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Entenda o que acontece nos bastidores da eleição no Corinthians
Marco Bello

Setorista do Corinthians desde 2009 pela Rádio Transamérica, Marco Bello acompanha o dia a dia do clube

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Entenda o que acontece nos bastidores da eleição no Corinthians

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Entenda o que acontece nos bastidores da eleição no Corinthians

Eleições no clube acontecem no dia 7 de fevereiro

7 de fevereiro de 2015, sábado. Os sócios do Corinthians vão eleger o próximo presidente do clube.

As opções: Roberto de Andrade, e Antonio Roque Citadini. O primeiro, candidato da situação, o segundo, oposição. Simples? Nem tanto.

Para os próprios diretores do Corinthians, para conselheiros, funcionários e a imprensa que cobre o dia-a-dia do clube, a situação é às vezes tão complexa que fica muito difícil diferenciar quem está de um lado e quem está de outro.

Comecemos pela situação. Roberto de Andrade foi diretor de futebol da gestão Mario Gobbi até janeiro de 2014. Foi ele o grande responsável pela chegada de Alexandre Pato ao clube. Era ele também o diretor de futebol nas conquistas da Libertadores e do Mundial de 2012. Mas, em 2013, houve um racha entre o presidente Mario Gobbi e o ex-presidente Andrés Sanchez, e Roberto escolheu o lado do ex-presidente.

Ronaldo Ximenes, pessoa muito próxima ao presidente Mario Gobbi, foi escolhido para ser o novo diretor de futebol. A partir daí, ficaram isolados o presidente e o seu diretor. Edu Gaspar, gerente de futebol, e Alessandro, uma espécie de sub-gerente, ficaram divididos entre o que falava o presidente e o que mandava o ex. Conseguiram se manter no cargo assim até o fim do mandato de Gobbi.

Hoje, Roberto é apoiado abertamente por Andrés, e tem como vices André Luiz de Oliveira, o chamado André Negão, e o conselheiro vitalício Jorge Kalil, duas pessoas altamente ligadas ao ex-presidente. Recebe apoio apenas formal do atual mandatário e do seu diretor de futebol, mas a verdade é que o grupo de Gobbi será totalmente desligado do clube em caso de vitória da chapa “Renovação e Transparência”.

Muitos funcionários do Corinthians já receberam a informação de que, em caso de vitória do candidato da situação, estarão na rua. Situação inusitada em questão de uma chapa dita “de continuidade”.

Mas a situação fica ainda mais complexa quando sabemos que Roberto é desafeto de Fernando Garcia, conselheiro do clube, sócio da empresa Elenko Sports, que detém os direitos econômicos de diversos jogadores do elenco, entre eles Petros, Malcom, Guilherme Arana, entre outros. E a complexidade se dá pelo fato de Fernando Garcia e seu irmão, o outrora candidato da oposição Paulo Garcia, serem muito próximos ao ex-presidente Andrés Sanchez.

Garcia inclusive foi um dos principais contribuintes da campanha de Andrés ao cargo de deputado federal nas eleições de outubro de 2014. André, portanto, apóia Roberto, mas tem ligação estreita com Paulo, que desistiu da candidatura em prol de uma aliança com Antonio Roque Citadini.

Osmar Stabile e Emerson Piovesan serão os candidatos à vice na chapa de Citadini. Os dois, ligados ao outrora candidato Paulo Garcia, que deverá presidir o conselho em caso de vitória da chapa de oposição. Paulo, obviamente, não tem qualquer problema com seu irmão, o conselheiro e empresário de jogadores Fernando Garcia.

Mas Antonio Roque Citadini desde o início da campanha elegeu como principal tema o combate aos empresários que emprestam dinheiro e que detém direitos econômicos dos atletas da base. Portanto, Citadini é contra Fernando Garcia, irmão de Paulo, grande apoiador de sua candidatura.

Se Paulo Garcia tem forte ligação com Andrés Sanchez, o mesmo não ocorre com o candidato Citadini, opositor ferrenho de Andrés, desde a época em que era diretor de futebol, passando pela gestão Sanchez, e durante toda a campanha à presidência do clube.

Neste ponto, Citadini está mais próximo ao atual presidente Mario Gobbi do que o candidato da situação do clube. Já na questão de Fernando Garcia, ambos os candidatos majoritários tem problemas sérios com o empresário e conselheiro. Porém, ambos os apoiadores, Andrés por um lado e Paulo Garcia por outro, tem ligação estreita com ele.

Pois bem, se você chegou até aqui e conseguiu entender a complexidade da situação, sócio-eleitor ou apenas torcedor do Corinthians, nada melhor que um texto do poeta amazonense Augusto Branco, que poderia muito bem ser usado como lema das eleições deste sábado no Parque São Jorge:

“Nem tudo que reluz é ouro. Nem sempre o melhor está ao alcance dos olhos. É preciso estar atento e aprender a perceber melhor as pessoas e o mundo à volta porque os diamantes não ficam na superfície e são o que de mais valioso há.”

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Marco Bello

Marco Bello é jornalista, apresentador e repórter da Rede Transamérica de Rádio, setorista do Corinthians desde 2009

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