Ronaldo, o 'fenômeno' de 125 mil reais por mês
Opinião de Marco Bello
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Ronaldo Nazário, o popular "Fenômeno ", chegou ao Corinthians no início de 2009, em um dos períodos mais difíceis da história do clube. A equipe tinha acabado de subir da série B do Campeonato Brasileiro, e o torcedor vivia um momento de extrema insegurança quanto ao futuro.
Andrés Sanchez, presidente que assumiu o cargo no final de 2007, acompanhou o rebaixamento para a segundona, contratou Mano Menezes, reformulou quase todo o elenco, mas precisava ainda de um trunfo: resgatar a autoestima do torcedor e com isso voltar a gerar receita.
A contratação de um dos maiores jogadores da história do futebol, mesmo em final de carreira, foi um golpe de mestre. Ronaldo não só gerou mídia espontânea no mundo todo, como realmente jogou bola. Estreou contra o Itumbiara, pela Copa do Brasil, e logo no jogo seguinte já marcou o primeiro gol: contra o Palmeiras!
A equipe de Mano ganhou o Paulistão com direito a dois golaços de Ronaldo na Vila Belmiro e levantou também a taça da Copa do Brasil, com grande atuação do atacante nas finais contra o Internacional.
Ao todo, foram 69 jogos disputados e 35 gols marcados com a camisa do Timão. Ronaldo resolveu antecipar o final da carreira no dia 2/2/2011, após a eliminação do Corinthians para o Tolima na Pré-Libertadores da América.
O atleta então recebia um belo salário, cerca de 400 mil reais por mês, mais uma parte do valor recebido dos diversos patrocínios na camisa do time. Patrocínios, aliás, conseguidos graças à popularidade do "Fenômeno". Nada mais justo, portanto. Uma negociação que foi boa para o clube e para o atleta.
Porém, quando resolveu parar de jogar futebol, Ronaldo abusou da gratidão que o presidente Andrés Sanchez tinha com ele: cancelou o contrato de jogador, e firmou um novo acordo, para ser "embaixador" do clube. Na prática, ele não precisava fazer nada, além de ser ele mesmo. Aparecer em festas, viagens, ao lado de personalidades, políticos, etc. E ser sempre lembrado como ex-jogador do Corinthians. O valor deste novo "trabalho": 125 mil reais por mês.
Nos três anos seguintes, 2011, 2012 e 2013, segundo reportagem do Portal UOL, Ronaldo recebeu a bolada de 5 milhões de reais do Corinthians. O trabalho? Ter a imagem utilizada pelo clube. Uma imagem que Rivellino, Sócrates, Marcelinho ou Neto nunca cobraram para que o clube as utilizasse. Mas no caso do ex-atacante, custou bem caro.
Em 2014, com o problema ocorrido entre Andrés Sanchez e o presidente Mario Gobbi, o novo mandatário do clube optou por não mais utilizar a imagem do ídolo. Mas no início de 2015, com o acirramento da disputa eleitoral no clube, a chapa de Roberto de Andrade lembrou de seu antigo garoto-propaganda.
E Ronaldo foi chamado para inaugurar uma sala de musculação que já existia, dentro do CT do clube, em uma jogada de marketing que depois se somou a um vídeo gravado pelo celular do ex-atleta e enviado para os sócios do Corinthians que votariam na eleição do dia 7 de fevereiro.
No dia da eleição, no Parque São Jorge, a imagem do craque foi bastante utilizada também, em banners, faixas, cartazes, santinhos e até com a música "Eu sou Ronaldo" sendo tocada insistentemente por um carro de som presente ao evento.
A chapa de Roberto e Andrés venceu a eleição com 57% dos votos. Ronaldo, que é um fenômeno também no campo financeiro, não põe os pés pra fora de casa se não houver dinheiro envolvido. E muito.
E eis que a boca pequena no clube (mais tarde confirmada por reportagem do Portal UOL) traz a notícia que um novo contrato deverá ser assinado entre o Corinthians e o ex-jogador. Mais um acordo milionário que colocará o garoto-propaganda na folha salarial da instituição. Sem jogar. Sem precisar ir ao PSJ. Sem fazer parte da diretoria. Sem precisar rigorosamente fazer nada. Apenas ir ao banco para sacar o dinheiro.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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