Quem deve eleger o presidente?
Opinião de Marco Bello
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No próximo dia 7 de fevereiro acontecerão as eleições para a escolha do presidente do Sport Club Corinthians Paulista. Um clube com 104 anos de história, com 30 milhões de torcedores espalhados por todo o planeta.
Duas vezes campeão do mundo, campeão da Libertadores da América, 5 vezes campeão Brasileiro, 3 vezes campeão da Copa do Brasil, 27 vezes campeão paulista.
O Corinthians é também dono de um estádio avaliado em mais de um bilhão de reais, movimenta quase 100 milhões de reais em patrocínios por ano, mais 100 milhões de reais anuais em direitos de TV, e ainda 100 milhões em receita de ingressos.
Pois bem, quantas pessoas vão decidir o destino de tudo isso? Apenas 640 pessoas!!!
Eu explico:
Apenas os sócios do Parque São Jorge estão aptos a votar nas eleições. Ao todo, 10.564 sócios estão em dia com os pagamentos e portanto poderão votar. Mas historicamente apenas um terço destes sócios comparecem às urnas.
Na eleição passada, em 2012, foram 3.200 votos no total. Eram apenas duas as chapas concorrendo, e Mario Gobbi foi eleito com a módica quantia de 1920 votos. Seu opositor, Paulo Garcia, recebeu 1280 votos. Uma diferença de 640 votos. 640 pessoas que decidiram quem deveria tomar conta de toda essa história e de todo este dinheiro!
E se fosse diferente? E se o torcedor pudesse votar? O verdadeiro torcedor corinthiano. Porque para ser sócio do clube, não precisa torcer para o Timão. Basta morar perto do PSJ e querer usar a piscina, por exemplo. E já pode votar. Ou ser praticante de bocha. E pode votar. Ou mesmo adorar o restaurante que fica dentro do clube. E pode votar. Mas e quem frequenta os estádios? Esse não pode.
Atualmente o Corinthians conta com 70 mil sócios-torcedores cadastrados. São 70 mil corinthianos com RG, CPF, frequentadores das arquibancadas, que contribuem mensalmente com o clube, mas que não participam da decisão de quem vai ser o próximo presidente.
E não é só o Corinthians que alija seus torcedores da decisão mais importante da entidade. Clubes como Flamengo, Vasco, São Paulo, Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro tem eleições com regras parecidas, ou ainda pior: os conselheiros elegem o presidente.
No Brasil, um exemplo de mudança de pensamento acontece no Internacional de Porto Alegre. São mais de 63 mil associados com direito a voto. Algo que não é novidade para o Barcelona, um dos maiores clubes do mundo. Nas eleições de 2010, foram 57.088 votantes.
O Corinthians sempre foi um clube à frente de seu tempo, desde a fundação em 1910, dando voz aos operários, passando pela Democracia Corinthiana até as modernas ações de marketing da atual diretoria. Uma rica história que não pode ficar na mão de apenas 640 pessoas.
Está na hora de mudar. Ou alguém tem interesse que o torcedor não vote?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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