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Post de Nery no fórum "Bate-Papo da Torcida" do Meu Timão

Huuuummmm...

em Bate-Papo da Torcida > Corinthianos, uni-vos!

Em resposta ao tópico:

Domingo é dia do maior do Brasil disputar mais um título dentre tantos neste século. Sua 18ª final em quase 19 anos. É normal então que tanto sucesso cause raiva nos rivais e na parte preguiçosa da imprensa, que prefere deslegitimar nossas conquistas ao invés de fazer uma reflexão real sobre o futebol no país, com os devidos pontos nos is.

Uma vez que ignoram essa reflexão, façamos nós torcedores um debate com a devida complexidade que lhe cabe. Falar do clube brasileiro mais vencedor do século passa por destrinchar sobretudo nos últimos 10 anos todas as inovações táticas que trouxemos para o futebol brasileiro. É preciso resgatar a memória e entendê-la em sua totalidade para que esta memória não seja deturpada a favor de bordão pra vender manchete ou termos superficiais como 'time retranqueiro'. Nosso dever como torcedor não é ignorar as deficiências do time e nem se abster de críticas mas olhar com racionalidade para todo o contexto que envolve o time e sua comissão técnica. Assim sendo, voltemos aos anos de 2012,2015 e 2017, em que houveram auges técnicos e táticos com importação de estilos de jogos inovadores para o cenário nacional.

Antes de ir para os anos citados abro um parêntese pra esclarecer que quando falo 'inovação' é olhando o cenário do futebol apresentado no país na última década. No sentido de que o Corinthians trouxe modos de jogo e variações táticas que não eram vistas no país do período. Portanto não criamos esses modos e variações, mas soubemos executá-los com excelência, traduzindo em títulos e em futebol bem jogado. Isso posto, vamos as tais inovações.

Em 2012, com duas de nossas maiores conquistas, aperfeiçoamos um sistema defensivo que já vinha sendo executado no Brasileiro de 2011. A inovação em questão foi se defender com duas linhas de quatro. Nas campanhas vitoriosas desses dois anos tivemos duas das defesas menos vazadas da história dos respectivos campeonatos conquistados, sendo um deles de maneira invicta. Isso significa que éramos um time limitado a se defender? De forma alguma. Não éramos um time acostumado a resultados elásticos, mas tivemos nas campanhas do Brasileiro e Libertadores goleadas de 5x0 (contra nosso saco de pancadas do domingo) e sonoros 6x0 (contra o Táchira). Um time equilibrado, efetivo em seus ataques e que tomava poucos gols são características de time campeão e não de time retranqueiro.

Em 2015, para mim o melhor time desses últimos 10 anos, inovamos com o 4-1-4-1 e casamos as duas linhas de quatro com o que tinha de melhor nos times da Europa: troca de passes, posse de bola, triangulações, marcação á frente do meio campo e movimentação constante de todos os setores do meio campo pra frente. Dava gosto de ver o time jogar e conquistamos marcas históricas no Brasileiro daquele ano. Fomos o segundo time da história dos pontos corridos a marcar mais gols (71), o que mais venceu (24), o que menos perdeu (5), o segundo que menos levou gols (31), o melhor mandante (87,7% de aproveitamento), o time de segundo melhor aproveitamento (71,1%) e o que mais pontuou (81). Aperfeiçoando um modo de se defender que vinha desde 2012 e trazendo um novo estilo de jogo, tivemos coletivamente um dos melhores times de nossa história.

