Jamil Tanus
Alguns anos atrás, quando jogava bola na várzea escutei uma expressão para definir aquele jogador que você não consegue definir o sentimento que tem por ele: o ruim sincero.
O ruim sincero é aquele jogador que não é compreendido, que uma parte adora, a outra questiona e uma terceira parte odeia.
Aquele jogador que não é habilidoso mas as vezes acerta um drible absurdo, que se enrola nas próprias pernas, que acerta jogadas inesperadas e erra lances simples, ou seja, você nunca sabe o que esperar da próxima jogada dele, pode ser um lance besta ou bestial.
Ontem mais uma vez no estádio, vi isso incorporado no Romero, primeiro na definição que a torcida não entende o sentimento que nutre pelo jogador, é xingado e aplaudido com a mesma intensidade em um espaço de cinco minutos, e capaz de ser 8 ou 80, como em um lance na lateral aonde estava cobrindo a falta do Edílson que tinha sido expulso, roubou a bola do adversário e entregou para outro que estava um pouco mais atrás.
O amor/ódio pelo Romero só escapa na única característica que todos concordam que ele tem. O coração. Pode questionar a habilidade, se deveria usar a camisa do Corinthians, mas não se nega a vontade, a paixão e a entrega do paraguaio no campo. Não existe bola perdida, existe sempre uma tentativa de recuperar, e nisso que ele ganha a torcida, e nessa parte que o ruim sincero encanta.
Jogue como torcedor, corra nas bolas perdidas, seja um torcedor no campo Romero, pode errar que erro de vontade aceitamos. Seja o nosso ruim sincero.
