Renato Junoy
Resposta perfeita, consciente, respeitosa, acho que deveriam fixar esse post e fazê-lo chegar à Renata.
em Bate-Papo da Torcida > Resposta a Renata Fan - Sobre humildade e procedimento
Em resposta ao tópico:
Sobre humildade e procedimento
A Renata Fan tem muitos méritos. Todos aqueles que ela lembrou ao tentar fazer uma “retratação” sobre os adjetivos pejorativos que desferiu, no dia anterior, ao seu colega Chico Garcia, chamando corintianos de “maloqueiros” e “sem estudo”, assunto que ganhou grande repercussão nas redes sociais. Renata Fan foi, sim, uma precursora da presença das mulheres nos programas esportivos. Lembro-me bem de quando assumiu a função e foi submetida a uma sabatina da Folha de S. Paulo, se saindo muito bem, gabaritando quase todas as questões e mostrando todo o seu conhecimento sobre futebol. Desde lá sempre fui um dos seus admiradores.
Esperava dela nesta sexta-feira uma retratação digna de tudo o que ela construiu. Decepcionei-me. Sei que minha opinião não vale muito nesse cenário midiático do qual nem faço parte. Sou apenas um espectador e, nesse campo, estou no mesmo grau de todos aqueles que “se sentiram ofendidos”. Sim, foi esse o termo que ela usou, o mesmo que os racistas usam para “se desculpar” quando falam coisas que não deveriam: “se alguém se sentiu ofendido, peço desculpas”.
Não, Renata, ninguém “se sentiu” ofendido; fomos todos ofendidos, na concepção pura das palavras. Inclusive eu e muitos outros que têm estudo e diploma. Entre nós não há essa diferença! Como comunicadora experiente, deveria saber disso. Você não estava na mesa de um bar, na sua intimidade. Estava à frente de uma transmissão ao vivo, em um canal aberto de TV com grande projeção. Você mesmo lembrou que já fez mais de 3 mil apresentações à frente do Jogo Aberto, falando a milhares de dezenas de pessoas. Não se ateve, entretanto, ao momento delicado, depois de um bom jogo e uma perda de campeonato dolorida, dentro e fora de campo. Ofendeu corações partidos, pisando, reincidentemente, sobre nossa camisa e nosso símbolo.
Não comemoramos derrotas, como muitos pensam. Simplesmente temos uma forma peculiar de lidar com um sentimento nato, que nos faz reconhecidamente diferentes de todas as outras torcidas. Aquela mesma paixão que nos faz gritar mais forte quando tomamos um gol, aplaudir o time mesmo quando perdemos, e lamentar a nossa tristeza compartilhando a nossa grandiosidade. Entre os corintianos não existe a soberba, mesmo porque temos uma origem operária, que sempre buscou construir uma história de superação. Não é à toa que somos reconhecidos como “o torcedor sofredor”, e sabemos disso. Até nossas vitórias sempre foram doloridas.
Você buscou se justificar se colocando como torcedora fanática, frequentadora de estádio, e até ousou se qualificar como uma “maloqueira”, coisa que você não é e nunca vai ser, pelo menos dentro da concepção que nós, corintianos, nos permitimos nos chamar, em canto, em campo e em alma. O fato de se assumir como “colorada’ na imprensa esportiva não lhe credencia e não isenta a sua responsabilidade como comunicadora. Você, efetivamente, perdeu a mão, reconheça!
Mas não foi nisso que você mais exagerou. Talvez por um lapso, ousou classificar todos os corinthianos como pessoas menores, “sem estudo”. Brincadeira fora de hora e de lugar, prefiro pensar assim. Isso que você deveria admitir em sua pseudo-retratação, e não o fez. Preferiu o atalho dos preconceituosos, que dizem “se alguém se ofendeu, se alguém acha que eu passei do limite, se alguém acha que fiz uma coisa tão grave assim, eu peço desculpas”.
Ninguém acha nada, Renata; você passou dos limites, admita. E foi além: exigiu “respeito”, em resposta à avalanche de críticas que recebeu nas redes sociais. Talvez algumas tenham sido exageradas e desrespeitosas de verdade, mas foram reações apaixonadas e estão dentro dos absurdos que frequentam as redes sociais. Mas nenhuma delas, é bom que se diga, na proporção da sua visibilidade. Se você foi realmente uma torcedora de estádio, como disse, sabe bem do que estamos falando. Se não, como profissional de mídia, deveria saber separar uma coisa de outra e reconhecer o seu erro, de verdade.
Em vez do arrependimento, manteve-se arrogante e prepotente. Preferiu se gabar, mais uma vez, das suas merecidas conquistas, com uma retórica já utilizada outras vezes, de mulher precursora, que de fato foi. Mas isso não pode ser uma muleta para o resto de sua vida. Pode continuar com seu salto alto, vestido longo e unhas pintadas, Renata, não tem problema. Recomendo-lhe, entretanto, experimentar as sandálias da humildade. Saiba reconhecer, de verdade, quando passou do ponto. Aprenda uma das máximas do sentimento que todo corintiano traz no coração, desde quando nasceu: Lealdade, humildade e procedimento!
O seu equívoco não vai lhe tirar tudo o que você construiu, com talento e mérito! Mas você nunca vai ser uma de nós! Respeite, você, nosso sentimento! Aqui é Corinthians, sem estudo, com estudo, pobres, ricos, pretos e brancos...somos todos iguais!
Marcelo Mastrobuono , jornalista, simplesmente mais um louco do bando!