Romeu Tuma Júnior coloca prazo para votação de impeachment de Augusto Melo no caso VaideBet
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Por Felipe Sales e Victor Gomes
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo (CD) do Corinthians, revelou que dará continuidade à votação de impeachment do presidente Augusto Melo no caso VaideBet após a conclusão do inquérito policial, que está previsto para o fim de maio.
A expectativa de Tuma é que a votação aconteça no início de junho, ainda sem data definida. O presidente do CD ainda reforçou que, mesmo que não haja definição do inquérito até o final deste mês, ele irá agendar uma nova reunião para os conselheiros votarem sobre o afastamento de Augusto Melo.
"Quando acabar o inquérito, que parece estar no fim, nós vamos marcar (a votação). Mas se o inquérito demorar, nós vamos marcar também. Reitero que não há relação entre as coisas. O presidente foi acusado de infrações estatutárias. Como muita gente quer esperar e as coisas estão convergindo, não custa esperar. Eu vou esperar. Como os interesses agora estão convergindo e a imprensa noticiou que o inquérito está para acabar, deve acabar até o fim do mês. Se não acabar até o fim do mês, eu vou marcar de qualquer jeito. Até o fim do mês e comecinho de junho, vamos votar. Próximo mês, comecinho. Preciso ver calendário, jogo... Oportunamente vocês vão saber", iniciou Romeu Tuma Jr. em entrevista coletiva.
A coletiva durou mais de duas horas na manhã desta segunda-feira. Além de Romeu Tuma Júnior, estiveram presentes o presidente da comissão de Justiça, Leonardo Pantaleão, o presidente do Cori, Miguel Marques e Silva, e o secretário do Cori, Pedro Luis Soares. Outros membros do Cori e conselheiros também marcaram presença no Parque São Jorge.
O primeiro pedido de impeachment de Augusto Melo, por conta do caso VaideBet, foi votado em reunião no dia 20 de janeiro. O processo de admissibilidade foi aprovado por 126 a 114. Esse é um dos primeiros passos previstos no Estatuto do Corinthians. A reunião, porém, foi suspensa por questões de segurança e de horário.
Tuma explicou o motivo da demora na conclusão da votação do impeachment e justificou que a falta de segurança, aliada ao pedido dos conselheiros para aguardar a divulgação do inquérito policial, acabou atrasando os ritos do clube. O presidente do Conselho Deliberativo reforçou que a votação para o afastamento de Augusto Melo não tem a ver com ele ser culpado ou não pela Justiça, mas sim, por supostamente ter infringido o estatuto do Corinthians, sendo acusado de ferir a imagem do clube.
"Atrasar a votação para constranger o eleitor. Isso é um constrangimento. Se o eleitor votar sobre ameaça, ele está sendo constrangido, o voto dele está sendo manipulado. Enfim, nós tivemos esse problema e não tínhamos segurança para votar. Vários conselheiros me pediam para esperar o inquérito policial acabar. Outros me pediam para esperar o presidente depor na polícia. Eu sempre falei e volto a falar para vocês entenderem, o estatuto não convive com a polícia ou a Justiça. Nosso estatuto prevê infração estatutária, ele não fala de crime. Quando ele fala de crime, é para a pessoa não ser candidata. O conselho não investiga crime, não é nossa atribuição. Até seria crime a gente se meter a cumprir função pública. O conselheiro não tem atribuição de investigar crime. Eu disse, fora a infração, tem infração estatutária, que pode não ser crime, mas a infração estatutária, a pessoa pode ser expulsa do clube, independente de ser presidente... Então, o tempo da justiça e da polícia é um, o tempo do Corinthians é outro", explicou.
