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Ele jogou no Corinthians de Ronaldo, chegou à Europa e caiu no doping. Agora busca segunda chance

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Bruno Bertucci tem disputa corpo a corpo com Petković, do Flamengo, em Clássico das Multidões de 2009

Bruno Bertucci tem disputa corpo a corpo com Petković, do Flamengo, em Clássico das Multidões de 2009

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O dia 8 de fevereiro pôs fim à maior angústia da vida de Bruno Bertucci. Lateral-esquerdo formado nas categorias de base do Corinthians, ele não pôde atuar profissionalmente durante os últimos dois anos. Um duro golpe para alguém que ascendeu com certo destaque ao elenco principal do Timão e chegou ao futebol europeu com apenas 20 anos de idade.

Bertucci “estourou” no Corinthians em 2009, quando ajudou a equipe do Parque São Jorge a ser campeã da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Um dos destaques daquele elenco, foi chamado por Mano Menezes para compor o plantel principal, estrelado por ninguém menos que Ronaldo Fenômeno.

Mas Bruno, ainda que promissor, não ganhou sequência. Foram apenas quatro partidas disputadas pelo Timão ao longo da temporada, que terminou com os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. No início de 2010, com a contratação de Roberto Carlos, foi emprestado ao São Caetano.

A carreira de Bertucci daria curioso salto no ano seguinte, quando topou o desafio de se mudar para a Suíça e defender o Grasshoppers. O ala ex-Corinthians chamou atenção por lá e logo foi contratado pelo Neftçi Baku, do Azerbaijão, clube que aspirava vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa.

Tudo mudou em 2015. Mesmo em alta no Leste Europeu, Bruno entendeu que era hora de voltar ao Brasil e tentar a sorte num time de menor expressão que pudesse lhe dar visibilidade. Assim, sob o sonho de retornar à elite nacional, não pensou duas vezes em acertar com a Portuguesa-SP – e rápida convicção também teve ao exigir a rescisão de seu contrato, pois passou meses sem receber salários no Canindé.

Pulemos para 2017. Bertucci, a convite de um amigo, acertou com o Atibaia, clube que competiria na Série A-3 do Campeonato Paulista. Parecia a oportunidade perfeita para o lateral, então aos 26 anos, decolar e talvez voltar a um grande centro. Entretanto, às vésperas da estreia, Bruno se machucou. Uma lesão no pé o tirou das primeiras rodadas do Estadual e o fez temer, porque precisava estar logo à disposição da comissão técnica para atuar e seguir com o planejamento inicial.

Então, por recomendação de um massagista do Atibaia, tomou uma injeção contendo betametasona (corticoide), substância proibida pelo regulamento antidopagem da Fifa e da Agência Mundial Antidoping (Wada). O maior deslize de sua carreira.

“Um Paulista de A-3, nem sempre tem doping, 18 caras, seu nome é sorteado... Quando isso acontece é porque é pra acontecer, não tem jeito”, resume Bertucci, suspenso do futebol profissional por dois duradouros anos.

Publicação feita por Bruno Bertucci na sexta-feira passada, no Instagram

Publicação feita por Bruno Bertucci na sexta-feira passada, no Instagram

Reprodução/Instagram

Em entrevista concedida ao Meu Timão por telefone, Bruno relata a frustração de ter sido obrigado a interromper a carreira precocemente. Mais do que isso, assume a responsabilidade pelo erro cometido, mas não absolve o profissional do Atibaia o qual o indicou o tal medicamento.

Com o coração aberto, o “professor Bertucci” conta como levou a vida durante a suspensão e a maneira que encontrou de manter-se próximo do futebol – mesmo tão longe. E garante: aos 28, ainda tem muita lenha para queimar.

“Está nas mãos de Deus”.

Leia a entrevista com o lateral-esquerdo Bruno Bertucci na íntegra

Meu Timão: O que você tem feito nesse período afastado do futebol profissional?

