Economista analisa momento do Corinthians e expõe alternativa para clube não depender de contratação
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Por Marcelo Contreras e Rodrigo Vessoni
Um dos principais assuntos comentados pela torcida do Corinthians em 2021 é a ausência de contratações para a equipe principal. Chegando na metade do ano, o clube ainda não anunciou nenhum reforço, cenário pouco comum e que gera questionamentos, dado o desempenho da equipe dentro de campo.
A realidade, porém, força a diretoria a preterir os investimentos em novos atletas em prol de equilibrar o fluxo de caixa. Em live nesta sexta-feira no canal do YouTube do Meu Timão, o economista Cesar Grafietti, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte, analisou possíveis ações que podem ser tomadas pelo clube neste momento, visando o equilíbrio de contas - confira o papo da íntegra clicando aqui.
"É preciso fazer uma grande peneira. Onde estão os atletas? Se estão jogando, se estão na folha salarial, se estão emprestados. O Corinthians fatura pouco, R$ 400 milhões por ano. Se tiver R$ 200, R$ 250 milhões de folha você consegue fazer estrago no futebol. O que está faltando não é apenas cortar custos, mas saber usar o que tem. Quando eu falo sobre capacidade de contratação e montar um elenco eficiente, é nessa linha. Buscar atletas mais baratos mesclando com mais caros. A gestão é uma fusão do financeiro com o futebol. Se um dos dois fica largado, a coisa não vai andar bem", afirmou Cesar.
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Nos anos recentes, o Corinthians teve casos bem-sucedidos de jogadores contratados a preços baixos e que valorizaram e foram vendidos com lucro: Jucilei, que chegou do Jota Malucelli; Elias da Ponte Preta; Leandro Castán e Ralf do Barueri; Romarinho e Paulinho do Bragantino. Apesar disso, o diretor de futebol Roberto de Andrade se posicionou recentemente e ratificou a postura do clube em relação à chegada de novos nomes.
Grande parte da dívida a curto prazo do Corinthians foi gerada a partir da contratação de jogadores. Como demonstrou Cesar, o Timão deve mais de R$ 300 milhões só a agentes esportivos, fornecedores e outros clubes, valor que dificilmente será negociado. Mesmo assim, o economista lembrou exemplos de outras instituições que passaram por problemas semelhantes e conseguiram se reerguer.
"O que falta hoje, talvez, é recuperar a capacidade de gastar menos e ter melhor desempenho esportivo. Esse é o ano do reequilíbrio, de entender o que está acontecendo, renegociar parte das dívidas e levar o processo esportivo da maneira mais conservadora possível, mas já trabalhando para os gastos serem mais eficientes. É preciso olhar os bom exemplos dos campeonatos europeus. Não custa nada bater na porta da Atalanta e perguntar o que eles fazem para ter o time inteiro jogando a Eurocopa em suas seleções tendo um terço da receita da Juventus. A gente olha o futebol como indústria e quer ser como a Premier League, mas estamos piores do que a Liga Portuguesa", ressaltou o economista.
A dívida do Timão vem crescendo de forma rápida. De 2017 a 2020, há um aumento de mais que o dobro entre os valores das dívidas. Por outro lado, as receitas do clube não vêm seguindo o mesmo ritmo. Em 2017, por exemplo, o clube teve uma receita de R$ 366 milhões, enquanto em 2020 o total foi de R$ 389 milhões. Mesmo assim, no último ano, o Corinthians investiu R$ 82 milhões de reais em contratações de atletas.