Augusto Melo se defende em caso VaideBet e diz que Corinthians foi vítima
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Por Meu Timão
Mandatário do Corinthians fala publicamente após depor no caso VaideBet
Rodrigo Corsi / Ag. Paulistão
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, se pronunciou publicamente sobre o caso VaideBet após prestar depoimento à Polícia Civil de São Paulo. Investigado no inquérito que apura suposta irregularidade na intermediação do contrato entre o clube e a empresa de apostas, o mandatário garantiu que sempre teve interesse em falar com a Justiça e minimizou sua participação no processo de negociação.
Augusto também tratou da denúncia de impeachment que tramita no Conselho Deliberativo do Timão. Segundo ele, o processo foi motivado por questões políticas e não possui embasamento jurídico. O presidente ainda aproveitou para defender a saúde financeira do clube, negou a possibilidade de transformar o Corinthians em SAF e explicou pontos do balanço de 2024.
"Queria depor faz tempo, não via a hora. Sempre quis, até antes do processo. Tudo tranquilo, negociei tudo junto com o jurídico, compliance, marketing, financeiro. Não faço nada sozinho. Quando nos apresentaram, o intermediário estava no clube, ainda não tinha tomado posse, na transição. Nesse dia, me chega o Marcelo (Mariano, ex-diretor administrativo), disse que o rapaz estava trazendo a empresa", iniciou em entrevista ao Flow.
Augusto detalhou como se deu o primeiro contato com os representantes da VaideBet. Ele afirmou que estava analisando outras propostas quando Marcelo Mariano agendou uma reunião em que o então presidente da casa de apostas compareceria.
“Eu estava negociando com Pixbet e Betano. Falei para ele tocar, estava entendendo outras situações. Ele marcou uma reunião no dia 27, disse que não conseguia, tinha um almoço em Peruíbe, na casa do ex-diretor de futebol (Rubão). Marcelo disse que o presidente da VaideBet ia ao encontro só para me conhecer. Chegamos lá, conheci o presidente, ele quis entender como era. Negociamos valores, propriedades, futsal, feminino. Mas aí pedi mais por ter outras áreas. Foi tudo rápido. Saí depois disso, já que tinha outros compromissos, assim como faço com outras negociações".
Segundo o presidente, o contrato com a VaideBet foi fechado com respaldo dos setores internos do clube e em um processo considerado “tranquilo”. Ele também afirmou que foi o responsável por suspender os pagamentos de comissão após surgirem suspeitas envolvendo a empresa Rede Social Media Design LTDA, apontada como intermediadora do acordo.
"Quando ela sai numa sexta-feira, estava voltando de Londres, vendendo o Wesley. Cheguei na quinta, ela sai sexta e domingo tenho uma grande proposta: R$ 200 milhões. Mandei para o compliance e tinha um risco. Eu não aprovei. Consegui agora dois seguidos de R$ 309 milhões (Esportes da Sorte), quem escolheu foram o marketing e financeiro e deu certo. Eu que cessei pagamento de comissão, para investigar o contrato. Quando chegou, eu disse para ir à Polícia, quem dever, que pague. Meu amigo é do portão para fora".
Augusto Melo também aproveitou para se defender de acusações de má conduta financeira dentro do clube e reforçou que todas as decisões foram compartilhadas com os setores competentes do Corinthians.
"Estou há 14 meses, tenho cartão corporativo de R$ 1 milhão e nunca gastei um real. A negociação com a VaideBet foi muito tranquila. Os dois olharam as garantias e aprovaram, depois rescindiram. Por que não falaram da intermediadora? Minha participação é assim, depois os departamentos tomam conta".
Impeachment
Além de comentar o caso VaideBet, Augusto Melo abordou o processo de impeachment que enfrenta no Corinthians. O presidente classificou o pedido como uma tentativa de sabotagem interna e atribuiu a movimentação à atuação de um ex-dirigente do clube.
“Armação orquestrada pelo meu ex-diretor de futebol. Não provou nada, saiu disparando. Tem coisas que estão em segredo de Justiça. Por que ele não falou antes? Vestiu boné, camisa. Se não tivesse uma situação, eu não teria mandado embora. Foi tudo feito de forma honesta. O Corinthians não teve prejuízo. Tem uma multa para pagar, o jurídico vai tomar conta disso.”
Augusto ainda reforçou que confia nas autoridades e voltou a dizer que não tem qualquer envolvimento com ilegalidades. Segundo ele, o clube virou alvo de uma narrativa negativa em razão do desempenho esportivo recente do time masculino.
“Não tem embasamento (sequência do impeachment), confio na Polícia. Se tivesse algo, já tinham pegado. Meu depoimento foi claro, tudo que aconteceu está lá, não tenho envolvimento nenhum. O Corinthians foi vítima. Juntaram essa situação com o futebol mal. O sistema é bruto.”
Contas
Durante a entrevista, Augusto Melo também fez questão de esclarecer a situação financeira do Corinthians. O presidente reforçou que o clube tem potencial para se reerguer por meio de uma gestão profissional e afastou de vez qualquer possibilidade de transformar o Timão em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Segundo ele, o modelo pode ser útil em outras realidades, mas não cabe no cenário alvinegro.
“SAF? Nem a pau. O Corinthians é gigante, nunca vai precisar. Somos quase 40 milhões de donos. Não critico a SAF, em clubes pequenos há necessidade com as más administrações, mas não tem torcida que ajude. O Corinthians é uma marca potente e monstruosa, com uma torcida monstruosa. É só ter uma gestão profissional e equilibrada. Isso aprendi com o presidente do Bayern. Trabalhe para o próximo. Todos que vão assumir são corinthianos. É isso que Palmeiras e Flamengo fizeram. É mais fácil de sair dessa situação. O Corinthians arrecada R$ 1,1 bilhão e deve R$ 2,3.”
Na sequência, o mandatário comentou o balanço de 2024 e rebateu informações de que a dívida do clube teria aumentado em R$ 700 milhões. Augusto Melo explicou que uma auditoria apontou um número bem menor e afirmou que parte do crescimento da dívida se deve a lançamentos contábeis referentes ao ano anterior.
"As contas foram todas entregues. Não são R$ 700 milhões. Através de uma auditoria, não só o financeiro, um perito assinou. São R$ 191 milhões, está no site. São R$ 500 e poucos milhões de aumento de dívida, mas R$ 200 milhões que não foram lançados em 2023 e os juros que pagamos. Está equilibrado ali. Mas já recuperamos isso em receitas, atletas, ativos. Tive que pagar transfer ban, FGTS", concluiu o presidente.
