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Relato de jornalista que estava esperando equipe da chape em hotel na colombia (Emocionante)

Tópico Lendário Entenda as regras
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Cristian 558 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 30/11/2016 às 11:03
Por Cristian Marinho de Souza (@cristians)

A repórter Lívia Laranjeira, o produtor Fabrício Crepaldi e o cinegrafista Erci Morais, do canal de TV a cabo Sportv, foram os primeiros jornalistas brasileiros a chegar na cidade colombiana de La Ceja, ainda na noite de segunda-feira, poucas horas depois de surgirem informações de que havia acontecido algo errado com o voo que levava o time da Chapecoense para disputar a final da Copa Sul-Americana.

'

A jornalista, que na semana anterior estivera acompanhando o time em Chapecó, contou à BBC Brasil como a esperança de dar ao país boas notícias foi transformada em tristeza profunda.

'Faz 24 horas que começou tudo e só agora há pouco eu chorei de verdade. De cansaço, de tristeza, de consternação. Estávamos (eu, o produtor Fabricio Crepaldi e o repórter cinematográfico Erci Morais) na porta do hotel onde a delegação da Chapecoense ficaria hospedada. E eles chegariam a qualquer instante. Daqui a pouquinho mesmo. Na verdade, até já estavam atrasados, e nós, ansiosos. E aí, um colombiano com sotaque carregado disse alguma coisa sobre 'una aeronave sin comunicación con la torre del aeropuerto'. São línguas tão parecidas, mas não é possível, acho que eu entendi errado. Eu devo ter entendido errado. Eu tenho que ter entendido errado.

Eu entendi certo. Sem tempo de pensar direito, jogamos as mochilas nas costas e entramos no primeiro táxi que apareceu. Eram 11 da noite de uma noite que ainda não acabou.

Chovia muito em Medellín, e a serra sinuosa que leva ao aeroporto me aterrorizava. Parei de olhar pela janela e olhei pra dentro. Olhei pra mim. As imagens da semana anterior insistiam em pipocar na minha cabeça.

Eu tinha passado uma semana inteira em Chapecó, cobrindo o campeonato brasileiro e a semifinal da Copa Sul-americana. O jogo que garantiu a vaga pra vir a Medellín hoje. Ao longo daquela semana, tomei café da manhã várias vezes ao lado do Caio Junior, no restaurante do hotel. No fim da viagem, fiquei feliz de ver que ele já sabia meu nome, quem eu era, de onde. Ao longo daqueles sete dias, entrevistei ídolos do passado e do presente, e todos eles tinham uma coisa em comum: o maior sorriso do mundo no rosto. Inevitavelmente, a cada entrevista, vinha aquela pergunta: você imaginava que um dia estaria vivendo esse sonho?

Ao longo da última semana, o time queridinho do Brasil virou o meu queridinho. Uma das coberturas mais especiais que eu já tinha feito. Uma das mais importantes. Uma das mais divertidas. Vi um ídolo virar herói por causa de um gol salvo no último lance da partida. E se aquela bola tivesse passado pelo Danilo? E se aquele gol tivesse entrado?

Mas não entrou. Eu voltei a olhar pela janela, tentando me concentrar. Eu precisava manter a calma, manter o sangue frio. Seria uma cobertura longa, mas eu ainda tinha esperanças de que fosse cheia das boas notícias.

Desistimos de esperar no aeroporto e acabamos indo direto pra um dos hospitais que receberiam os feridos. Diziam que eram vários. Nunca achei que uma notícia sobre 'vários feridos' me deixaria tão feliz. Eram vários e eles chegariam logo. Só que pareceu uma eternidade até que a gente ouvisse, lá no fundo, o som de uma sirene, primeiro bem baixinho, depois aumentando aos poucos, até a ambulância surgir na nossa frente. Era Alan Ruschel. Era um primeiro jogador que tinha sobrevivido.

Ao longo de toda a madrugada, as informações se desencontravam. Quem eram os sobreviventes? Qual era o estado de cada um? Tudo parecia extraoficial. Como repórter, meu maior medo era errar uma informação tão importante como a morte de alguém no ar. Preferi ser cautelosa, só falar mesmo sobre o que estava confirmado, mesmo que parecesse pouco. Pensei muito naquelas famílias. Nas mulheres que tinham ficado naquela cidade que me recebera tão bem na semana anterior. Pensei no quanto elas deviam estar desesperadas por qualquer informação, e como eu podia ser o único caminho naquele momento.

