O Corinthians já perdeu, pelo menos, metade dos jogos da primeira fase do Campeonato Paulista. Seis derrotas em dez jogos em qualquer torneio já é impensável para o clube, ainda mais no Estadual. Ser punido com a ausência na segunda fase da competição, porém, é a menor pena possível para esse começo de ano horroroso do Timão.

É bom ressaltar que essa conta não é do António Oliveira, do Garro e, diria, até de alguns dos reforços. A demora para estrear as contratações, o trabalho ruim do Mano Menezes e o planejamento cheio de lombadas são os principais fatores. Agora, porém, é necessário que todos tenham em mente a cabeça no futuro.

Sim, a classificação ainda é possível, mas eu não acredito que vá acontecer. Não acreditava nem em caso de vitória contra a Ponte Preta, imagina agora. O ano, no entanto, não termina em fevereiro - e parece reservar algo bem melhor do que se vislumbrava há três semanas. Três nomes ainda podem ajudar nesse começo.

O primeiro é obviamente Igor Coronado, já apresentado e que deve marcar presença contra o Santo André. O segundo é o zagueiro Cacá, uma aposta para uma zaga que precisa de certezas - mas que vai se contentar com isso. O terceiro, pra mim, é Paulinho, que pode dar a um time repleto de recém-chegados e fome, o exemplo de um campeão pelo clube.

Paulinho está longe de ser o que já foi, mas mesmo ano passado foi o único, por exemplo, capaz de fazer um gol no mata-mata contra o Ituano, no Paulista. Depois, como primeiro volante teve boas atuações em confrontos difíceis frente a Atlético-MG e Flamengo. Pelos relatos, está animado a voltar e confia que pode oferecer muito ao Corinthians. Eu dou a ele o benefício da dúvida.

O Corinthians, vale frisar, tem um time. Garro é o esteio técnico e até físico da formação atual. Wesley é um fenômeno e precisa ser tratado como tal. Félix chegou no meio de um furacão, já fez 11 jogos e, diante da Ponte, teve grande atuação. Raniele mantém alto nível desde que chegou. Outros vão compondo a equipe e a identidade parece clara.

Não, o Corinthians não está pronto para ganhar. Falta bastante coisa, o time tem pouca qualidade técnica para o nível de enfrentamento e vai ter de torcer para Igor Coronado adaptar-se tão rapidamente quanto Garro. Dois meias com boa qualidade de passe e boa bola parada podem ser o que falta pra esse time fazer uma campanha segura no Brasileiro e atacar as Copas (do Brasil e Sul-Americana).

Não esperem grandes tabelas, longas posses para cansar o adversário e movimentação desconcertante do ataque. Cobrem marcação pressão, bola parada forte, transição rápida e muita intensidade para recuperar a bola. Essa é a marca que António quer implementar no time - e que esse elenco é capaz de oferecer.

Por fim, fica a dica que, eliminado ou não do Estadual, o Timão tem o que fazer antes da estreia no Brasileiro. Joga a enorme e difícil segunda fase da Copa do Brasil, fora de casa e sem vantagem do empate, e abre a fase de grupos da Copa Sul-Americana - na qual ser primeiro garante duas semanas a mais de descanso quando o calendário tiver explodindo. O ano apenas começou.

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