Os protestos armados por organizadas do Corinthians na última quarta-feira, no Pacaembu, não ficaram apenas no pedido pacífico pela libertação dos 12 torcedores presos na Bolívia desde 20 de fevereiro. Os gritos foram além dos três divulgados em panfleto distribuído nos arredores do estádio.
“É guerra, é guerra, é guerra, liberdade ou guerra”, cantou boa parte do público que acompanhou a vitória do Timão sobre o San José na arquibancada amarela, setor majoritariamente ocupado por integrantes da Gaviões da Fiel. Promessa de que as atitudes se tornarão mais agressivas caso o clamor pela soltura dos detidos não seja atendido.
Antes de a bola rolar, a mensagem tinha sido parecida. Na Praça Charles Miller, em frente ao estádio, uma manifestação comandada pelo advogado da Gaviões, Ricardo Cabral, com participação de outras uniformizadas e de lideranças da comunidade boliviana em São Paulo, teve também um tom ameaçador.
"A gente já é tachado de maloqueiro mesmo. Então, para nós, não faz diferença. Vamos esperar até o dia 17. Se não acontecer nada, vamos até a Paulista quebrar tudo se for necessário”, afirmou um membro da Gaviões que tomou a palavra no microfone – havia um pequeno caminhão com um sistema de som.
O dia 17 é uma referência à visita que os 12 presos farão ao Estádio Jesús Bermúdez. Os torcedores – acusados de envolvimento na morte do garoto Kevin Beltrán, de 14 anos, atingido por um sinalizador na primeira partida entre San José e Corinthians – farão uma espécie de reconstituição da noite da tragédia.
A Avenida Paulista é onde fica o Consulado da Bolívia em São Paulo. Já houve dois protestos em frente ao local, com pedidos por justiça e mensagens de apoio à família de Kevin. Caso ocorra um novo protesto, a promessa é de algo além de cantos ensaiados.
“Se for preciso entrar em conflito com a polícia, infelizmente, isso vai ter que acontecer. Se precisar, ninguém entra e ninguém sai daquele consulado”, disse o representante da Gaviões responsável pelas mensagens da organizada na manifestação, que teve até contato com os presos por telefone.
Fonte: gazeta esportiva