Fabio Pereira Apoiador
Neto foi um grande jogador... Fundamental em 90. Sobre a seleção de 90 e a não convocação dele, foi um pecado. Mas quem pegou a vaga dele foi o Tita (tinha o Bismarck naquela convocação, baita cariocada) e não, na minha opinião, o Valdo (até poderiam jogar juntos). Também o Lazzaroni optou pelo esquema 3-5-2 com Mauro Galvão de Líbero (era craque), mas o Ricardo Gomes era um zagueiro médio e Jorginho e Branco como alas era besteira... E dois brucutus, Dunga e Alemão era prenúncio de uma perda de identidade do futebol brasileiro...
Voltando ao Corinthians e Neto...era craque de fato e sempre foi polêmico e falastrão, ou seja, sempre foi autêntico. Foda é algumas pessoas dizerem que ele 'só jogou um ano'. Mano, ele jogou bem outros anos. Naquele ele foi monstro... Já aquele Corinthians o Tupãzinho merece crédito, pois era um jogador inteligente. Aquele time também tinha Ezequiel e Paulo Sérgio...
em Bate-Papo da Torcida > Respeitem o craque Neto!
Em resposta ao tópico:
Por mais que eu discorde do Neto como apresentador e comentarista, ele tem o direito de falar o que ele quiser. Principalmente quando fala como corintiano que é.
E eu, você e o resto da torcida tem o dever de respeitar um dos maiores da nossa história. Pois o coração do Neto é do lado esquerdo como o seu. A diferença, é que o dele fica no peito do pé esquerdo.
E o Neto, por mais que fale um monte de groselha, fala com o coração o tempo todo. Um dos corações mais corintianos que existem. Nesse aspecto, de ídolo corintiano, acho que só o Neco amava mais o Corinthians do que o Neto.
Eu vou tentar explicar o jogador Neto pra vocês, porque ele mais uma vez me fez chorar. Ele foi hoje no PodPah.
Eu até os 10 anos de idade, não ligava para o Corinthians. Era corintiano por osmose, pois meu pai dizia:
'Você pode torcer por quem você quiser, contanto que seja o Corinthians'.
A primeira vez que eu parei pra ver futebol, foi na Copa de 90. Dando risada do meu pai xingando o Valdo, e o Lazaroni por ter levado ele e não o Neto.
Na boa, quem viu o Neto jogar, sabe que o Valdo não engraxava a chuteira direita do Neto. Imagina a esquerda.
Eu fiquei muito bravo com a derrota para a Argentina e passei a ver e ouvir os jogos do Corinthians no Brasileiro que começou logo depois da Copa.
Aí, tudo mudou.
O cara que não foi convocado, corria estranho. Parecia estabanado. Mas como corria pelo time, como se doava.
A bola vinha no pé dele, ele fazia um lançamento de 60,70 metros. Acho que só o Gerson Canhotinha de Ouro lançava a bola melhor que o Neto.
Mandavam a bola toda quadrada pra ele, ele trombava com os zagueiros, dava carrinho, tomava a bola de volta. Arredondava ela e devolvia no pé do Fabinho, Tupãzinho, Wilson Mano e Mauro que geralmente perdiam ela de novo.
Aí, ele ficava pluto, recebia a bola toda quadrada de novo e ia pra cima. Ele tinha um drible comprido, sempre pra dentro do cara, sempre indo pra cima, indo pra área.
Às vezes, clareava. E mesmo da intermediária ele chutava para o gol. O goleiro do outro time, atônito, corria feito um desesperado pra evitar o gol do meio da rua.
Às vezes, os caras acertavam o lance e conseguiam colocar o ótimo lateral Giba na ponta pra cruzar. E lá na área, estava o Neto. Ele do nada dava uma bicicleta, acertava um voleio, ou até cabeceava e fazia o gol.
E nesse time, além do Neto, só se salvavam Giba, Ronaldo Giovanelli e Marcelo Djian. Todos defensores pelo lado direito. O lado esquerdo era uma catástrofe, com Guinei e Jacenir. No meio, tinha dois Gabrieis, o Márcio e o Wilson Mano.
O Mauro Van Basten, ponta esquerda, tinha o apelido de zoeira. Não é possível. Tipo o Belo do Soweto. Porque ele era doente, mas doente de ruim. Meu pai xingava mais o Mauro do que todos vocês juntos xingaram o Clayson.
O Tupãzinho e o Fabinho eram medianos. Acertavam um lance ou outro, mas eram bem medianos. O lance é que esses dois ciscavam muito, e muitas vezes cavavam uma falta.
Aí o bicho pegava, irmão.
Só o Marcelinho, com seu efeito que nem a física explica, batia falta melhor que o Neto. Nem Zico, nem Nelinho, nem Juninho Pernambucano. O Neto foi talvez o segundo maior batedor de faltas da história. Pouca, mas pouquinha coisa atrás do Marcelinho.
Em relação a força na batida e na precisão, eu acho que o Neto era ainda melhor do que o Marcelinho.
Quem duvida, veja o desafio que ele fez esses dias aos 54 anos com o Fred do Desimpedidos. Um dos maiores aproveitamentos da história do desafio:
Voltando a 1990, o Neto era a alma do time. A alma, o suor, as lágrimas, o sangue, a ira, o choro.
Poucas vezes eu vi um jogador em campo, se doar em todos os sentidos, como o Neto se doava pelo Corinthians. Sério, o Neto era um monstro, um gladiador em campo. Só quem viu o Neto jogar, sabe do que estou falando.
Ele ganhou quase que sozinho nosso primeiro Brasileirão.
Hoje, o Neto é comentarista e apresentador.
E ele é assim até hoje, um cara autentico, que fala as besteiras dele, que chora, que ama o Corinthians acima de tudo.
O Neto é um apaixonado.
Por mais que você não concorde com o que ele fala como jornalista, você deve respeito a um dos maiores ídolos da nossa história. O Neto está na mesma prateleira do Neco, do Cláudio Gerente, do Rivelino, do Sócrates e do Marcelinho. Pra mim os 6 maiores.
O Neto é corintiano demais. Daqueles corintianos chatos que jogam rojão na garagem do vizinho palmeirense (Velloso). Corintiano a ponto de desafiar a máfia que habita o PSJ, desde o nefasto Wadih Helu. Padrinho do Dualib, que era padrinho do Jaça, que é padrinho do Andrés.
O Neto não tem medo de morrer, se for pra morrer pelo Corinthians.
Se você não gosta dele como comentarista, como apresentador, o problema é seu.
Mas respeite um dos maiores corintianos da história. Um cara que é só coração, nos erros e nos acertos.
Por mais que eu não concorde com o que ele diz hoje em dia, eu amo habitar um mundo onde existe o José Ferreira Neto.
Eu sou corintiano por causa dele. E espero que meu pai nunca desconfie disso.
Episódio completo do PodPah:
Coletânea de lances e gols do Neto, para quem não sabe do que eu estou falando: