Também! Só que pra saber quem presta de verdade é preciso encaixar o coletivo. O Corinthians foi campeão com muitas peças contestáveis (individualmente falando), mas que renderam bem com uma defesa sólida e um ataque que sabia o que devia ser feito.

Os maus resultados recentes do Corinthians trouxeram desconfiança e pressão da torcida. É natural, o corinthiano acostumou-se a ganhar tudo nos últimos anos. Mas é início de trabalho e isso exige tempo. É preciso ter em mente que os trabalhos anteriores não eram exatamente iniciais; eram mera continuidade de uma filosofia já implementada. Com Tiago Nunes é diferente; a ideia é que o time seja menos reativo e proponha mais o jogo e isso tem acontecido.

Apesar dos maus resultados, o time tem criado muitas oportunidades; a defesa, todavia, ainda sofre gols que não deveria sofrer e o ataque peca demais nas finalizações. Falta, portanto, efetividade.

A título de exemplo, o Corinthians de Carille campeão brasileiro dava a impressão inversa: ganhava partidas que não merecia, era efetivo (até demais), ganhando jogos com apenas uma bola; aquele time dava a impressão que, passada a época de sorte, desandaria (e isso aconteceu na reta final).

Com este time de Tiago Nunes a sensação é inversa: quando esse time encaixar e as bolas começarem a entrar, vai dar muitas alegrias ao torcedor. Para isso, é preciso deixar de lado o imediatismo e focar na qualidade do trabalho.

Tem muita gente pra vender; não só pelo dinheiro da venda, mas pelo enxugamento da folha salarial. Se não der pra contratar, paciência! Usa a base. Chega de fazer loucura com dinheiro que não tem

O Corinthians tem registrado, ano após ano, déficits financeiros. Isso significa que o clube tem gastado mais do que arrecada. Uma hora, essa conta terá que ser paga (e com juros).

É premissa básica de qualquer trabalhador que não se deve gastar mais do que se ganha. Se em algum mês os gastos excedem a remuneração, a pessoa precisa ter uma poupança anterior ou apertar os cintos no mês seguintes.

A maioria das dívidas têm juros capitalizados; isso significa que os juros se transformam em capital e sobre eles incidem mais juros. É uma bola de neve. Por isso, quanto antes a dívida é abatida, melhor é.

Essa premissa não serve apenas para pessoas; serve para empresas, para o Governo e, vejam só, para clubes de futebol.

Há pouco tempo, o Corinthians contraiu uma dívida substancial: o Estádio. A ideia era que a bilheteria pagaria o estádio, mas a verdade é que dinheiro do futebol do clube tem sido direcionado para o pagamento da dívida e, ainda sim, o valor não tem sido pago tempestivamente, tanto que recentemente a Caixa Econômica ingressou na justiça cobrando os valores.

O Clube tem outras receitas (patrocínio, televisão, etc.), mas sem a bilheteria há uma queda substancial da arrecadação. Ainda, o Corinthians não costuma revelar grandes jogadores; quando isso acontece, geralmente são vendidos a preço de banana, diferentemente dos grandes rivais como Santos e São Paulo, que sabem valorizar suas jóias.

Embora tenha uma categoria de base multicampeã, os jogadores da base não são aproveitados no profissional; o Clube prefere comprar jogadores medianos para compor elenco do que investir na garotada. Pior do que isso, mesmo os jogadores que chegam para compor elenco não são capazes de cumprir esse papel e acabam sendo emprestados, alguns antes mesmo de estrear pela equipe (como foi o caso do Luidy, que era reserva do CRB). E vários dos salários dos jogadores emprestados continuam sendo custeados pelo Corinthians.

Enquanto isso, as dívidas se multiplicam, especialmente a do Estádio, que poderia ter sua dívida inclusive antecipada.

Por isso, o teto salarial individual não basta. É preciso que exista um número máximo de jogadores (e treinadores) vinculados ao Corinthians; é necessário, também, que exista um teto global de gasto com salários, considerando a necessidade de que exista uma sobra para pagamento da dívida. Estourou o teto? Não se contrata mais, utiliza-se a base.

Ademais, transparência é fundamental. Cada valor gasto com contratação, base salarial fixada, tudo precisa ser público, pois o Corinthians (ao menos por enquanto) não é uma empresa.

