Como Tite recusou o Internacional e decidiu voltar ao Corinthians
Opinião de Marco Bello
55 mil visualizações 239 comentários Comunicar erro
O ano era 2013. Outubro. Após um título paulista conquistado e um título da Recopa Sulamericana, o Corinthians fez um péssimo Campeonato Brasileiro.
Jogadores que antes se destacavam, começaram a andar em campo. A grande aposta da temporada, Alexandre Pato, fracassou em campo e ainda deu vexame em Porto Alegre, na eliminação do time contra o Grêmio na Copa do Brasil.
O cenário estava montado. Uma goleada para a Portuguesa fez com que o então técnico Tite colocasse seu cargo à disposição da diretoria. Uma reunião aconteceu no Parque Ecológico, e os dirigentes tomaram a decisão.
Tite não viraria o ano como treinador do Corinthians. Os diretores de futebol Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves tentaram ao máximo segurar o comandante do time. Mario Gobbi já tinha um nome em mente.
E o presidente fez questão de não esconder de ninguém já ali, em outubro de 2013, que queria Mano Menezes à frente do time a partir de dezembro. Notícia que chegou ao treinador por intermediários, dentro de um avião, em uma das muitas viagens do time no Campeonato Brasileiro.
Tite ficou enfurecido com o presidente. Tinha histórico de campeão mundial, se sentiu traído pelas costas. Por Gobbi e por Mano. Mas segurou a barra e saiu ovacionado pela torcida, apesar do desempenho sofrível do time dentro de campo.
O ano de 2014 chegou, Mano foi confirmado, jogadores saíram, jogadores chegaram, e o mandato do presidente chegava ao fim. No mesmo mês de outubro, Roberto de Andrade, agora candidato à sucessão presidencial do clube, entra em contato com Tite.
O outrora diretor de futebol perguntou sobre uma possível volta do gaúcho ao clube do Parque São Jorge, e ali aconteceu o primeiro sim. Por cordialidade e respeito ao que considera correto, o técnico não aceitou falar sobre valores ou tempo de contrato. Mas se colocou à disposição para conversar em dezembro, após o final do Brasileiro.
E não é que Mano Menezes fica sabendo da história e sai com o mesmo sentimento do conterrâneo gaúcho? E ele foi avisado por um terceiro interessado na história, o Internacional. O candidato à Presidência do clube de Porto Alegre, Vitório Píffero, entrou em contato e perguntou sobre a possibilidade de Mano voltar ao Rio Grande do Sul, já que Tite já estava apalavrado com o Corinthians.
Mano, sempre fiel a Gobbi, falou em trairagem e desrespeito, por considerar que as conversas já estavam adiantadas. Se referia a Andrés Sanchez e Roberto de Andrade. Mas o contrato foi redigido apenas em dezembro, após o final do Brasileiro.
O sim já estava decidido. O “como” e o “quanto”, ainda não.
O Corinthians confiou na palavra de quem já conhecia bem. Tite confiou em pessoas que lhe foram muito próximas quando empregado no Parque São Jorge. Mas o Internacional recebeu um não de Mano Menezes e decidiu tentar uma nova cartada. Um super salário para Tite mudar de ideia.
Tite, no entanto, não é homem de mudar a palavra, mesmo que esteja só na palavra. Um amigo do treinador me disse: “Mesmo se o Inter oferecesse o triplo do que o Corinthians ofereceu, ele ainda assim assinaria com o Corinthians”.
Como disse aqui anteriormente, nas primeiras reuniões, o salário não foi assunto principal e sim o projeto do clube para 2015. Tite sabia que voltaria a se vestir de alvinegro desde outubro.
O troco estava dado, hoje apenas veio a confirmação.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Marco Bello
- Por que o Corinthians deve perder Jemerson para o Atlético Mineiro
- Jonathan Cafu: o outro lado da moeda
- Corinthians pode ter até 21 atletas da base utilizados no Campeonato Paulista; veja quais
- Corinthians destemido é melhor que time medroso
- Atacante do Athletico pode ser o primeiro reforço do Corinthians em 2021
- O Corinthians tem um campeonato à parte pela frente