"O clube investiga, apura, infração estatutária. A polícia e a justiça investigam crimes. A comissão de ética tinha sugerido suspender (a votação), só que não podemos suspender, já expliquei isso. Mas vários conselheiros queriam, para formar sua convicção, para formar sua opinião, saber o que ia dar na polícia. O que vai concluir o inquérito policial? Outros pediam para esperar pelo menos o presidente se defender na polícia. Enfim, várias questões e a questão da insegurança. E isso foi adiando a votação. Chegou num momento em que esses interesses que eram completamente diferentes se convergiram. Porque, segundo notícias de vocês mesmos que a gente acompanha, o inquérito está em fase final. Então, assim, quem tinha interesse em esperar o presidente depor, ele já foi depor. A questão da segurança parece que hoje está muito melhor", completou.
Esse primeiro processo é referente somente ao caso VaideBet. Augusto Melo ainda enfrenta outros três pedidos de impeachment: um do conselheiro Paulo Roberto Barros, devido à reprovação de contas, e um do Cori, por falta de documentos, e um da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo, pedido nesta terça-feira. Apenas o da VaideBet já foi aprovado para votação.
Veja mais algumas declarações de Romeu Tuma Júnior sobre o assunto na coletiva
Processo de impeachment de Augusto Melo no caso VaideBet
"Muito bem, nós cumprimos todas as fases, só que quando chegou para mim, para marcar reunião do Conselho, o time estava na zona de rebaixamento, estava disputando as finais, as semifinais, enfim, estava em uma fase bem avançada da Sul-Americana. Não sei se vocês vão lembrar, mas eu não esqueci, eu fiz uma nota para a imprensa e aos associados e disse que o Conselho naquele momento não marcaria a votação porque o time estava na zona de rebaixamento e nós estamos focados em tentar ajudar o futebol, que para nós é o principal do Corinthians. E nós não queríamos contaminar o vestiário com questões políticas de administração. Apesar de importante, relevante, que é uma coisa que está na lei, está no estatuto, nós não iríamos contaminar o futebol. Então, nós não marcamos naquele momento, porque o time estava na zona do rebaixamento. E assim foi. O time conseguiu se recuperar, graças a Deus, foi feito um excelente trabalho pela diretoria, o time se recuperou, infelizmente saiu da Sul-Americana, não fomos para a final. E o time se recuperou".
Liminar de Augusto Melo para suspender a primeira votação de impeachment sobre o caso VaideBet em dezembro de 2024
"Quando foi no fim do ano, por volta de novembro, quando nós marcamos a primeira reunião, estava sendo lançada a vaquinha, o Doe Arena, pela nossa torcida junto com o clube. Houve uma solicitação da diretoria e da torcida para que, no dia em que estava marcada a reunião, era justamente o dia do lançamento. E a Polícia Militar também nos pediu, disse que não tinha condições de ser naquele dia, precisava fazer um policiamento, enfim. Nós mudamos a data, acho que era uma quinta, sexta, coincidia com a vaquinha, nós mudamos para uma segunda-feira. Quando foi o dia da reunião, o presidente, no seu direito de defesa, entrou com um pedido liminar para suspender a reunião na vara do Tatuapé, não conseguiu, ele foi ao Tribunal de Justiça e conseguiu uma medida liminar para suspender a reunião. Quando a reunião começou, às 19h, eu recebi um pedido de eliminar, recebi a liminar da mão do advogado do presidente e mandava suspender a reunião. Eu cumpri a decisão judicial. Nós suspendemos a reunião. Aí eu vou explicar uma coisa, até porque foi discutido isso na imprensa. Eu entendo que houve um equívoco por parte dos advogados do presidente. Eu vou responder isso, até para deixar claro para quem está nos assistindo, porque o advogado do presidente deu entrevista. Eu lembro bem que ele falou em alguns veículos de comunicação, falou no Meu Timão e falou em outros. Ele falou que entrou com uma ação, quando ele pediu a suspensão, ele entrou com uma ação contra o Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho. Ele não entrou contra o presidente do Conselho, que por acaso é o Romeu Tuma Jr, então cabia a mim, me defender, até que eu podia ser condenado a pagar. Eu não contratei advogado nenhum, não pus na conta do clube e fui me defender porque eu também sou advogado. Eu tenho direito de me defender, até porque eu tenho que me defender de uma ação. E as pessoas externamente já estavam me acusando de golpista. No começo, quando eu falei, não vamos votar agora, porque o time está em zona de rebaixamento, todo mundo me acusava de estar defendendo o presidente. Eu estava cumprindo o estatuto, e para o bem do clube, que é o interesse maior de todos nós, eu falei, não, não vamos votar isso agora, porque nós temos que salvar o time, ajudar, enfim. E aí, quando eu pedi a cassação da liminar, durante o período, o próprio Tribunal de Justiça cassou a liminar. Muito bem, isso já foi lá para o dia 10, enfim, não lembro o dia exato, mas no meio do dezembro. Natal, Ano Novo, não dava para marcar, até porque a gente precisava de tranquilidade, enfim, vários pedidos, deixamos para marcar em janeiro. E aí foi marcado em janeiro, teve a primeira, e aí o rito é o seguinte, você delibera".
Rito de votação de impeachment de um presidente do Corinthians e a suspensão da votação contra o afastamento de Augusto Melo em janeiro de 2025
"É uma falha do estatuto (a necessidade de deliberação do impeachment). Eu acho que o pedido de impedimento, quando ele dá entrada, o presidente do Conselho tem que analisar. Se ele tiver fundamento, você dá andamento. Se não tiver embasamento técnico, jurídico, senão vai virar um negócio maluco. Ninguém vai presidir o clube. Todo dia, um cara entra lá. Também não precisa de número. Qualquer sócio pode pedir o impeachment do presidente. Então, eu acho que esse rito de aceitar ou não o pedido, ele tem que ficar a critério do presidente do Conselho, que tem que ter responsabilidade. Então, se você vê que não tem fundamento, não se ativa. Mas, enfim, o nosso estatuto é uma falha que diz que no dia da votação você tem que deliberar pela aceitação, seria assim. Mas depois de todo o processo feito, você tem que deliberar se aquilo vai em frente. Bom, foi feita essa votação. Como não tem uma previsão estatutária, o estatuto diz que o presidente do Conselho delibera. Aí eu falei, quem foi favorável, permaneça como se fosse, já que ela vai estar confusão, vocês acompanharam. Tudo bem, vamos fazer então outra votação, que já não será secreta, que o Conselho deliberou pelo andamento do processo. Aí, por uma série de questões debatidas dentro do plenário, houve, por bem, um consenso. A defesa do presidente e dos conselheiros deliberaram por suspender a sessão, que está suspensa até hoje. Desculpe me alongar, mas é importante explicar bem o que está acontecendo. Por que ela não foi marcada até hoje? Nós tivemos, primeiro, um grande problema de insegurança interna. Não havia segurança para marcar reunião. Os conselheiros não queriam marcar, tinham medo de vir aqui. Nós tivemos um grande problema de segurança. Vocês se lembram, nós temos, inclusive, um inquérito policial apurando a violência que os conselheiros sofreram. Vocês mesmos da imprensa sofreram violência. Foi soltado um rojão, agressão, teve repórter agredido, repórter ferido. Os conselheiros foram agredidos, tem um inquérito apurando isso. Então, se não havia clima de segurança interna, houve gente que entrou sem poder entrar. Era dia do clube estar fechado, entrou muita gente que não tinha permissão de entrar. Então, se não havia segurança interna para fazer a votação. E eu tenho como obrigação proteger o patrimônio do clube e a integridade física de todos aqueles que vão entrar para votar. Isso também é uma forma de você não constranger a pessoa que vai votar. Imagina uma eleição, vamos comparar. Nós temos uma ação de cassação de um candidato a presidente da República e tem gente presa porque ficaram abordando ônibus antes da votação".