Os naming rights não vieram e, pelo andar da carruagem, nem virão; o patrocínio master chegou em um valor bem menor do que se imaginava. Ainda sim, com boa gestão financeira, o Corinthians pode se tornar ainda maior em algum tempo.

Postagem muito lúcida. É preciso ter educação financeira; isso serve para você, na sua casa; erve para o governo; serve para sua empresa... E serve para o time. O estádio, infelizmente, deveria ter sido adquirido com dinheiro de caixa, não pagando juros enormes. Mas agora já foi. Precisamos pensar de forma racional para contratar e pensar a longo prazo

Nos últimos jogos, os resultados não vieram, mas o Corinthians tem mostrado sinais de evolução, ao menos em parte. Um dos grandes problemas do Corinthians de Carille era que o time não finalizava e contra o Botafogo o que não faltou foi ofensividade.

Foram 21 finalizações e 60% de posse de bola, o que demonstra que aquela postura absolutamente defensiva mudou. Por outro lado, a ineficácia ficou estampada no resultado; é absurdo que um time profissional finalize 21 vezes e não consiga um mísero gol de empate.

Ademais, o adversário não era dos mais fortes; o Botafogo perdeu 19 vezes (só não perdeu menos que o Avaí) e é o 14º colocado do Brasileirão. É um time com um orçamento muito menor que o do Corinthians e com jogadores menos badalados.

O Corinthians lembrou os times de Fernando Diniz: muita posse de bola, muitas finalizações e só.

A evolução é importante; só que nada adianta se não houver eficiência. Resta saber se o problema é realmente o modelo de jogo, que poderá ser corrigido pelo técnico, ou as peças, o que será bem mais difícil (e caro) de se consertar.

Dois times que gastaram muito dinheiro com contratações recentemente, mas com dois modelos totalmente distintos: Flamengo e Palmeiras. E a forma como esses times contrataram refletiram bastante nos resultados obtidos em campo.

O Flamengo optou por contratar poucos jogadores, mas 'certeiros'. Parece ser fácil falar depois que o jogador entrou, jogou e os títulos foram conquistados, só que quem duvidaria que Rafinha, Felipe Luis, Arrascaeta, Bruno Henrique e outros jogadores dariam certo?

Por outro lado, o Palmeiras optou por contratar em quantidade; são contratações de valores altos, mas não tanto. Como se você optasse por um modelo de carro intermediário, querendo gastar, 'pero no mucho'. O resultado não é tão garantido e o barato, por vezes, acaba saindo caro.

O Corinthians nos últimos anos, até em virtude da escassez de recursos em razão da compra do estádio, tem apostado em contratações baratas e em grande quantidade, como uma espécie de investimento. Isso também se deve ao fato de o time campeão da Libertadores ter sido montado de maneira semelhante (Paulinho, Ralf, Castán, Douglas, Alessandro, Romarinho, eram vários jogadores sem nenhum status de estrela - mas não nos esqueçamos de Alex, Sheik e outros que já eram conhecidos).

O tiro, todavia, tem saído pela culatra. As contratações do Corinthians têm sido equivocadas (embora o modelo de jogo certamente não favoreça). São muitas contratações para compor elenco que não chegam nem a estrear e são emprestadas a outros clubes; e o pior: com o Corinthians arcando com os salários. São contratações inexplicáveis que faz com que surjam indagações sobre possíveis interesses ocultos.

O resultado disso é uma folha salarial inflada, que inviabiliza ainda mais grandes contratações. Não adianta contratar em quantidade; é necessário qualidade, não há brechas para erros, apostas. É inaceitável que um clube como o Corinthians contrate um jogador que é reserva de um time da Série B, mesmo que para compor elenco. As categorias de base estão aí justamente para isso!

Se é para apostar, que seja nos garotos.

Ainda que se possa montar um elenco com contratações de jogadores não renomados, cada contratação deve ser pinçada, escolhida a dedo e o jogador deve ter tempo para trabalhar e mostrar o porque de ter sido contratado.

Contratar para compor elenco e, em seguida, emprestar para ganhar rodagem não dá mais.

