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Corinthiana que foi ao Morumbi com a família recebe ameaças de morte de são-paulinos na web

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Uma estudante de jornalismo de 18 anos passou a conviver com o medo depois do clássico entre São Paulo e Corinthians disputado no último domingo, no Morumbi. Tudo porque, ao lado de familiares são-paulinos, decidiu assistir ao jogo de futebol. Ela tem sido ameaçada de morte por diversos torcedores rivais desde então.

Em entrevista ao Meu Timão, P.C. (ela terá o nome representado pelas iniciais na reportagem) contou que foi ao estádio acompanhada dos pais e de um amigo que mora em Mato Grosso do Sul. A ideia era aproveitar a estadia do sul-mato-grossense na capital paulista e dar a ele a oportunidade de conhecer o Morumbi, casa do São Paulo, seu clube do coração.

“O maior sonho dele ainda era assistir a um clássico, e atualmente o maior clássico é São Paulo x Corinthians. Então a gente decidiu que iríamos assistir ao jogo”, inicia a corinthiana, que descartou prontamente a possibilidade de vestir uma camisa da equipe mandante.

Apesar do medo que a cercou na chegada ao estádio, repleto somente de são-paulinos devido à imposição de torcida única nos clássicos paulistas, P.C. se manteve calma até o apito final, mesmo presenciando inúmeros xingamentos direcionados aos jogadores corinthianos e até injúria racial contra o centroavante leia ao fim da matéria.

No retorno para casa, passado o temor de estar entre torcedores rivais, ela publicou uma foto em uma de suas redes sociais. Uma forma de comemorar apenas o resultado obtido pelo Timão no Majestoso, nada mais. Foi quando o tormento começou:

“Passou um tempinho, umas duas horas, e comecei a receber ameaças. Um falando que ‘se eu voltasse lá, ia voltar sem cabelo’, outro já descobriu que eu sou daqui do ABC. E um torcedor da Independente (torcida organizada do São Paulo), que nem é daqui do ABC, me mandou mensagem – que foi o pior para mim, foi quando eu desabei – que ‘era pra eu cavar minha cova’, que ‘ele ia me matar’, me chamou de maldita”, relata.

As ameaças não cessaram e obrigaram P.C. a procurar a polícia e registrar boletim de ocorrência. A corinthiana, então, se dirigiu a uma delegacia próxima, mas acabou maltratada e chamada de “louca” pelo delegado responsável por ter ido a um estádio de futebol torcer por seu time.

“Depois ele (policial) me ligou pedindo perdão e aí fiz o B.O., e imagino que esses torcedores que me ameaçaram vão ser intimados”, explica.

A pedido da fonte, os nomes de quem a ameaçou não serão divulgados

A pedido da fonte, os nomes de quem a ameaçou não serão divulgados

Arquivo pessoal

Ainda assim, de acordo com P.C., intimidações relacionadas ao post já excluído têm chegado frequentemente em seu celular.

A cada dia que passa, estou recebendo mais ameaças e estou sabendo que minha foto está viralizando por aí, e que eles estão pregando o ódio por mim nas redes sociais do São Paulo”, lamenta a corinthiana, angustiada. “Eu fico com medo de sair de casa, essa semana não estou indo nem estudar por causa disso”.

Receio pelo futuro

Para P.C, além das ameaças de morte, existe o medo pelo futuro profissional. Ela teme que tal episódio possa prejudicá-la no futuro, já que cursa jornalismo e pretende trabalhar na área.

“Eu faço jornalismo pra falar sobre futebol, porque cresci no meio do futebol e sou apaixonada pelo esporte. Tudo bem que há essa rivalidade entre São Paulo e Corinthians, mas eu não tive intenção nenhuma de provocar nenhum dos times”, reitera a estudante.

“Eu até parei pra pensar que por causa disso posso estar prejudicando minha carreira, e era tudo que eu não queria. Estou perdida, não sei o que fazer porque, mesmo fazendo B.O., estou sendo ameaçada. Não sei as providências que estão sendo tomadas e agora estou vivendo com o medo”, afirma. “Eu queria ter o apoio do Timão nesse caso, pois estou impedida de sair de casa”.

Injúria racial contra Jô

P.C. testemunhou um ato de injúria racial por parte de um jovem torcedor são-paulino contra Jô, atacante do Corinthians.

Segundo ela, o indivíduo estava no mesmo setor, a Arquibancada Vermelha Oeste, quando pediu que um atleta do time “quebrasse esse macaco” – no caso, Jô.

“Ele falou assim: ‘Você tem que quebrar esse macaco!’. E vários torcedores negros olharam pra ele e não gostaram, eu não gostei porque seu totalmente contra o racismo”, descreveu P.C., que considerou procurar a polícia a fim de informar o ocorrido, mas temeu sofrer represálias de outros são-paulinos. “Eu queria até conversar com ele: ‘Escuta aqui, o Arboleda, o Jucilei, eles são negros e nem por isso são macacos!’. Mas tive o receio de acontecer alguma coisa”, concluiu.

A partida no Morumbi pode ter empatado em 1 a 1, mas não significa que terminou de fato. Os volantes Gabriel e Maycon foram denunciados pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD) e podem ser suspensos pelo órgão. Em relação à recepção hostil da delegação alvinegra no estádio, com direito a para-brisa de ônibus quebrado por uma garrafa, não há previsão de punição ao clube mandante.

Veja mais em: Majestoso, Violência no futebol e Torcidas organizadas.

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