Bruno Bertucci: Depois da situação que aconteceu, tive que fazer essa transição da carreira profissional para outro meio. Através do Sindicato dos Atletas (Sapesp), consegui um certificado de monitor que me permitiu dar aula em escolinha, que é o que eu faço hoje. Nesses dois anos de suspensão dou aula em escolinha, na Ronaldo Academy – coincidência, né? Por ter jogado com o cara... E estou cursando faculdade, faculdade de Educação Física. É o mundo que eu sempre vivi. Fui para o quarto semestre na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

Bruno agora dá aulas em franquia da Ronaldo Academy, rede de escolinhas de futebol de Ronaldo

Bruno agora dá aulas em franquia da Ronaldo Academy, rede de escolinhas de futebol de Ronaldo

Reprodução/Instagram

Você diz, no post, que esse tempo foi muito doloroso, que tem sido bem difícil. Como recebeu a notícia do doping? Partiu de você a intenção de tomar a injeção?

Na verdade foi uma situação conjunta. Foi na véspera da estreia do Campeonato Paulista, eu tinha voltado para o Brasil, estava analisando algumas situações. Através de um amigo meu, acabei indo para o Atibaia, que tinha um grande projeto. Por mais que estivesse na A-3 na época, tinha intenção de colocar jogadores em clubes grandes, como já aconteceu, casos do Robinho (jogador do Fluminense), do próprio Richard, que hoje está no Corinthians. É uma baita equipe em relação a isso, em colocar jogadores em outros lugares.

Mas naquele momento, uma semana antes de começar o campeonato, teve um amistoso contra o Palmeiras e acabei torcendo o pé. Nessa transição para tentar a recuperação, o tempo foi passando, passaram-se três rodadas... Como o Campeonato Paulista é curto, o time não vinha tão bem, tinha essa pressão para eu voltar. Num dia o massagista estava lá no CT conversando, ele cuidava da parte de fisioterapia também, ajudava com gelo, etc. Conversando com ele, ele disse: ‘Pô, A-3, doping, é uma situação que se você tomar uma injeção pode te ajudar, essa dor que você está sentindo pode diminuir para a partida. Você topa tomar a injeção?’.

Eu sabia da situação, sei o que pode acontecer, mas você nunca espera que vai acontecer com você.

Na vontade de querer jogar, falei: ‘Não, vamos tomar e torcer para que nada aconteça’. E acabei tomando, na noite anterior ao jogo tomei a intenção para poder jogar. Mas joguei meio tempo e não aguentei, infelizmente estava com muitas dores no tornozelo, não consegui jogar. Só que, um Paulista de A-3, nem sempre tem doping, 18 caras, seu nome é sorteado... Quando isso acontece é porque é pra acontecer, não tem jeito.

Quando chega a notificação do tribunal, eu já sabia o que tinha acontecido, os fatos, por isso nem pedi contraprova nem nada, porque já sabia do que se tratava.

Sei que é um assunto delicado e você mesmo já fez esse mea culpa. Mas, de alguma forma, você se vê injustificado pela forma como o clube lidou com a situação? Faltou orientação?

Eu sinto por... Por sempre ter passado por clubes grandes na minha carreira, eu nunca tive essa preocupação (com medicamentos). Nessa situação, não acho nem tanta (culpa) do clube, da presidência, dos membros lá, ninguém tem culpa do que aconteceu. Mas o massagista lá, eu já levo isso como algo principal, porque acho que ele foi irresponsável nessa situação. Ele, por estar ali, por trabalhar com isso há anos, devia saber, devia ter um pouco mais de cuidado em relação a isso, em oferecer essa situação sabendo que poderia, sim, ter doping.

Não sei quantos jogos tem o Campeonato Paulista, quantos jogos deixa de ter, mas com aquela expectativa de voltar, aquela pressão de voltar... É difícil. Lógico, não tiro o meu da reta, porque sabia que estava colocando no meu corpo algo que era proibido. Fica essa frustração de saber que joguei minha carreira fora por uma decisão momentânea.

Você pode mencionar o nome do massagista?

Eu prefiro nem citar o nome do cara porque também não vou prejudicar a vida, a carreira dele. Mas ele errou nessa situação.

Voltando um pouco no tempo, você foi um dos poucos promovidos pelo Mano Menezes em 2009, mas acabou não permanecendo por muito tempo, sendo logo emprestado. Como foi esse período e também sua ida para o exterior? O futebol de lá é muito diferente do daqui?

