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Em formação
Raul Gustavo é caso raro de sucesso e prova que Sub-23 do Corinthians precisa mudar
Opinião de Luis Fabiani
Raul Gustavo foi impecável contra o Santos. Desde as disputas aéreas vencidas contra um centroavante mais alto, passando pela ótima leitura defensiva, até a incrível maturidade ao iniciar a construção ofensiva do Corinthians com seu pé esquerdo certeiro. É um zagueiro cujo potencial anima a todos que assistem seu início de carreira.
A maturidade nas atuações, porém, não é à toa. A formação do Raul é fundamental na rápida adaptação ao time profissional do Corinthians. Desde 2018, quando ainda jogava no NK Lokomotiva, da Croácia, o zagueiro já atuava em nível profissional. Quando chegou ao Sub-20 alvinegro, sob pedido de Dyego Coelho, já estava um estágio acima dos seus concorrentes de posição, sendo titular absoluto até estourar a idade limite da categoria, em 2019.
Em 2020, sem categoria para jogar, foi alçado para o Sub-23, onde alternou entre zagueiro e volante. Treinava no profissional com Tiago Nunes e jogava nos Aspirantes com Edson Leivinha. Tinha vivência profissional e conseguia corrigir seus defeitos jogando, ainda que em um Brasileirão Sub-23. Somou-se a isso o curto período que passou emprestado na Inter de Limeira. Finalmente, ficou pronto para jogar no time principal do Corinthians
Com Raul, como raramente faz, o clube respeitou todas as etapas da formação de um atleta. Se tivesse subido em 2019, quando estourou a idade para jogar no Sub-20, dificilmente teria maturidade para já pedir passagem no time titular, como faz hoje. Um Sub-23 sucateado do Corinthians colaborou na formação de um jogador excepcional. E isso me faz ponderar o que a categoria seria capaz de fazer se funcionasse plenamente durante todo esse tempo. Foi um raro acerto de uma categoria que acumulou situações questionáveis
Em novembro do ano passado, Jacinto Ribeiro, o Jaça, então diretor do time Sub-23, afirmou que a folha salarial do elenco não passa dos R$ 200 mil mensais. Assim, em um ano, a folha do clube não passaria de R$ 2,4 milhões anuais. Se Raul conseguir manter o nível apresentado nos últimos três jogos, garanto que uma eventual venda garantiria mais de uma década de funcionamento da categoria. E há de se levar em conta que outros jogadores de potencial, potenciais produtos de venda do clube, seriam alçados pelo Sub-23 nesse meio tempo.
Há de se ressaltar, portanto, que se a categoria funcionasse como deveria, a folha salarial seria ainda mais baixa, projetando a utilização de jogadores vindos de outras categorias da base alvinegra, sem a necessidade de buscar jogadores mais caros vindo de outras equipes.
A torcida deve contestar a todo momento os modus operandi do Corinthians Sub-23. Se bem utilizada, é de um potencial enorme pra formação e posterior venda de jogadores. Novos "Rauls Gustavos" são condicionados à uma mudança radical da categoria
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.