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Um domingo qualquer na Arena Corinthians
Letícia Beppler

Musa do Corinthians no Musa da Torcida 2014, Sócio-fundadora da Fiel Sul Torcida, catarinense e corinthiana com orgulho, maloqueira por opção.

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Um domingo qualquer na Arena Corinthians

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Opinião de Letícia Beppler

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Um domingo qualquer na Arena Corinthians

Eu, ali, aguardando a bola rolar no clássico entre Corinthians e Santos

De um lado, um típico torcedor antigo e já acostumado com a casa, sentado de cabeça baixa e sem companhia alguma, ouvindo o bom e velho radinho com fones de ouvido... Provavelmente deve ter deixado a família curtindo a Páscoa nesse domingo a tarde em casa, e mesmo sozinho foi até o jogo, por hábito, talvez tradição.

Mais a frente, um pai orgulhoso de passar o seu corinthianismo para o filho, fazendo questão de registrar todos os gestos e momentos do pequeno menino e apontando, falando e gesticulando para ensinar a ele o que talvez será uma das melhores heranças da sua vida.

De repente, gritos e vozes de "Vai Corinthians" anunciando a chegada de torcedores adolescentes e entusiasmados, um grupo de 5 meninos, que podem ter combinado de irem até a Arena durante o intervalo da escola.

Percebo também os torcedores organizados preenchendo seus lugares aos poucos, alguns em grupos menores, outros já entrando em massa, carregando bandeiras, instrumentos, objetos e camisas para fazer o que melhor sabem: empurrar o Corinthians e promover a festa na arquibancada. Duas meninas faziam diferentes tipos de selfies. Alguns casais chegavam e tiravam fotos apaixonados, compartilhando do mesmo amor.

De outro lado, uma senhora chegava na companhia de familiares, andando com a sua bengalinha e recebendo auxílio deles, mas firme e forte na hora de descer as escadas e procurar um lugar pra sentar.

Senhora na Arena Corinthians

Foi nessa hora que comecei a pensar nas tantas e diferentes vidas que o amor pelo Coringão alcança: formas tão distintas de viver, pensar e torcer, mas que de certa forma nos une e faz todo mundo ser feliz no mesmo momento: um grito de gol! Notei um cara de uns 20 e poucos anos que se esforçou para conter o choro enquanto todos riam e comemoravam, devia ser a primeira vez dele no estádio, emoção que a gente nunca esquece. O rapaz da pipoca passou com a caixinha quase vazia e cantando: "Vamos vamos meu timão, vamos meu Timão" ..

Não sei se feliz pelo time ou por estar vendendo bem, talvez pelos dois, mas passava a tranquilidade de que a felicidade pode ser simples. Alguns torcedores me reconhecem, pedem pra tirar foto, e eu faço muita questão de dividir esses momentos com eles e saber de onde são.

Conversamos sobre Corinthians, sobre o campeonato paulista e o jogo em geral. Depois de um tempo, um desses torcedores volta e me alcança um pote de pipoca, falando que eu era muito simpática e que por isso resolveu trazer pra mim. Primeiro eu digo que não, ele insiste e eu aceito, claro. Mas a gratidão não é pelos tantos reais da pipoca, e sim pelo companheirismo de alguém que até ontem eu nem conhecia e hoje de alguma forma marcou e fez melhor o meu dia, junto com o nosso Timão.

Você pode chegar sozinho, mas na hora do pênalti, do gol perdido ou convertido e até o apito final, o cara do seu lado é como se fosse o seu irmão. E eu que sempre dizia que achava "uó" ir de salto alto pro estádio, vi uma elegante mulher descendo os degraus da ala VIP com muita confiança e propriedade. Pode não ser bom pra mim, mas estava muito bom nela. Muito diferente das loucas corinthianas de tênis e boné que vi pulando e cantando, representando também a torcida feminina, mas ainda assim, marcando presença do jeito dela.

Lá no alto, possíveis empresários e diretores assistindo de camarote, confraternizando e talvez ostentando com os amigos e colegas de trabalho, mas ainda assim, escolhendo o "Itaquerão".

São por esses e tantos outros detalhes que presenciei hoje, que tenho certeza que não existe definição melhor para o Corinthians mesmo que "time do povo". Não só porque a maioria da nossa torcida é "povão".. Mas porque todos nós somos o Corinthians, e seja qual for a fase, de alegria ou sofrimento: o pobre é fiel, o rico é fiel, a criança é fiel e o idoso é fiel.

Nossa maior característica é não deixar o time fazer a torcida... Mas a torcida fazer o time. Você aí que não acompanha o esporte ou que até torce pra algum time mas não tanto, deve estar pensando que eu sou uma doida poetizando futebol...

Mas porque o Corinthians é diferente? Só quem é sabe o que é!

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Letícia Beppler

Por Letícia Beppler

Musa do Corinthians no Musa da Torcida 2014, Sócio-fundadora da Fiel Sul Torcida, catarinense e corinthiana com orgulho, maloqueira por opção.

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