decidiu todos os jogos em casa. O clube do Parque São Jorge passou pelo Mirassol e pelo Santos, apesar de ter Rodrigo Garro "baleado" na reta decisiva. A classificação para a final, porém, ganhou um ingrediente inesperado para a temporada.
Antes da decisão contra o Palmeiras, o Corinthians se despediu precocemente da Libertadores. Após passar com dificuldades pela Universidad Central, da Venezuela, o Timão foi eliminado na terceira fase da Pré-Libertadores pelo Barcelona de Guayaquil, do Equador, com derrota por 3 a 0 fora e vitória em casa por 2 a 0.

Corinthians conquistou o 31º título do Paulistão sobre o Palmeiras
Danilo Fernandes / Meu Timão
A saída do torneio continental não abalou o elenco liderado pelo argentino. Yuri Alberto deu vantagem por 1 a 0 no Allianz Parque, aumentando a chance do fim do jejum. Com direito a pênalti defendido por Hugo Souza, expulsão de Torres e Memphis subindo na bola, a Fiel voltou a festejar seis anos depois com o 31º título do Campeonato Paulista.
Retrospecto geral
A comissão técnica de Ramón Díaz deixa o Corinthians após 60 jogos, sendo que Emiliano Díaz comandou a equipe duas vezes (vitória sobre o Atlético-GO por 3 a 0 e derrota para o Palmeiras por 2 a 0). Os números são os seguintes:
- Jogos disputados: 60
- Aproveitamento: 60.55%
- Vitórias: 31
- Empates: 16
- Derrotas: 13
- Gol a favor: 94 (1.57 por jogo)
- Gols contra: 62 (1.03 por jogo)
Além disso, ele terminou com o oitavo melhor desempenho entre técnicos estrangeiros pelo Corinthians:
- Guido Gioacominelli (Itália): 78% de aproveitamento (117J, 88V, 11E, 17D)
- Rafael Perrone (Itália): 73% de aproveitamento (16J, 10V, 5E, 1D)
- Ângelo Rocco (Itália): 70% de aproveitamento (74J, 49V, 9E, 16D)
- Freitas Solich (Paraguai): 69% de aproveitamento (70J, 44V, 13E, 13D)
- Joseph Tiger (Argentina): 68% de aproveitamento (22J, 14V, 3E, 5D)
- Jim López (Argentina): 68% de aproveitamento (26J, 16V, 5E, 5D)
- Virgílio Montarini (Itália): 67% de aproveitamento (75J, 46V, 13E, 16D)
- Ramón Díaz (Argentina): 60,5% de aproveitamento (60J, 31V, 16E, 13D)