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O time mais regional e mais nacional
Maurício Sabará

Nascido em São Paulo no dia 12 de janeiro de 1976, jornalista formado e profundo conhecedor da história do Corinthians. Autor do livro sobre ilustre corinthiano: 'O Generalíssimo Amilcar Barbuy'.

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O time mais regional e mais nacional

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Opinião de Maurício Sabará

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O time mais regional e mais nacional

Garrincha posa ao lado da Taça O Clube Mais Querido Do Brasil no dia da sua apresentação no Parque São Jorge

Foto: Arquivo

Um dos maiores problemas para torcedores corinthianos da década de 80, como eu, foi ler e ouvir a afirmação que o Corinthians era um time regional. Na verdade tal insinuação sempre foi uma meia-verdade. Citarei nas próximas linhas exemplos que desmentem essas declarações, provando mais uma vez que muito que se diz sobre o Sport Club Corinthians Paulista não condiz com a realidade.

Desde que surgiu, o Corinthians teve que correr atrás do seu Lugar ao Sol, por auto-estima própria e tendo que lidar com a pressão adversária, pois para os muitos que não o apreciam havia um sabor especial de cobrá-lo para conquistar vitórias e torneios, quando sabiam que não tinha, cobrança essa que obviamente não acontecia com outros times. Sempre foi vitrine nos dois sentidos, como atração e para ser quebrada.

Mas o que devemos entender como reconhecimento nacional? Só é reconhecido assim que vence um Campeonato Brasileiro? Explicarei abaixo com detalhes alguns casos de grandes equipes e títulos nacionais que tal afirmação foge ao que se buscava cobrar, pra variar, do Corinthians.

Não é surpresa para ninguém que o Botafogo de Nilton Santos, Didi e Garrincha foi um grande esquadrão entre os anos de 1961 e 1964. Depois do Santos de Pelé era considerado o melhor time do Brasil na época. Sempre reconhecido como um dos grandes do futebol brasileiro conquistou na época um Bicampeonato Carioca (1961/62) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964), sendo o segundo dividido com os santistas. E a Taça Brasil? Ela foi vencida em 1968, na segunda geração de sucesso da década de 60, sem os jogadores que citei. O Corinthians, sem a Taça Brasil para disputar nos Anos 50, ganhou os principais títulos do futebol brasileiro na época, com um elenco que não devia nada ao botafoguense, sendo mais vezes campeão de 1950 a 1955 que eles de 1961 a 1964, algo pouco comentado.

Outro exemplo interessante é o Guarani. Em 1978 foi o primeiro e único time do interior a ser campeão brasileiro, com uma equipe muito forte que contava com Zenon, Careca, Zé Carlos, Renato e tantos outros. Então pelo fato do Bugre ter sido campeão nacional passava a ser maior que tantos grandes clubes que ainda não tinham conquistado? Até mesmo os campeões da Taça Brasil deveriam ter uma consideração menor baseando-se em tal afirmação, já que o torneio ainda não tinha sido unificado.

Certa vez um amigo meu, torcedor da Portuguesa de Desportos, afirmou pra mim em 2008 que o Corinthians era a quarta força do futebol paulista, pelo fato de não ter a Libertadores da América, sendo o São Paulo o primeiro (3), Santos em segundo (2) e o Palmeiras na terceira posição (1). Então resolvi utilizar o mesmo argumento dele, dizendo que o Guarani era maior que a Portuguesa, o que ele achou um absurdo. Já que a alegação dele era a importância de determinado título contra a História em geral, então o Bugre foi campeão brasileiro, diferente do time dele, deixando-o sem resposta. Eu que, modéstia a parte, também conheço o passado da Lusa, obviamente que não penso assim, ainda mais sabendo que até a segunda metade da década de 50 era a quarta força do futebol paulista, antes mesmo do Santos.

Seria o mesmo se o São Caetano fosse campeão da Libertadores em 2002. Da noite para o dia passaria a ser considerado maior que times com muitas histórias, obviamente acarretando mais no Corinthians, dos quatro grandes do futebol paulista o único que ainda não tinha vencido a Libertadores. Para entender o quanto tais justificativas não funcionam.

Conforme já comentei em outra matéria, o Corinthians era a maior força do futebol brasileiro até 1960. No Rio de Janeiro, pela importância dos títulos, quem mais se equiparava era o Fluminense. O azar corinthiano foi justamente o seu período de decadência ter surgido competições que se fossem disputados desde 1950, com certeza já fariam parte da galeria de troféus. Refiro-me à Taça Brasil e à Libertadores da América.

Quando o Campeonato Brasileiro começou a ser disputado pra valer em 1971, o maior objetivo corinthiano era sair da incômoda fila sem títulos paulistas, que estava prestes a completar 17 anos. Quase venceu o Brasileirão de 1976, em uma polêmica decisão com o Internacional no Estádio do Beira-Rio. Nos três Brasileirões da Democracia Corinthiana (1982, 1983 e 1984) o time foi muito bem, mas alguns descuidos fizeram com que “o agora” sonho de ser campeão nacional não se realizasse. E ele veio em 1990, com o time de Neto, Ronaldo, Tupãzinho, Marcelo, Wilson Mano e Márcio Bitencourt, tecnicamente inferior ao de Sócrates.

Vamos agora voltar ao tempo e compreender o quanto o Corinthians sempre foi forte nacionalmente, mesmo sendo campeão Brasileiro em 1990, quanto tinha 80 anos.

Em outro capítulo tinha citado as expressivas vitórias contra o Flamengo em 1918 (reconhecido pela imprensa carioca pelo futebol impressionante que apresentava) e no início de 1930 quando obteve dois espetaculares triunfos em cima do Vasco da Gama, passando a ser conhecido como o Campeão dos Campeões, expressão mencionada na letra do hino. Era requisitado para participar da inauguração de Estádios, como fez em 30/05/1929, no Antônio Carlos, pertencente ao Clube Atlético Mineiro.

Constantemente chamado a participar de excursões para o Nordeste e Sul do Brasil desde a década de 30, reconhecido como um dos grandes times do futebol brasileiro.

O Rio-São Paulo, considerado o torneio mais importante do Brasil nos Anos 50, teve a soberania corinthiana com três títulos em 1950 e 1953/54. Nem mesmo o Santos de Pelé conseguiu ultrapassá-lo na década de 60, pois tinha conquistado em 1959 e 1963/64 (o bi, como já tinha dito, foi dividido com o Botafogo). No ano de 1966, último disputado antes de se chamar oficialmente de Roberto Gomes Pedrosa em 1967, passando a ter times mineiros, gaúchos e um representante paranaense, o título foi dividido entre o Corinthians, Santos, Botafogo e Vasco, não sendo disputado até o final por causa da Copa do Mundo da Inglaterra.

Deixando de lado os títulos pra citar a força da torcida corinthiana, houve um concurso na década de 50 para saber quem era o jogador mais popular do Brasil. Os torcedores do Corinthians votaram em massa no centroavante Baltazar, o vencedor.

E por último lembro que em 1955 ocorreu uma competição patrocinada pelos cariocas para se escolher o clube mais querido do Brasil. O vencedor ganharia uma taça. E quem ganhou, para a surpresa carioca, que deixou de realizar o concurso, foi o Sport Club Corinthians Paulista, que já tinha uma torcida sem igual e com um reconhecimento nacional que não precisava de título.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Maurício Sabará Markiewicz

Nascido em São Paulo no dia 12 de janeiro de 1976, jornalista formado e profundo conhecedor da história do Corinthians. Autor do livro sobre ilustre corinthiano: 'O Generalíssimo Amilcar Barbuy'.

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