Alipio Cordeiro
Não sou eu que digo que o que faz o Corinthians diferente dos outros times é a torcida. Alguém já disse que todos os times têm uma torcida, mas que o Corinthians era diferente: a torcida é que tinha o time. E é a pura verdade!
No entanto, a meu ver, nós temos de fato duas torcidas:
1) Uma que apoia, incentiva e canta mesmo quando o time está perdendo; que vai ao aeroporto para se despedir do time numa festa jamais vista até então; que viaja até o outro lado do mundo no maior movimento de pessoas já ocorrido em tempos de paz; que reconhece o valor dos que vestem o manto alvinegro com dignidade; que canta o hino do time quando o mesmo é vergonhosamente roubado em campo.
Esta é honesta, decente, trabalhadora e nos dá orgulho de fazermos parte dela como se fôssemos uma só família. É esta que se identifica e se abraça no estádio no momento do gol sem sequer se conhecer.
2) A segunda torcida é irracional, violenta, criminosa e prejudica o nome do Corinthians, denegrindo-o e jogando-o na lama.
Esta produz orgasmos múltiplos na mídia pela munição que fornece a ela gratuitamente e que nos faz a todos sermos alvos de gozação maldosa dos rivais. Estes costumam generalizar: corinthiano é tudo bandido, corinthiano é ladrão, corinthiano é isso, corinthiano é aquilo... Essas gozações, no fundo, são a expressão de um preconceito contra tudo que é popular, que é da gente mais simples, da gente humilde - em 1910 já dizia o Miguel Bataglia que o Corinthians seria do povo.
O que entristece é que 100 criminosos, que fazem parte da segunda torcida, jogam na vala comum os outros 30 milhões da primeira. Esses mesmos 100 destróem em uma hora tudo o que foi construído com muito suor durante anos!
É uma pena e a raiva é muito grande!
