Humberto Azevedo
Onde tiver desespero, lá estarei; no seio dos mais oprimidos e daqueles em que a sociedade doentia, que acredita ser sã, procura depositar seres humanos como vermes, é lá onde mais estarei; porque nasci para ser amado entre a plebe e odiado nos ricos salões de festas onde se comem brioches e se bebem champanhes; corintiano não é torcer para um time apenas, é um sentimento de permanente luta pela justiça; em tempos que tentam em vão elitizar o verdadeiro time do povo, em que cada vez mais brasileiros sem oportunidades e sem acesso aos seus direitos mais básicos são encarcerados, em massa, em depósitos de moer gente, ser Corinthians é dizer não a injustiça e gritar contra esse mundo que favorece tão poucas pessoas. A imagem deste vídeo me fez lembrar, quando de fato me tornei corintiano, maloqueiro e sofredor: aos dez anos de idade, em visita a uma cadeia pública, vi ali o quanto que ser Corinthians era a única razão de viver de seres humanos que a sociedade mesquinha lhes condena desde o nascedouro como lixos e expurgos; Ali, na cadeia, tive convicção - na tenra infância - que ser Corinthians é muito mais que torcer para um time de futebol, que ser Corinthians era uma rebentação da rebeldia, uma alucinação de paz no horror da guerra, a chance de fazer um gol de placa a cada gesto de promoção da cidadania. Por isso, vai Corinthians, sempre!
Humberto Azevedo, corintiano, jornalista em Brasília (DF)
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