Me emocionei pela primeira vez quando vi colombianos fluentes em português chegando ao hospital para ajudar com eventuais traduções. Me emocionei pela segunda vez quando vi uma repórter colombiana chorando. A terceira vez foi quando chegou uma moradora da região em que nós estávamos com uma bandeja com café e chá. Depois disso, perdi a conta.

Continuo me emocionando a cada instante. Lembro dos sorrisos que vi nesses últimos dias, e queria guardá-los daquele jeito na minha memória, mas a imagem do acidente insiste em se sobrepor. Acho que vai passar, que depois de um tempo as lembranças boas vão ser mais fortes. Eles merecem ser lembrados daquele jeito, como o time que já tinha conquistado todo o Brasil, que podia ter conquistado a América dentro de campo, e que agora, conquistou o mundo inteiro.'

Link : http://g1.globo.com/mundo/noticia/eram-11-horas-de-uma-noite-que-ainda-nao-acabou-diz-reporter-de-primeira-equipe-a-chegar-a-area-do-desastre.ghtml 'Eram 11 horas de uma noite que ainda não acabou', diz repórter de primeira equipe a chegar a área... Equipe do Sportv foi a primeira a chegar ao local mais próximo do acidente com o avião da Chapecoense. g1.globo.com g1.globo.com

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Luis 799 posts

@coryell em 30/11/2016 às 11:21

Eu não conhecia essa repórter, só agora na cobertura no Sportv.

E ela foi de uma competência incrível!

Fico imaginando como ela conseguiu ser profissional ao extremo, mesmo diante destes acontecimentos que ela citou.

Não se apavorou ou atropelou a informação.

Bem, e o relato dela foi sensacional, emocionante mesmo!

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Lucas 1.133 posts

@lucasss91 em 30/11/2016 às 11:34

Segurei várias vezes pra não chorar no trabalho vendo as notícias sobre essa tragédia! Mas chega uma hora que não te como, afinal...somos humanos!

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Ciro 13.250 posts

@ciro.hey em 01/12/2016 às 01:28

A primeira notícia que tive foi de um pouco forçado por falta de combustível

A segunda que o avião colidiu

Depois quando chegou o Alan, quem resgatou falou que tinham outros sobreviventes que ele havia visto e já estavam a caminho.

Anunciaram trânsito na pista de difícil acesso e falta de visibilidade para helicópteros

Até então aqui no fórum (todos acompanhando a notícia é esperando o melhor) acreditávamos que os feridos estavam tendo prioridade mas que todos estavam bem

Até que uma rádio colombiana vaza que já tinham 25 mortos, a mídia desmente e pede para que esperem informações concretas

Chegam Danilo (até então tinha ligado para esposa falar que estava bem) Jackson, um jornalista e uma comissária.

Prefeitura confirma os 25 mortos..

Desolado fui dormir esperando melhores notícias quando acordar.

Acordo com a pior, que não imaginava.. Todos os outros mortos e haviam encontrado mais um comissário e Neto por milagre.

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Marcelo 8.377 posts

@marcelo.mahfuz em 30/11/2016 às 23:25

Grandes repórteres surgem do nada... Essa menina foi de uma competência extraordinaria. O cuidado que teve ao noticiar o que estava acontecendo sem querer causar panico e transmitir tranquilidade foi de um veterano.

O relato foi ainda mais tocante de uma noite reconfortadora ao ver a homenagem fantastica feita pelo povo de Medelin, torcida do Atlético Nacional.

O mundo ainda tem jeito!

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Ricardo 16.771 posts

@ricardo.cardoso.gome em 30/11/2016 às 23:19

Top demais.

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Duga 9.790 posts

@duguinha2shae em 30/11/2016 às 15:14

Os jornalistas como Thiago maranhao, gabi moreira, procuraram ser os mais profissionais a medida do possível mas foram levados pela emoção também, algo bem compreensivel nessa situação...

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Peterson 16.818 posts

@peterson.martins em 30/11/2016 às 15:06

:'(

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Ramon 325 posts

@ramon.felipe1 em 30/11/2016 às 14:24

Que tristeza ler tudo isso e que baita profissional essa mulher é.

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Junin 127 posts

@junin.marx em 30/11/2016 às 14:20

é de arrepiar cada história que a gente sobre o caso.