Em 2017, com um time que lembrava muito 2012, mantivemos a linha de quatro e voltamos a ter um time equilibrado entre defesa e ataque. Não houve nesse ano alguma inovação marcante, mas soubemos olhar pra nossa história e reaproveitar as inovações de um passado recente em paralelo ás características que o elenco tinha na época. Tivemos então um time letal, que ficou marcado por ser um dos times que menos perdeu em nossa história e o primeiro time a ficar um turno inteiro invicto no Brasileiro de pontos corridos. Nosso estilo de jogo mais uma vez nada tinha a ver com retranca. Fomos naquele Brasileiro o terceiro time que mais fez gols (51, com menos de 10 gols de diferença para o primeiro em número de gols) e o que mais trocou passes. Em 2018, no período em que Carille comandou o time, mesmo com perdas significativas no elenco conquistamos um título paulista, e antes do técnico sair encaminhamos classificação no mata-mata da Libertadores, depois de um 7x2 (que foi uma das maiores goleadas da história do campeonato), fora que o time estava nas cabeças do Brasileiro, entre os 4 primeiros. O técnico naquele ano havia trazido também uma importante inovação tática: o 4-2-4, com quatro jogadores de meio campo se alternando no comando do ataque, sem centroavante fixo. Quando precisava jogar com centroavante o time mudava para um 4-1-4-1, próximo ao de 2015, com Maycon atuando mais como meio campista do que volante.

Carille é portanto o técnico que melhor soube olhar para o que deu certo no Corinthians de Mano e Tite e traduzir em um time competitivo. E melhor do que apenas reaproveitar, também impôs ideias novas, com variações táticas próprias da forma como pensa o futebol. Como bom aluno, manteve em sua primeira passagem como técnico a identidade de jogo que fez parte dos trabalhos de seus antecessores. Assim como Mano e Tite, trabalhou suas ideias a partir de um sistema defensivo consistente. Que mais uma vez, repito, não tem nada de retranca. Volto insistentemente ao termo para trazer um contraponto a essa ideia simplista que parte da imprensa vem tentando cunhar ao clube. Nessa década vencedora ter uma identidade de jogo é o que nos permitiu ser o único clube a manter uma regularidade de títulos. Essa identidade é algo a se orgulhar e em nada limita variações táticas e futebol bem jogado, como ficou provado em todos os auges técnicos e táticos que mencionei. Junto dessa identidade vieram inovações importantes para o futebol brasileiro, tanto que 2 dos 3 principais técnicos dessa década chegaram a Seleção Brasileira.

Trago esse panorama histórico para entendermos melhor o nosso presente e o presente do futebol brasileiro como um todo. Fomos responsáveis pelas inovações citadas mas não somos responsáveis pela forma como os outros clubes brasileiros se apropriam delas. Se vários clubes da Série A passaram a não querer a bola e a se limitar a defender em nada estão copiando o que fizemos na última década. O que fazem é um tipo de inspiração torta, um recorte sem ideias próprias. Montar uma defesa com duas linhas de quatro e se limitar a isso pouco traz relação com o Corinthians. O que fizemos foi trazer a ideia, a forma como a utilizam já não é nosso problema. Portanto quando parte da imprensa relaciona o mal futebol nacional a o que fizemos nos últimos anos estão esgotando o debate de forma rasa e superficial. Fazem isso com má-fé, utilizando os 4 últimos jogos irregulares como se refletissem toda a década. Pegam um recomeço de trabalho, com 3 meses de jogos oficiais, para traçar um panorama inexistente. Quando deixam de fazer as devidas distinções sobre o início de trabalho, deixam de falar sobre o debate que realmente deveria ser feito: como buscar um futebol vistoso em cenário nacional se os clubes começam 2019 com menos de 2 semanas de pré-temporada, pouco tempo de treino entre jogos (principalmente os times que não estão na Libertadores) e com decisões em vários campeonatos logo no primeiro mês de jogos oficiais. Esse tipo de contexto faz com que muitos clubes busquem um pragmatismo pra seguir vivo nas competições, o que explica a multiplicidade de estratégias só defensivas.