Em relação ao futebol, a diferença é grande do brasileiro para o europeu. Aqui era praticamente um ponta. Vindo da categoria de base, por mais que fosse lateral, atacava muito, estava o tempo todo no ataque chutando, e os volantes ali cobrindo. E na Europa já é diferente, você primeiro é praticamente um zagueiro e depois vai subindo aos poucos, mas sua maior obrigação é a marcação. Foi ali que eu senti um pouco, pesou um pouco para mim essa adaptação, de só marcar, de ter jogo que eu não podia subir. Foge totalmente da minha característica principal.

Mano tem conversa com Bertucci, Marcelinho e Boquita, jovens recém-promovidos por ele

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Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Sobre essa transição, entende que pela característica do nosso futebol, de se jogar para frente, é mais difícil para o atleta brasileiro?

É uma complicação de fato porque você não se preparou para aquilo na categoria de base. Vejo categoria de base como preparação não só no futebol brasileiro mas no geral. Só que o que a gente vê muito aqui é resultado, é trabalho em cima do resultado. O que foi trabalhado no Corinthians comigo foi só resultado, de ser campeão, etc. Trabalhou-se minha característica principal, que era o ataque. Se tivesse jogado aqui no Brasil, legal, daria tudo certo. Na Europa é outro foco, principalmente lateral, lateral é o que mais sofre com essa transição porque aqui se ataca muito e, chegando lá, essa adaptação é um pouco complicada.

Você cita em outras entrevistas que seu período no Azerbaijão foi muito bom, que estava adaptado. Por que conseguiu se destacar tanto por lá?

Não sei dizer o porquê. Eu me sentia muito à vontade jogando lá, é um mercado alternativo, desconhecido para o Brasil. A gente estava em atividade, o clube tinha acabado de entrar numa Liga Europa jogando contra clubes grandes, pegamos Inter de Milão dentro de Milão, jogamos contra equipes russas, Rubin Kazan, Partizan, da Sérvia, Fenerbahçe. São times bons, cara! Essa experiência de Liga Europa, de se jogar um pré-mata-mata da Champions, jogando contra equipes de alto nível, você se sente bem. Eu pensava: ‘Vou entrar, sei o que tenho que fazer e pronto e acabou, aqui quem manda sou eu!’. Mas ou menos isso que eu pensava.

Você se arrepende de ter voltado para o Brasil naquele momento?

Hoje, com certeza, vejo que foi o momento errado. O certo era eu ter permanecido lá porque tinha moral no país, era bicampeão, (disputava) Liga Europa, passamos para um mata-mata da Champions. Era para me manter lá até hoje, não devia ter saído de lá.

A vida me levou para esse mercado alternativo e deveria ter permanecido. Mas esse pensamento de ‘poxa, saí cedo do Brasil, joguei pouco no Corinthians, ainda quero essa oportunidade de jogar no Brasil, sou novo ainda’. Pensamento de ‘o que estou jogando aqui, se conseguir mostrar lá, talvez tenha uma chance de repente de pegar uma Seleção Brasileira principal, já que tinha disputado Mundial pela Sub-20’. Isso tudo pesa na cabeça.

Mas além do futebol tem a parte da família, da saudade, eu morava sozinho, três anos no país... Mas me arrependo, com certeza.

Como você enxerga sua carreira daqui em diante, agora apto a jogar profissionalmente?

Eu nunca dei por acabado, ‘tudo acabou’, ‘já era’. Por mais que estivesse difícil a situação, treinei na medida do possível, porque não dá pra você manter aquele nível de treinamento como é no profissional. Você tem que manter os jogos na várzea, que também não são parâmetro para o profissional. Mas está nas mãos de Deus. Esse fim de ano eu tentei, corri atrás de algumas situações no mercado, mas por estar dois anos parado, infelizmente, é complicado. Até surgiu uma conversa, mas você sempre está um passo atrás de uma possível concorrência. Então é bem difícil, bem complicado voltar. Lógico, é meu objetivo, estou tentando, seria meu sonho poder voltar, mas tenho encarado com realidade, de que é possível que não aconteça. Estou tranquilo em relação a isso.

Bruno é marcado de perto pelo atacante Madson durante clássico diante do Santos

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Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

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