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Post de páme no fórum "Bate-Papo da Torcida" do Meu Timão

Estou adaptando como post um comentário que fiz porque acho que ele enseja uma questão interessante.

Há uma tática do Galvão que foi adotada, principalmente em sua emissora, mas não somente e que acho que vale parar pra refletir sobre porque impacta numa dificuldade de 'venda' do nosso time como marca.

O Galvão assumidamente nem gosta, nem entende muito de futebol, e narra principalmente pra um público que não acompanha futebol a não ser de 4 em 4 anos. Isso é importante: Galvão não narra partidas comuns. Ele só é chamado pra narrar aquelas partidas que quem não assiste o dia a dia do futebol também vai assistir.

O público principal dele é esse. Pessoas que, na real, não gostam muito de futebol e estão ali pelo evento, que ressurgem de repente, numa final disputada por seu clube, na decisão de um mundial, ou pra acompanhar a seleção na copa.

Então ele faz duas coisas:

1) artificialmente ele tenta criar um clima de emoção, não importa o quão sem graça esteja a partida. Essa é provavelmente a principal razão dele ter ganhado a importância que ganhou como narrador de várias modalidades de esporte completamente distintas. Ele faz parecer que a parada é mais emocionante/interessante do que de fato é. E inclusive achar ele chato faz parte disso. Raiva também é uma emoção e é mais 'produtiva' do que indiferença em termos de fazer a pessoa consumir um produto;

2) pra garantir que a galera que não acompanha futebol mantenha interesse na partida, Galvão sempre elege um 'herói' pra galera acompanhar. Já foi Ronaldo, no vólei era o Giba, e agora é Neymar na seleção, cada um com um bordão pra acompanhar. Quem não entende do jogo assume uma função menos complicada do que entender todas as variáveis necessárias pra acompanhar uma partida - e que precisariam de um certo repertório pra ele poder julgar adequadamente - e passa a apenas tentar acompanhar um jogador e esperar que ele faça um drible ou um gol (ou ponto no vólei, ou o que quer que seja o equivalente no esporte em questão);

Essas duas coisas são insuportáveis, porque nitidamente artificiais, para quem entende e gosta do jogo. Mas são extremamente efetivas pra senhorinha que gosta de acompanhar a seleção (e que provavelmente a essa altura você já deve ter ouvido perguntar 'quem desses é o ronaldinho? ' e depois se explicar que na verdade ela queria se referir ao Neymar), mas não gosta de futebol, pra o moleque que se acha cosmopolita porque só curte basquete e futebol americano e foi pra o churrasco com a galera do trabalho, etc.

O que a emissora (mas não somente ela) oferece é uma versão simplificada e mais fácil de digerir do que a partida que realmente está passando, porque isso é mais fácil de vender.

E qual é o problema que isso traz pra o Corinthians?

O problema é que, de 2011 pra cá, a gente não encaixa nessa lógica. Nosso futebol é em primeiro lugar, centrado em uma defesa sólida, ou seja, não tem foco no ataque - de onde geralmente se elege o ídolo da partida. Em segundo lugar, é baseado em uma tática bem aplicada, o que significa que não é um jogo baseado na jogada 'genial' que desequilibra a partida, mas numa constância de jogo ao longo da partida. Finalmente, desde o caso Pato, abrimos mão de ter 'medalhões' como referência, em nome do futebol coletivo, então não há muito critério para eleger um herói no time. Geralmente, os gols são bastante distribuídos entre os jogadores, não há uma referência isolada.

A consequência disso é que a gente a) tem um estilo que vai na contracorrente do que acostumou-se a considerar como bom futebol no Brasil e b) isso, por sua vez, dificulta às pessoas, principalmente aquelas que não acompanham nossas partidas regularmente - ou seja, a maioria das pessoas que não torcem para nosso time - a perceberem o nosso time como um 'bom time'.

Acho que isso é um dos principais fatores que reforçam a rejeição ao time. Notícias contra a gente tendem a ter maior repercussão, ou seja, do ponto de vista do jornalismo desportivo como negócio, elas vendem bem, porque temos a maior rejeição no Brasil. Por sua vez, o fato de que a gente vai na contracorrente desse futebol super-simplificado de uma maneira muito contra intuitiva para o torcedor médio, é fácil ele acreditar, por exemplo, em teorias sobre apito amigo, porque é difícil pra ele entender como nosso time poderia merecer ganhar. Finalmente, torna-se menos atraente se associar ao Corinthians para uma marca, porque o pacote que vem com isso não é positivo em muitos casos.

E essa imagem se perpetua inclusive aqui.

A própria torcida muitas vezes avalia os jogadores pela sua capacidade de individualmente criar desequilíbrio e muitas vezes cria uma pressão para os treinadores se adaptarem a essa expectativa - essa era a raiz da grande maioria das críticas ao Carille mesmo quando o time estava na ponta de cima da tabela.

Acho que uma boa questão pra o marketing do clube - e que eu acho que ajudaria a resolver as outras - é exatamente essa. Não rola voltar atrás e o futebol está indo na direção que a gente vem aplicando. Como aproveitar que a gente vem sendo pioneiro nesse estilo coletivo de jogo no Brasil pra abraçar essa imagem e como tornar ela comercializável, vendável para quem não entende de futebol?

em Bate-Papo da Torcida > A narração do Galvão e a resistência ao padrão Corinthians - ou como...

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