Falando do nosso presente em específico não tivemos ainda uma temporada regular porque assim como outros clubes somos vítima desse contexto e estamos vindo de uma temporada muito ruim em 2018. Temos sem dúvida alguma um ótimo elenco, mas para que tenhamos um grande time leva tempo. São muitos jogadores com características diferentes chegando ao clube. Não está sendo possível treinar variações de jogo e testar os reforços em suas posições porque convivemos com jogos ininterruptos, decisão atrás de decisão. E ainda assim estamos vivos em todas, com chance de mais um título. Acredito que poderemos cobrar com mais força a comissão técnica só depois dos 30 dias de treino que terão na Copa América. Isso não significa, no entanto, que estão livres de críticas nesse momento, só não podem ser exageradas e precisam levar em conta onde a gente tem chegado com tanta dificuldade que o contexto traz. Sou contra a escalação do Richard como segundo volante por exemplo, por ser um volante sem qualidade de passe e que geralmente toca pra trás. Se o Carille escalá-lo amanhã, precisando vencer em casa, as críticas seriam justas. O ponto é que não precisamos cobrar sem pedir a cabeça de técnico em início de trabalho, e um que já montou bons times.

Todos os ápices atingidos pelo clube em dez anos só foram alcançados por algo essencial em clubes vencedores: continuidade de trabalho. O que teria acontecido se a diretoria tivesse saciado a todos que clamavam pela cabeça do Tite no início de 2011? A decisão por sua permanência definiu uma parte importante de nossa história. Em nada serve o imediatismo superficial da imprensa que quer que o clube esteja voando em seu terceiro mês de jogos oficiais sem levantar todo o contexto que envolve o futebol no país. É essencial que nós torcedores não nos deixemos contaminar por isso também. Não é questão de dar crédito a um técnico retranqueiro convicto e sem ideia de jogo como era o Jair Ventura, por exemplo. E sim dar crédito a um técnico que esteve presente em toda a nossa década vencedora, e que já é multicampeão em apenas 2 anos de trabalho, estando em sua terceira final e com 3 títulos na bagagem. Fora as incríveis marcas pessoais de mais de 70% de aproveitamento em clássicos (7 vitórias e 1 derrota contra as peppas do Felipão) e classificações em 17 dos 19 mata-matas que disputou. É verdade que nada disso garante o campeonato amanhã, mas após destrinchar o retrospecto histórico não só do clube mas também do técnico em questão nos permite afirmar com toda a certeza que é preciso dar tempo ao trabalho da comissão técnica, independente dos próximos resultados. Estamos em mais um ano de reconstrução e embora o técnico seja o mesmo dos últimos trabalhos vitoriosos, é praticamente um trabalho que começa do zero. Com 23 jogadores que não trabalharam com essa comissão técnica anteriormente e com muitos jogadores chegando ao longo da temporada. Sem paciência não vamos a lugar algum.

Confio que amanhã ganharemos com pelo menos 2 gols de diferença. Diferente dos argumentos apresentados acima, baseio essa confiança em pura intuição e achismo. Mas que não estão também destituídos totalmente de argumentos. Somos um clube com uma identidade de jogo que dura mais de 10 anos (com algumas pedras no caminho, leia-se Jair Ventura, Adilson Batista e afins). Um clube que trouxe diversas inovações táticas ao futebol brasileiro e que tem a honra de ser o último campeão mundial do país. Podemos esbanjar todas essas conquistas hoje porque tivemos trabalhos com sequência. Qual outro clube pode se orgulhar de tantas conquistas nesses últimos 10 anos? Nosso rival de amanhã está em seu terceiro técnico só no ano de 2019. É o clube que mais trocou de técnico desde 2009. Essas trocas refletem diretamente no jejum de títulos do time da Vila Sônia.

Uma identidade do clube que está presente não só nos últimos 10 anos mas em toda sua história é o fato de nunca seguir a manada. Somos o clube que mais cresceu em torcida nos anos de jejum. O clube que não tem torcida, mas a torcida que tem um clube. Saudemos então nossa história e façamos valer o mantra: 'Eu nunca vou te abandonar porque eu te amo!'.

Vai Corinthians!

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