Dentre os times brasileiros, o ano de 2019 foi do Flamengo. Isso levou muitos a questionarem as formas de jogar de diversos times, inclusive do Corinthians, que, nos últimos anos, jogou um futebol, digamos, reativo.

Há quem diga que Jorge Jesus inovou na maneira de se jogar futebol no Brasil. Não há como concordar com isso. O futebol, assim como quase tudo no mundo, move-se de maneira cíclica. Nada é totalmente 'evolução', como não é um 'retrocesso'. O futebol é como uma gangorra, em que métodos são aprimorados, resgatados, tornam-se obsoletos e, de repente, voltam a ser moda.

Como o carrossel holandês já foi uma sensação, José Mourinho no Chelsea ganhou títulos com seu ônibus estacionado em frente à grande área. Após, Guardiola virou o novo queridinho com seu tiki taka no Barcelona mais vitorioso da história. Leicester, em 2015-2016, foi campeão inglês com um futebol reativo; em 2017-2018, Guardiola, com um futebol bastante ofensivo, foi quem levantou a taça.

No Brasil, essa gangorra não é muito diferente, embora tenhamos menos pitada de futebol ofensivo porque nossas maiores estrelas são vendidas ao exterior bastante cedo e é mais fácil jogar sem a bola quando um time tem menos talento. Jogar no erro do adversário passa a ser a melhor saída.

Não é, todavia, necessário que haja um extremo entre o ataque e a defesa para que um time seja virtuoso. O Liverpool de Klopp parece apresentar um modelo que pode ser adotado, dosando ataque e defesa de satisfatoriamente.

Plantou-se no Corinthians a ideia de que se deve jogar apenas de maneira reativa, que é sua identidade; mas não. O Corinthians não tem identidade exclusivamente defensiva, mas de entrega, de raça, o que é totalmente diferente. Os times de 98 a 2000, de 2005 e 2015, por exemplo, não eram times ditos defensivos.

O resultado é importante, mas a falta de desempenho prejudica inclusive as finanças do clube. Um time que não busca o gol não enche estádio, não vende camisa, pois futebol também é entretenimento.

O fraco futebol apresentado pelo Corinthians de 2019 e o futebol ofensivo do Flamengo deste ano pode nos lembrar que o Corinthians pode apresentar um futebol mais bonito, buscando o maior objetivo do futebol: o gol. A contratação de Thiago Nunes reforça essa ideia. E que 2020 seja o ano do Corinthians!

Carille foi duramente criticado pela postura do Corinthians no jogo contra o Santos pelo Paulista no dia 08/04/2019. De fato, ainda que o Santos tivesse de correr atrás do resultado, a postura do time foi vergonhosa, jogou-se como time pequeno.

Só que a culpa não pode ser atribuída apenas ao técnico. Os jogadores, após retomarem as bolas, davam chutão e o Santos retomava a bola. Quando tentava sair jogando ou engatar um contra-ataque, um erro de passe acabava com o avanço.

Sornoza tem sido exaltado por ser o líder de assistências do Corinthians. Analisando os números de forma fria, pode parecer que se trata de um titular indiscutível.

Os passes saíram, todavia, de bolas paradas e Sornoza é o único cobrador de faltas e escanteios de um time que, a princípio, tem bons cabeceadores (Manoel, Henrique e Gustavo).

Os jogos recentes mostram que Sornoza não é capaz de comandar esse meio de campo do Corinthians e há dúvidas de que seja também um jogador apto a ser titular. Com a bola rolando, Sornoza desaparece. Não marca, não dá passes 'que quebram linhas' e não tem boa movimentação, pois parece sempre pesado.

Pedrinho é bom driblador, mas precisa aprender a passar a bola. Outrora exaltado como um futuro craque, o garoto também não tem rendido. Erra passes bobos e sua influência no jogo é baixa, quase nula.

Mateus Vital não tem características de um passador, pois carrega mais a bola. Às vezes, até demais, talvez por isso não tem ganhado mais oportunidades.

Jadson, o titular ideal, está com idade avançada e não poderá exercer essa função como antes. O Corinthians precisa pensar em um cérebro para este meio de campo; um meia passador e com boa velocidade que não se omita quando necessário.

O Corinthians tem um grande problema no meio de campo.