Belosbar Rodrigues
Isso se chama cultura e essa é a nossa infelizmente.
em Bate-Papo da Torcida > Quando vamos entender os problemas e parar de apontar o dedo?
Em resposta ao tópico:
Imagine um técnico com métodos inovadores, diálogo com a base (em 8 meses foram 5 'revelados') campeão regional e semifinalista do torneio continental, o único no país. Em qualquer lugar do mundo esse técnico seria respeitado e admirado.
Menos no Brasil, onde esse técnico seria demitido como Diego Aguirre no Internacional, completando o número de demissões em 14 demissões nessas 16 rodadas de brasileirão. Nenhum futebol demite tanto e colhe tão pouco disso. Por quê?
Simples: futebol não é restaurante pra derrota ser colocada na conta de algúem. Não é casamento falido pra criar fato novo. Não é zoológico pra ter anta ou burro. Não é circo para o técnico balançar e cair. Não é reality show pra ter tanto palpite. Clichês que reafirmam: a forma como o brasileiro concebe e interpreta futebol é equivocada e cobra um preço cada vez maior.
Tratamos um ambiente complexo, com diversas variáveis - tática, técnica, psicológico, físico, genético - com o mero reducionismo de 'bom ou 'ruim' e uma arrogância sem limites: o seu time ideal é sempre melhor que o do técnico. O brasileiro adora apontar o dedo para os outros, mas nunca olhar a si mesmo.
Nesse contexto se insere Vitorio Piffero e Carlos Pellegrini, que nasceram e cresceram nesse ambiente de superstição, prepotência e ansiedade que fica evidente após o 7x1. Sempre foi assim, na verdade.
Isso tem nome e teoria: clientelismo. O futebol aqui é visto como uma relação de compra e troca:'eu assisto e gosto, logo, quero ser atendido em minhas exigências'. Se o time não goleia, ganha tudo ou dá espetáculo como o torcedor e o dirigente esperam, tá tudo errado.
O esporte mais popular do mundo é popular pois é imprevisível, caótico, bagunçado, racional, irracional, emotivo e frio. Futebol é uma competição, feita por humanos e para humanos. Não é algo que você compra e reclama nas redes sociais se veio com defeito.
Ver o todo, entender as relações e compreender os sistemas e conexões de tudo que compõe esse esporte é o que norteia não apenas os dirigentes 'modernos', mas os técnicos, jogadores e profissionais que estão no topo da cadeia hoje. O torcedor não precisa ser expert - precisa amar seu clube como clube de futebol, não objeto de compra. A era das redes sociais só piorou essa relação: a pressão agora vem pelo Twitter, chega no conselheiro que tá no clube desde 1940 e acaba nas notícias de hoje. Um círculo vicioso que nunca quebra.
Tá cansativo: a gente alerta, explica, tenta ajudar. Mas quando vamos parar de apontar o dedo e começar a entender de verdade?
(Leonardo Miranda-Blog Painel Tático)