Corinthians encaminha troca da empresa que administra estacionamento da Neo Química Arena
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Por Marina Borges e Rodrigo Vessoni
Indigo é a responsável pelo estacionamento da Neo Química Arena desde 2018
Meu Timão
O Corinthians encaminhou a troca da empresa responsável pela administração do estacionamento da Neo Química Arena. A nova parceira deve ser a MultiPark, companhia com larga atuação no segmento de mobilidade e gestão de estacionamentos em todo o país. A informação foi apurada com exclusividade pelo Meu Timão.
A mudança, no entanto, exigirá o pagamento de multa rescisória pelo clube. Isso porque o contrato com a atual gestora, a Indigo, tem validade até maio de 2028 e prevê cláusula que impede rescisão sem justa causa durante os dez anos de vigência inicial.
Em uma troca de e-mails entre o Corinthians e a consultoria Ernst & Young, em março deste ano, o valor estimado da multa para rompimento antecipado do vínculo era de R$ 12.630.915,00.
Apesar disso, fontes ouvidas pela reportagem garantem que o clube já está praticamente fechado com a MultiPark, e o pagamento da multa, que gira atualmente em torno de R$ 14 milhões, está no planejamento da atual gestão.
Entenda o acordo entre Corinthians e Indigo
O estacionamento da Neo Química Arena é administrado pela Indigo desde 2018, com base em contrato assinado ainda na gestão do então presidente Andrés Sanchez. À época, o Corinthians recebeu R$ 11,4 milhões pelo acordo — sendo R$ 2,5 milhões para a Omni, que operava o local, e R$ 8,9 milhões destinados ao fundo da Arena, em duas parcelas.
O contrato previa que a locatária (Indigo) não poderia ser removida por um período de 120 meses e que não haveria rescisão por justa causa em nenhuma hipótese. Já sem justa causa, a rescisão só poderá ser feita após os dez anos da vigência inicial, em caso de prorrogação automática, desde que seja feito um aviso prévio de 30 dias.
Além disso, ficou determinado que a empresa ficaria isenta do pagamento de aluguel sempre que o faturamento líquido anual do estacionamento fosse inferior ou igual a R$ 4,888 milhões, valor reajustado anualmente.
Dessa forma, mesmo utilizando a propriedade do clube, a empresa não paga mensalidade ao Corinthians — algo que gerou críticas do atual presidente Augusto Melo, que se manifestou em fevereiro sobre o tema.
"O Corinthians deve pro estacionamento acho que R$ 1 milhão. Você vê como é difícil pagar as dívidas do Corinthians, né? Um contrato de estacionamento onde nós não recebemos um real do estacionamento. Ou seja, a propriedade é nossa, o estacionamento está ali junto com a nossa Arena. (...) De 2014 pra cá o Corinthians, assim que eu saiba, nunca recebeu nada", declarou Augusto em entrevista ao programa Benja Me Mucho.
A situação contratual foi tema de auditoria interna. A Ernst & Young foi contratada pela atual diretoria para avaliar os principais contratos firmados pela gestão anterior, incluindo o do estacionamento. O resultado da auditoria, porém, nunca foi oficialmente publicado — enquanto a empresa afirma que entregou o relatório final, a diretoria de Augusto Melo diz não ter recebido o documento.
Augusto também afirmou que o contrato havia sido renovado pela gestão anterior, de Duilio Monteiro Alves, até 2030. Entretanto, documentos obtidos pelo Meu Timão e informações da própria E&Y contradizem essa versão.
A ata de uma reunião do Conselho Deliberativo, em fevereiro de 2024, mostra que o contrato do estacionamento foi um dos itens analisados pela Comissão de Justiça do clube. Em maio do ano passado, os resultados foram apresentados sem qualquer citação a aditivos ou renovações.
O vínculo original, portanto, segue vigente até maio de 2028, com possibilidade de prorrogação automática caso a Indigo não tenha conseguido reaver o valor que lhe cabe no período de 10 anos.
Antes mesmo das movimentações para uma possível troca de empresa, a Indigo anunciou, em fevereiro, um aumento no valor do estacionamento da Neo Química Arena. Os andares E2 e E3 passaram a custar R$ 170 (alta de 21%) e os setores E4 e E5 agora saem por R$ 140 (alta de 27%). O último reajuste havia sido feito em 2023.
